Apresentação

“Por uma política de preservação da memória
da docência e da pesquisa na USP”

Ana Maria de Almeida Camargo
Johanna Wilhelmina Smit

A Universidade de São Paulo é hoje, indiscutivelmente, um importante centro de referência de ensino e pesquisa, seja em âmbito nacional ou internacional. A documentação de suas atividades finalísticas, no entanto, tem sido relegada a segundo plano, ou seja, o dia-a-dia do ensino e da pesquisa – representado por cadernos de campo, anotações, projetos para solicitação de apoio a agências de fomento, roteiros de aula, recursos didáticos etc. – não é contemplado por nenhuma política institucional de preservação: é considerado parte do “patrimônio pessoal” dos docentes e pesquisadores, e as unidades não sabem que destino dar a esse material por ocasião de sua aposentadoria ou falecimento. Parte significativa da memória universitária fica, portanto, sujeita ao acaso, correndo sérios riscos de eliminação em vista de nossa crônica falta de espaço.

O Arquivo Geral da USP identificou, mediante levantamento preliminar e alimentação de banco de dados especialmente criado para esse fim, uma série de iniciativas de constituição de “memórias locais”, marcadas pela descontinuidade e, não raras vezes, pela adoção de soluções improvisadas quanto à organização de documentos. Apesar de louváveis, tais iniciativas pouco contribuem para que se tenha uma visão de conjunto das práticas cotidianas que, no cumprimento de sua missão, caracterizaram a trajetória da USP e, por extensão, de parcela significativa da comunidade científica brasileira.

Diante desse diagnóstico, revelador de um cenário multifacetado e incompleto, o Arquivo Geral propõe-se a elaborar uma política de preservação dos documentos gerados pelas rotinas de ensino e pesquisa da instituição, na certeza de que constituem elementos basilares para a compreensão de nossa história institucional.