Por Adriana Veríssimo

Fontes:
¹ Informações do Ministère des Outre-Mer
² Ethnologue: Languages of the World
³ Institute national de la statistique et des études économiques (INSEE)
⁴ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
⁵ CIA. World Factbook, 2006
⁶ DROM-COM

Guadalupe, também chamada de Ilha das Belas Águas, é um departamento francês, um arquipélago formado por Basse-Terre, Grande-Terre, Marie-Galante, La Desirade, Iles Les Saintes e Iles de la Petite Terre. É compartilhada por Holanda e França. Localiza-se entre o mar do Caribe e o Atlântico norte, a sudeste de Porto Rico. A capital, Basse-Terre, considerada sua base administrativa, abriga o vulcão Soufrière, ainda ativo, com 1.467 metros de altura, que entrou em erupção nos anos 1970.

Basse-Terre, na parte ocidental, e Grande-Terre, na oriental, estão separadas pelo rio Salée (Salgado). Em Grande-Terre reside a maioria da população e concentra-se boa parte da atividade econômica. Point-à-Pitre, localizada nessa ilha, é o centro econômico e cultural de Guadalupe. O clima da região é tropical, de umidade moderada, com praias e arrecifes de corais. Os furacões são comuns, especialmente entre os meses de junho e outubro, e prejudicam a economia.

Guadalupe é um departamento ultramarino francês. O prefeito é nomeado pelo presidente francês, por indicação do ministro do Interior. Há dois conselhos, um geral e outro regional, com representantes eleitos pela população. Escolhidos, eles elegem o presidente de cada uma das câmaras. O prefeito representa o Poder Executivo e os conselhos representam o Legislativo. Guadalupe tem quatro deputados e dois senadores no Parlamento francês. 

Desde março de 2001, Jacques Gillot, do Partido Socialista, é o presidente do Conselho Geral de Guadalupe, cargo para o qual foi reeleito quatro vezes consecutivas. Nos três primeiros pleitos, contou com o apoio de Victorin Lurel, presidente do Conselho Regional e homem forte da esquerda na ilha. Nas eleições de 2011, no entanto, a esquerda rachou, dividindo-se em “esquerda moderna”, de Gillot, e “esquerda tradicional”, de Lurel.

Há movimentos de pressão importantes para a autonomia, entre eles o Movimento Cristão para a Libertação de Guadalupe (MCLG), o Movimento para a Independência de Guadalupe (MIG) e o Movimento de Renovação Socialista (MRS). Em 2007, as ilhas de San Bartolomeu e San Martín se separaram de Guadalupe e se converteram em coletividades de ultramar, com administração independente. As ilhas dos Santos (Iles Les Saintes) aguardam o referendo para saber se seguem unidas ou não a Guadalupe.

Os movimentos sociais são representados principalmente pela Federação dos Trabalhadores de Guadalupe (FTG), ligada à CGT francesa, e pela União Geral dos Trabalhadores de Guadalupe (UGTG). Suas principais agremiações políticas são o Partido Comunista de Guadalupe (PCG), o Partido Socialista (PS), a Federação do Partido Socialista de Guadalupe (FPSG), dissidência do PS, o Partido Radical de Esquerda (PRE), o Partido Democrático Progressista de Guadalupe (PDPG), a União por uma França Democrática (UFD) e a União por um Movimento Popular (UMP).

A Universidade das Antilhas e da Guiana, em Point-à-Pitre, tem cerca de 12 mil estudantes divididos em cinco campi : dois em Guadalupe, dois na Guiana Francesa e um na Martinica. O índice de alfabetização dessa região é alto, abrangendo cerca de 90% da população. É comum encontrarmos nomes da literatura caribenha vindos de Guadalupe, a começar pela importante escritora Maryse Condé.

 

Economia

O turismo é a principal fonte de renda, seguido pelo setor de serviços. O cultivo de cana-de-açúcar e de banana, os principais produtos da agricultura local, está em declínio. Guadalupe depende da importação de comida, combustível, roupas, automóveis e materiais de construção. A França é seu principal parceiro comercial. Suas indústrias mais importantes são as do rum, do açúcar e da construção civil. Entre os anos 1950 e 1970, Guadalupe teve altas taxas de desemprego, baixo desenvolvimento e superpopulação, o que levou o governo francês a estimular a migração para a França.

Em 2015, o desemprego afetava cerca de 30% da população economicamente ativa. Na década de 1990, em razão da baixa demanda externa pelas bananas, devido à concorrência com as multinacionais americanas que administram as plantações da América Central, houve várias greves de trabalhadores. Os confrontos entre manifestantes e policiais são acontecimentos comuns nos centros urbanos de Guadalupe. A moeda oficial é o euro e Guadalupe faz parte da União Europeia desde 1992. 

Em 2012, Guadalupe tornou-se membro associado da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (Cepal). Em 2014, o território ingressou na Associação de Estados do Caribe e, no ano seguinte, solicitou sua entrada na Comunidade do Caribe (Caricon). 

 

História

Cristóvão Colombo descobriu a ilha em 1493 e a batizou de Santa Maria de Guadalupe, por causa de uma promessa feita a monges espanhóis de que daria o nome dessa santa às terras que descobrisse. Os caribes, que habitavam as ilhas, desapareceram rapidamente em razão do contato com as tropas espanholas que faziam escala nessa região para se abastecer de água e disseminavam entre os índios epidemias e o álcool. Os caribes tinham eliminado os aruaques, índios que viveram nessas ilhas entre os séculos III e IX.

Os franceses instalaram-se em Guadalupe em 1635 e desenvolveram uma atividade econômica baseada no açúcar e na mão de obra escrava. Por esse motivo, no final do século XVII, entre os 40 mil habitantes das ilhas, havia mais de 26 mil negros e 9 mil brancos, além dos índios remanescentes e dos mulatos. Durante o século XVIII, favorecidos pela turbulência na metrópole desencadeada pela Revolução Francesa, e no início do XIX, os britânicos invadiram o arquipélago.

Com a derrota final de Napoleão, Guadalupe retornou ao domínio francês. Em 1848, foi abolida a escravidão com a intervenção do político Victor Schoelcher. Isso significou a libertação de 87 mil escravos. Desde 1871, Guadalupe tem representantes no Parlamento francês, e, em 1946, tornou-se um departamento ultramarino. No século XX, recebeu imigrantes da Síria, do Líbano e da França. No início dos anos 1960, líderes de esquerda, comunistas e entidades de classe levantaram a bandeira da independência e estimularam várias greves e mobilizações. Nos anos 1980, o governo francês manteve o estatuto das ilhas, mas passou a investir na sua autossuficiência. Nos anos 1990, o tema da independência cedeu lugar para a cultura da negritude e a consciência sobre a preservação e a revalorização do legado cultural dos antepassados.

 

 

Bibliografia

APPANAH-MOURIQUAND, Natacha et al. Patrimoine créole. Geomagazine. Paris: Prisma Presse, n. 309, nov. 2004. p. 59-108.

ENCICLOPÉDIA DO MUNDO CONTEMPORÂNEO. 3. ed. revisada e atualizada. Rio de Janeiro/São Paulo: Terceiro Milênio/Publifolha, 2002.

THE NEW ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA INC. London: Encyclopaedia Britannica, v. 7, 1985.

Indicadores demográficos de Guadalupe

	1950	1960	1970	1980	1990	2000	2010	2020*
População (mil habitantes)	210	275	319	326	385	425	459	480
Densidade demográfica  (hab./km²)	123	161	187	191	226	250	269	282
População urbana (%)¹	35,80	59,44	79,38	91,00	96,37	98,40	98,41	98,46
População rural (%)¹	64,20	40,56	20,62	9,00	3,63	1,60	1,59	1,54
Participação na população  latino-americana (%)***	0,13	0,12	0,11	0,09	0,09	0,08	0,08	0,07
Participação na população  mundial (%)	0,008	0,009	0,009	0,007	0,007	0,007	0,007	0.006

Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision 

* Projeção. | **Estimativas por quinquênios. | *** Inclui o Caribe.

Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados ou no documento indicado.

 Mapas

 Conteúdo atualizado em 08/06/2017 20:12