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Fuentes, Carlos

Cidade do Panamá (Panamá), 1928 – Cidade do México (México), 2012

Por Flávio Aguiar

Considerado um dos mestres da narrativa mexicana, foi contista, ensaísta, roteirista de cinema, autor de obras para teatro, jornalista e professor. Ocupa um papel importante na literatura hispano-americana contemporânea por ter rompido com a narração linear. Essa característica é marca presente em seu primeiro livro, La región más transparente (1958), que em segunda edição tem prefácio do guatemalteco Miguel Ángel Asturias.

É justamente a temática do destino sociopolítico do universo mexicano que está em grande parte da obra, como em La muerte de Artemio Cruz (1962) e Terra nostra (1975), mescla de mito, história e ficção na antropogênese do homem hispano-americano, título pelo qual o escritor recebeu o Prêmio Rómulo Gallegos em 1977.

O envolvimento com questões políticas de seu país levou-o a criar outra organização partidária em oposição ao Partido Revolucionário Institucional (PRI) e à reiteração de um posicionamento contrário à atuação dos Estados Unidos, preocupação constante que gerou vários ensaios políticos, como Tiempo mexicano (1972) e El espejo enterrado (1993).

Desenvolveu atividade cultural intensa desde o início de sua trajetória literária com o lançamento do livro de contos Los días enmascarados (1954). Colaborou com Jaime García Terrés na edição das revistas Universidad de México El Espectador, publicou artigos sobre literatura, cinema e política nas revistas Mito, de Bogotá, e Orígenes, de Cuba. Participou como jurado do Prêmio Casa de las Américas em 1963, quando conheceu os escritores Alejo Carpentier José Lezama Lima. Por Cambio de pie (1967), livro proibido pela censura franquista, recebeu o prêmio Biblioteca Breve da editoria Seix Barral em Barcelona.

Dividiu com Octavio Paz a direção da Coleção Literária Obregón, codirigiu a Revista Mexicana de Literatura e assumiu a embaixada do México na França durante o período de 1972 a 1976. Escreveu ensaios críticos como La nueva novela hispanoamericana (1969), Casa con dos puertas (1971), Cervantes o la crítica de la lectura (1976), Valiente mundo nuevo: épica, utopia y mito en la novela hispanoamericana (1990), Geografía de la novela (1993), com prólogo de Tomás Eloy Martinez. Participou da geração do boom latino-americano ao lado de Mario Vargas LlosaGabriel García MárquezJuan Carlos Onetti Guillermo Cabrera Infante.

Expressou em Gringo viejo (1985) outra de suas grandes causas, a instabilidade social, política e cultural da zona limítrofe, livro sobre o qual afirmou ser “obviamente fronteiriço: a fronteira que pode ser ferida aberta ou cicatriz dolorosa, entre o México e os EUA, mas também o cansaço dos EUA, esse país faminto de novas fronteiras”. A atuação no mundo das letras concedeu-lhe os prêmios Alfonso Reyes (1979) pelo conjunto da obra, Cervantes (1987), Príncipe de Astúrias (1994) e Rubén Darío (1998). Morreu aos 83 anos, em 15 de maio de 2012.

Outras obras: Aura (1962); Instinto de Inez (2001). Em teatro: El tuerto es rey (1970); Orquídeas a la luz de la luna (1982).