Êxitos e fracassos dos produtos das pequenas e médias empresas do setor de móveis hospitalares

Na América Latina, as pequenas e médias empresas (PMEs) são responsáveis por 67% dos empregos, segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), de 2103. Apesar da sua relevância para o sucesso do empreendedorismo, diversos estudos indicam que as PMEs encontram muitas dificuldades para desenvolver novos produtos e mantê-los no mercado.

Para entender os fatores críticos do êxito e do fracasso dos produtos das PMEs e indicar novos modelos de gestão no Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP), Paulo Carlos Kaminski e Jovany Uribe Ocampo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), apresentaram um artigo específico sobre o tema no VIII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, realizado recentemente em Uberlândia, Minas Gerais.

Focado nos setores metalmecânico, móveis hospitalares e dispositivos médicos, o estudo analisa o cenário mundial e propõe uma nova abordagem para o planejamento do PDP das pequenas e médias empresas deste segmento. Na introdução do trabalho destacam que o mercado é hoje marcado por alta competência, consumidores cada vez mais exigentes e rápidas transformações tecnológicas.

Neste cenário, ter a capacidade de criar produtos viáveis economicamente é vital para as empresas manterem a competividade a longo prazo. Hoje um Processo de Desenvolvimento de Produtos não pode ser visto apenas como um processo técnico ou de engenharia, mas como um processo de negócio, que passa por todas as áreas de conhecimento da empresa e envolve desde a pesquisa de mercado, passando pela produção até o consumidor final.

Uma pesquisa com 32 pequenas e médias empresas de sucesso, reunida no artigo “Knowledge transfer in product developpment processes: A case study”, de Paulo Kaminski, Antonio Oliveira e Tiago Marques, mostra três fatores principais para o desenvolvimento de um PDP eficaz: 1) alto grau de maturidade que permita relações em rede, principalmente entre fornecedores e clientes; 2) um departamento exclusivo de desenvolvimento de produtos que mantenha relações frequentes com empresas, universidades e centros de pesquisa; 3) ferramentas de gestão das atividades, com o uso de softwares de simulação de produtos, gerenciamento de dados, análises de valor, entre outros.

Kaminski e Ocampo lembram que é fácil entender, na teoria, que o alinhamento do produto com as necessidades reais dos usuários é determinante para o êxito dele no mercado. No entanto, é, na prática, que estão as barreiras que precisam ser superadas pelas PMEs. Segundo os autores do estudo, a estratégia do PDP envolve a articulação global da empresa e uma gestão eficaz dos portfólios de produtos, tendo como um dos principais elementos atender e suplantar as necessidades dos usuários e assim manter a essência dos recursos durante o desenvolvimento do produto. Este resultado só acontece com uma estrutura de gestão na qual as diferentes áreas da empresa interagem em prol de um produto de qualidade para o usuário final.

A íntegra do estudo está em
http://www.conem2014.com.br/ANAIS/PDFS/CONEM2014-0606.PDF