As zoonoses são doenças transmitidas naturalmente de animais para pessoas e consistem na maioria das novas doenças infecciosas, assim como em algumas já existentes. Essa transmissão dos animais para as pessoas pode ocorrer através do ambiente e de alimentos ou pelo contato direto com os animais.

Os surtos de doenças infecciosas estão cada vez mais comuns, como resultado das rápidas e extensas mudanças globais que se inter-relacionam e das alterações em torno das populações humanas, de outros animais (silvestres ou domésticos) e do ambiente natural. Por consequência, podem dar origem a processos que alteram o frágil equilíbrio e a interação complexa entre as populações humanas, os animais e os ecossistemas, chegando ao ponto de criar condições para que ocorram surtos de novas doenças infecciosas em animais e, inclusive, em humanos.

São vários os fatores decorrentes das extensas mudanças globais que facilitam o surgimento e a disseminação de novas doenças infecciosas, como as densas populações humanas, os grandes aeroportos de conexões, as alterações no clima, no manejo da água, na fiscalização dos riscos associados a viagens internacionais e importações, nos métodos de criação de animais para consumo e na oficialização de mercados onde as pessoas podem comprar animais silvestres para o consumo.

Nos últimos anos, temos tratado as pandemias simplesmente reagindo à crise. Assim que elas acontecem, apenas esperamos que uma vacina ou medicamento seja desenvolvido de forma rápida. Entretanto, além de trabalharmos na resposta, precisamos começar a trabalhar na prevenção. Uma das maneiras de prever doenças zoonóticas é voltar a pesquisar locais onde as populações humanas vêm alterando mais fortemente os ambientes naturais, desde áreas urbanas até aquelas onde são desenvolvidas atividades agrícolas de larga ou pequena escala. De forma complementar, é importante monitorar também o ambiente silvestre ainda preservado.

Ao mesmo tempo em que o Brasil é um país megadiverso, as atividades humanas favorecem a rápida alteração de habitat, o consumo de caça e o tráfico de animais silvestres, aumentando, dessa forma, a possibilidade de interações entre populações humanas e a fauna silvestre.

O PREVIR, Rede Nacional de Vigilância de Vírus em Animais Silvestres, tem a finalidade de melhorar a saúde mediante o contexto da Saúde Única ou “One Health”, que reconhece as inter-relações entre as pessoas, animais, plantas e o ambiente em que eles são inseridos, formando uma única saúde. Com o PREVIR, serão investigados a correlação entre a perda e a alteração de habitat, a proximidade de populações humanas, a biologia de espécies silvestres, a existência de patógenos circulantes e o potencial pandêmico dos patógenos identificados. Assim, o PREVIR atua não somente num contexto de saúde única em âmbito nacional, mas também prevenindo e alertando sobre possíveis patógenos pandêmicos.

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