Design Thinking: modismo ou evolução

Forjado em 1987 por Peter Rowe, professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Harvard, o conceito de “design thinking”, ainda está envolto em muita euforia e modismos. Para mudar esta percepção e pensar o “design thinking” como algo academicamente sustentável e integrado às práticas globais de solução de problemas, os professores Paulo Carlos Kaminski e Renato Vizioli, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), apresentaram o estudo a “Evolução do “Design Thinking” e suas ferramentas”, no VIII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, realizado em Uberlândia, Minas Gerais, entre os dias 10 e 15 de agosto.

Os autores do trabalho identificam as características do “design thinking” metodologicamente, com comprovações, e defendem uma profunda revisão teórica para que ele continue a obter uma real vantagem competitiva e a criar valor agregado representativo ao usuário nos produtos desenvolvidos.

Kaminski e Vizioli destacam que “várias ferramentas ou técnicas surgiram na tentativa de melhor atender às necessidades dos profissionais que se encarregam do design”, mas muitas delas acabaram esquecidas ou englobadas por outras. Entre as que persistem e são utilizadas, eles elencam os mapas mentais, o design centrado no usuário, a prototipagem digital, o uso de modelos de teste simplificados, assim como o meio ambiente e a inclusão social ampla. Segundo eles, as atuais ferramentas do “design thinking” são importantes para definir “estratégias educacionais e de capacitação em empresas visando permitir uma inserção segura do Brasil neste novo cenário do design”.

Mapa conceitual e mapa mental (d)

Mapa conceitual e mapa mental (d)
 

Para os professores da Poli/USP, mais importante que o nome “design thinking” é fundamental compreender a evolução de design. “As diferenças entre o design convencional, que tradicionalmente se restringe à forma e à função definidos por um profissional com formação específica, e o “design thinking”, no qual características como o envolvimento do usuário e a percepção de seus desejos, o uso de ferramentas para captura de conhecimento e de experiências dos usuários, o uso de protótipos simplificados, a visão do problema como algo aberto e com soluções não triviais, a rigor distantes das médias estatísticas, parecem ser elementos suficientes para que haja uma distinção entre design e “design thinking” “, sustentam.

Kaminski e Vizioli destacam que a aplicabilidade destes conceitos no Brasil deve estar centrada em desenvolvimento de soluções de produtos e serviços. “A se tentar criar uma identidade como país, independentemente do setor cuja ênfase das soluções recaia, o Brasil precisa atentar para aspectos relevantes de sua cultura, ou seja, sua capacidade criativa, seus recursos abundantes e diversificados e suas vocações históricas”, sugerem.

Os professores da USP citam no estudo “Evolução do “Design Thinking” e suas ferramentas” as ideias do professor norte-americano Richard Buchanan sobre a estratégia da China em buscar sua identidade, saindo do modelo do design de artesanato, atividade milenar no país, e adotando um novo modelo de design, baseado em seus próprios valores, e atenta aos movimentos globais.

Paulo Carlos Kaminski e Renato Vizioli afirmam que o Brasil precisa de um grande investimento na área educacional e ter clareza sobre quais caminhos seguir. “A evolução da utilização do “design thinking” e a perspectiva de um limite, seja ele a integração em um grau mais global, os impactos nos níveis de consumo, os reais benefícios do ponto de vista dos usuários, das empresas, dos governos e do próprio ecossistema podem ser melhor percebidas em função da aplicação plena de seus conceitos e da análise de seus resultados, ou seja, das gerações de novos produtos e serviços e da forma como estes são absorvidos”, escrevem na conclusão do artigo.