Período de elaboração: 2021-2022
Escopo: Projeto de intervenção no complexo ferroviário de Cordeirópolis-SP com regularização fundiária de moradores da vila ferroviária. Explorou aspectos do patrimônio cultural e material e sua relação com o meio ambiente por meio da estruturação de corredores verdes irradiando da estação. Envolveu soluções de infraestruturas de contenção e de drenagem na área central e se integrou a programas municipais das secretarias relacionadas à infraestrutura, cultura, habitação, meio ambiente e desenvolvimento econômico. Partiu da leitura regional de sistemas de cidades formados por ferrovias e formulou um método de projeto para enfrentar problemas similares nesse sistema de cidades.
Parcerias: Prefeitura Municipal de Cordeirópolis-SP
População atendida (aproximada): 240 pessoas (diretamente) e 10.000 (indiretamente)
Área beneficiada (aproximada): 95.831,57 m² (diretamente) e 6.327.150,42 m² (indiretamente)
Coordenador e colaboradores: Jeferson Tavares (coordenador e responsável); Marcelo Montaño; Fabiana Cristina Severi; Cibele Saliba Rizek; Camila Moreno de Camargo
Orientações no IAU-USP: Ana Victoria Silva Gonçalves, Anna Laura Ribeiro Fiore, Anna Laura Pereira Rossi, Ana Paula de Castro Vieira, Bárbara Vizioli Matos de Andrade, Beatriz Kopperschmidt de Oliveira, Beatriz Varani Eleutério, Caroline Brassi Scapol, Cecília Videira, Cynthia Daiane Diniz, Denise Ortolani de Menezes, Gabrielle Gomes Coelho, Giovanna de Vitro Chiachio, Giovanna Navarro Miotto, Ingridth Sarah Hopp, Izabella Carvalho Franco de Salles, Janaina Matoso Santos, Juliana da Costa Oliveira, Luís Fernando P. Brito, Luiza Nascimento Gonçalves, Maria Beatriz Gallucci Menossi, Maria Brabo Silvestre Custodio, Mariana Blanco Gonzalez, Mariana Fernandes Minaré, Marília Gaspar de Souza Lima, Marina Bonesso Sabadini, Millena Cristina de Morais, Naiara Nunes Ribeiro, Natália Jacomino, Pedro Manfrinato Pavani Andrade, Rafaela Walder Pimentel, Vitor Rozante Porto, Vívian de Almeida Coró
Trabalhos técnicos: Pesquisa de campo, inventário participativo, reuniões com o prefeito, secretariado, técnicos e a comunidade para formulação do plano e do projeto (4), disciplinas de graduação, workshop. Envolvimento de gestores públicos, lideranças comunitárias, sociedade civil e técnicos
Recursos: USP: Comissão de Cultura e Extensão do IAU, Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária-PRCEU, Pró-Reitoria de Graduação-PRG, Pró-Reitoria de Pesquisa- PRP.
DESCRIÇÃO DO PROJETO
O projeto do Parque Ferroviário de Cordeirópolis-SP foi desenvolvido a nível de estudo de concepção em uma assessoria ao município. O projeto apresenta uma abordagem distinta ao propor, a partir da valorização do patrimônio cultural ferroviário, soluções para regularização fundiária e implementação de corredores ambientais na cidade. Dessa forma, a ação proposta torna-se referencial para a discussão sobre o planejamento integrado e sistêmico, sobretudo no contexto dos municípios de pequeno porte.
O projeto, no primeiro momento, era voltado para a regularização de aproximadamente 50 moradias precárias localizadas junto ao pátio da estação ferroviária, na área central de Cordeirópolis. Originalmente uma vila operária, a ocupação se expandiu irregularmente ao longo da área de preservação permanente (APP) do Ribeirão Tatu e da faixa non aedificandi de domínio da ferrovia. A área é marcada pela vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, no entanto, sua localização favorece a mobilidade e acesso aos serviços próximos, justificando a permanência da população como garantia do direito à cidade. A partir de investigações da área, foi evidenciado o abandono do conjunto ferroviário, elemento de grande importância histórica para a formação do município. Essa constatação levou à ampliação do projeto da escala habitacional para a escala urbana de intervenção. Assim, a infraestrutura ferroviária ganhou caráter multifuncional e interescalar, voltado para a preservação da memória, do meio ambiente e do direito à cidade.
Dessa forma, o partido desenvolvido estrutura-se a partir de um Parque Ferroviário, do qual irradiam corredores ambientais pelo tecido urbano da área central de Cordeirópolis. As questões habitacionais foram tratadas a partir de duas soluções:
a) na vila operária, foi indicada a recuperação das características originais das volumetrias, fachadas e telhados das moradias do patrimônio ferroviário, qualificando-as para a manutenção da população residente. A implementação dessas ações foi prevista a partir de uma parceria com o CAU-SP, por meio de editais de ATHIS.
b) as as áreas da União, APP e non aedificandi ocupadas irregularmente, foram indicados programas públicos de regularização fundiária. O reassentamento foi previsto apenas para algumas atividades comerciais, a serem acolhidas na galeria comercial e de serviços, que também receberá novos usos. A galeria será implantada nos edifícios históricos do complexo ferroviário (estação e armazém e casa de máquinas).
O desnível entre a área central e a área de intervenção, que hoje se conforma como uma barreira para a integração dessas áreas, é vencido por passarelas e elevadores para a conexão longitudinal e transversal. Para evitar riscos de deslizamentos, prevê-se contenções e sistemas de drenagem integrados com infraestrutura verde, que também constituem pequenos espaços de lazer ao longo da ferrovia.
Analogamente aos hortos florestais historicamente implementados pela Companhia Paulista, o projeto prevê a implantação de um viveiro, que sediará um centro de educação ambiental e produzirá mudas para a recuperação da APP.
Irradiados a partir do Parque Ferroviário, foram propostos corredores ambientais interligando os fundos de vales, praças, áreas de lazer e atividades culturais. Assim, constitui-se um sistema integrado de espaços livres, que contribui para o controle da poluição do ar e acústica; conforto ambiental; estabilização do solo; redução do escoamento superficial da água da chuva; abrigo à fauna; proteção dos mananciais; valorização visual ambiente; recreação e diversificação da paisagem.
Além do projeto urbanístico em si, que se torna o legado de um planejamento sistêmico e estrutural para o município, a proposta supera a divisão que inibe uma visão sistêmica das políticas públicas por meio da integração de políticas públicas setoriais pelo tema do patrimônio. Na escala regional, o objetivo é inspirar outros projetos, de maneira que espaços abandonados e desvalorizados constituam pontos irradiadores de uma cidade verde, caminhável e orientada pelos seus valores culturais.
PUBLICAÇÕES RELACIONADAS:
TAVARES, Jeferson C.. Projetos de urbanização no Estado de SP: universidade, sociedade e as cidades. Universidade de São Paulo. Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos, 2022. Disponível em: https://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/904.
TAVARES, J.; ROSSI, A. L. P. ; SANTOS, J. M. Prática urbanística e o papel da universidade: experiências integradas de ensino, pesquisa e extensão em três cidades do estado de São Paulo. ENANPARQ, 7, 2022, São Carlos. Anais… São Carlos: ANPARQ, 2022.
PROJETOS BOAS PRÁTICAS. Parque Ferroviário de Cordeirópolis. Disponível em: https://caubr.gov.br/eleicoes2022/?boas-praticas=parque-ferroviario-de-cordeiropolis
PRÊMIOS RECEBIDOS PELO PROJETO:
(2023) Rios Urbanos: projetos de urbanização no estado de São Paulo: universidade, sociedade e as cidades. Trabalho selecionado para o Guia Acadêmico para Agenda 2030. Instituições promotoras: UIA, IAB e ABEA.
(2022) Projetos em rede: os desafios do ensino a partir de assentamentos precários no estado de São Paulo. Boas práticas de ensino, extensão e TFG. Instituição promotora: CAU/SP.