PARQUE FERROVIÁRIO DE CORDEIRÓPOLIS-SP

 

Período de elaboração: 2021-2022

Parcerias: Prefeitura Municipal de Cordeirópolis-SP

Coordenação: Jeferson Tavares

Equipe: 

 

O projeto do Parque Ferroviário de Cordeirópolis-SP foi desenvolvido a nível de estudo de concepção em uma assessoria ao município. O projeto apresenta uma abordagem distinta ao propor, a partir da valorização do patrimônio cultural ferroviário, soluções para regularização fundiária e implementação de corredores ambientais na cidade. Dessa forma, a ação proposta torna-se referencial para a discussão sobre o planejamento integrado e sistêmico, sobretudo no contexto dos municípios de pequeno porte.

O projeto, no primeiro momento, era voltado para a regularização de aproximadamente 50 moradias precárias localizadas junto ao pátio da estação ferroviária, na área central de Cordeirópolis. Originalmente uma vila operária, a ocupação se expandiu irregularmente ao longo da área de preservação permanente (APP) do Ribeirão Tatu e da faixa non aedificandi de domínio da ferrovia. A área é marcada pela vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, no entanto, sua localização favorece a mobilidade e acesso aos serviços próximos, justificando a permanência da população como garantia do direito à cidade. A partir de investigações da área, foi evidenciado o abandono do conjunto ferroviário, elemento de grande importância histórica para a formação do município. Essa constatação levou à ampliação do projeto da escala habitacional para a escala urbana de intervenção. Assim, a infraestrutura ferroviária ganhou caráter multifuncional e interescalar, voltado para a preservação da memória, do meio ambiente e do direito à cidade.

Dessa forma, o partido desenvolvido estrutura-se a partir de um Parque Ferroviário, do qual irradiam corredores ambientais pelo tecido urbano da área central de Cordeirópolis. As questões habitacionais foram tratadas a partir de duas soluções:

a) na vila operária, foi indicada a recuperação das características originais das volumetrias, fachadas e telhados das moradias do patrimônio ferroviário, qualificando-as para a manutenção da população residente. A implementação dessas ações foi prevista a partir de uma parceria com o CAU-SP, por meio de editais de ATHIS.

b) as as áreas da União, APP e non aedificandi ocupadas irregularmente, foram indicados programas públicos de regularização fundiária. O reassentamento foi previsto apenas para algumas atividades comerciais, a serem acolhidas na galeria comercial e de serviços, que também receberá novos usos. A galeria será implantada nos edifícios históricos do complexo ferroviário (estação e armazém e casa de máquinas).

O desnível entre a área central e a área de intervenção, que hoje se conforma como uma barreira para a integração dessas áreas, é vencido por passarelas e elevadores para a conexão longitudinal e transversal. Para evitar riscos de deslizamentos, prevê-se contenções e sistemas de drenagem integrados com infraestrutura verde, que também constituem pequenos espaços de lazer ao longo da ferrovia.

Analogamente aos hortos florestais historicamente implementados pela Companhia Paulista, o projeto prevê a implantação de um viveiro, que sediará um centro de educação ambiental e produzirá mudas para a recuperação da APP.

Irradiados a partir do Parque Ferroviário, foram propostos corredores ambientais interligando os fundos de vales, praças, áreas de lazer e atividades culturais. Assim, constitui-se um sistema integrado de espaços livres, que contribui para o controle da poluição do ar e acústica; conforto ambiental; estabilização do solo; redução do escoamento superficial da água da chuva; abrigo à fauna; proteção dos mananciais; valorização visual ambiente; recreação e diversificação da paisagem.

Além do projeto urbanístico em si, que se torna o legado de um planejamento sistêmico e estrutural para o município, a proposta supera a divisão que inibe uma visão sistêmica das políticas públicas por meio da integração de políticas públicas setoriais pelo tema do patrimônio. Na escala regional, o objetivo é inspirar outros projetos, de maneira que espaços abandonados e desvalorizados constituam pontos irradiadores de uma cidade verde, caminhável e orientada pelos seus valores culturais.

 

PUBLICAÇÕES RELACIONADAS:

TAVARES, Jeferson C.. Projetos de urbanização no Estado de SP: universidade, sociedade e as cidades. Universidade de São Paulo. Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos, 2022. Disponível em: https://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/904.

TAVARES, J.; ROSSI, A. L. P. ; SANTOS, J. M. Prática urbanística e o papel da universidade: experiências integradas de ensino, pesquisa e extensão em três cidades do estado de São Paulo. ENANPARQ, 7, 2022, São Carlos. Anais… São Carlos: ANPARQ, 2022.

PROJETOS BOAS PRÁTICAS. Parque Ferroviário de Cordeirópolis. Disponível em: https://caubr.gov.br/eleicoes2022/?boas-praticas=parque-ferroviario-de-cordeiropolis 

 

PRÊMIOS RECEBIDOS PELO PROJETO: 

(2023) Rios Urbanos: projetos de urbanização no estado de São Paulo: universidade, sociedade e as cidades. Trabalho selecionado para o Guia Acadêmico para Agenda 2030. Instituições promotoras: UIA, IAB e ABEA.

(2022) Projetos em rede: os desafios do ensino a partir de assentamentos precários no estado de São Paulo. Boas práticas de ensino, extensão e TFG. Instituição promotora: CAU/SP.