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Bishop, Maurice

Aruba (Antilhas Holandesas), 1944 – St. George (Granada), 1983

Por Carlos Eduardo Martins

Filho de Rupert e Alimenta Bishop, Maurice Bishop foi o principal líder da experiência socialista de Granada e acabou executado durante o golpe de extrema-esquerda dirigido por Bernard Coard, que serviu de pretexto para a invasão de Granada pelos Estados Unidos.

Bishop iniciou-se na política pelo movimento estudantil secundarista, fundando com Coard, com quem estudava na Grenada Boy’s Secondary School, a Assembleia da Juventude de Granada pela Verdade. Em 1963, ingressou no curso de direito da London University, formando-se em 1966. Tornou-se, então, presidente da sociedade dos estudantes das Índias Ocidentais, ativista da Campanha Contra a Discriminação Racial (CCDR) e cofundador de um escritório de ajuda legal às comunidades das Índias Ocidentais em Notthing Hill.

Voltou a Granada em 1970, após curto período em Trinidad e Tobago, passando a atuar no movimento popular contra o governo de Eric Matthew Gairy. Participou da fundação do grupo Fórum, que reuniu a intelectualidade caribenha associada aos movimentos black power e socialista, do movimento popular conhecido como Jewel (sigla em inglês de Esforço Conjunto pelo Bem-Estar, Educação e Libertação) e do Movimento pelas Assembleias do Povo (MAP), que, em 1972, se fundiriam, transformando-se num partido político, o Novo Movimento Jewel (NMJ).

Maurice Bishop, do Partido Novo Movimento Jewel e Primeiro Ministro do Governo Revolucionário do Povo de Granada, em reunião com trabalhadores em 1982, em Dresden, na Alemanha (Ulrich Häßler/German Federal Archives/Wikimedia Commons)

 

Preocupado com as intenções de Gairy de utilizar os planos de independência da Grã-Bretanha para implantar uma ditadura militar, Bishop organizou a marcha de protestos que culminou no domingo sangrento, de 21 de junho de 1974, quando seu próprio pai foi morto. Nas eleições de 1976, vencidas por Gairy sob fortes suspeitas de fraude, tornou-se o principal líder da oposição. Diante da fascistização do Estado em Granada, aprofundou as relações com Cuba Fidel Castro, organizando a tomada do poder em 1979, por meio de um assalto ao poder. Como tinha forte apoio popular, as tropas leais a Gairy não esboçaram reação.

Bishop tornou-se primeiro-ministro, montando um governo de transição para o socialismo. Implantou um regime de economia mista, enfatizando os investimentos estratégicos do Estado em infraestrutura e um papel complementar para os investimentos privados. Com ajuda técnica e financeira cubana, e em parceria com empresas multinacionais, iniciou a construção de um aeroporto, para incrementar o turismo.

Nos quatro anos seguintes, o movimento popular continuou a se radicalizar e, em 1983, Bishop foi deposto por um golpe de Estado, chefiado por seu ex-aliado Coard. A população de Granada mobilizou-se em sua defesa e ele foi resgatado do presídio por uma passeata popular. Pouco depois, foi recapturado pelos ex-camaradas e fuzilado em 19 de outubro do mesmo ano, juntamente com vários ministros e antigos dirigentes do NMJ. Esse fato foi o pretexto para a invasão norte-americana de Granada.