Projeto Memória Docente Arquivo Geral da USP
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Metodologia

“Por uma política de preservação da memória
da docência e da pesquisa na USP”

José Francisco Guelfi Campos
Lílian Miranda Bezerra

Em ação: metodologia e procedimentos

Tendo em vista o caráter exploratório do projeto e o prazo para sua realização, limitamos nossa área de observação à Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, contemplando as 26 unidades acadêmicas nela localizadas1.

Condicionados pelo tempo e pelos recursos humanos disponíveis, estabelecemos alguns critérios: a documentação deveria estar fisicamente alocada nas referidas unidades, além de pertencer, preferencialmente, a um docente/pesquisador já sem vínculo com a universidade, razão pela qual priorizamos os professores que não optaram pelo enquadramento de “colaborador sênior” após a aposentadoria.

Com o intuito de imprimir maior coerência ao trabalho e garantir certa padronização das informações coletadas, optamos por realizar visita presencial2 a cada uma das unidades em lugar de realizar a pesquisa por meio de questionário. Para tanto, tomamos as seguintes iniciativas:

  1. elaboramos uma ficha para a identificação dos acervos e para o registro dos documentos;
  2. remetemos ofício protocolado aos dirigentes das faculdades e institutos informando sobre o projeto e pedindo autorização para adentrarmos os prédios. Solicitamos ainda a designação de funcionários como nossos interlocutores. Paralelamente, cópias do mesmo ofício foram encaminhadas por e-mail a todos os assistentes acadêmicos, diretores de bibliotecas e presidentes de comissões setoriais do Sistema de Arquivos da Universidade de São Paulo (SAUSP);
  3. realizadas as designações, foram feitos os primeiros contatos para estabelecer o período mais conveniente para a realização das visitas;
  4. definida a ordem de visitação das unidades e agendadas as datas, passamos a executar o trabalho de campo.

Para a execução do trabalho de campo, compusemos uma equipe formada por 4 estagiários e 2 coordenadores que atuaram em dois turnos (manhã ou tarde). Os estudantes selecionados passaram por treinamento específico, cujo programa abarcou conteúdos relacionados à história da USP, caracterização das instituições voltadas para a preservação da memória (bibliotecas, arquivos e museus), princípios básicos da arquivologia, função e missão do SAUSP e do Arquivo Geral, definição dos documentos de arquivo, especificidades dos arquivos pessoais, o projeto em pauta e a organização do trabalho3.

Em campo, os servidores designados como nossos interlocutores atuaram como verdadeiros facilitadores no contato com demais funcionários, apresentando a equipe do projeto nos departamentos e laboratórios de cada unidade. Via de regra, consultamos bibliotecários, secretários de departamento e assistentes acadêmicos a respeito da existência de conjuntos documentais deixados por professores aposentados ou falecidos. Contamos ainda com seu auxílio na divulgação (via e-mail e/ou verbalmente) da iniciativa e foi graças à gentil colaboração daqueles que nos receberam durante as visitas que professores de diversas áreas nos contataram, dispostos a compartilhar conosco seus próprios arquivos, bem como documentos legados por seus orientadores ou colegas de trabalho, muitas vezes nos oferecendo depoimentos emocionados sobre a convivência com eles.

Evidentemente, a organização física e descrição minuciosa4 dos documentos não figuraram entre nossos objetivos, tampouco a guarda centralizada no Arquivo Geral (os documentos permaneceram nos locais em que se encontravam). Contudo, para representar o conteúdo de cada acervo foi preciso estabelecer categorias genéricas para a classificação dos documentos, quais sejam:

  • discência
  • docência e pesquisa
  • gestão
  • identificação
  • vida funcional
  • outros documentos

Contudo, estas categorias foram delimitadas a partir da leitura dos documentos com os quais nos deparamos e figuraram como objeto de reflexão ao longo de boa parte do trabalho de campo, razão pela qual os arquivos visitados no início do levantamento tiveram seus documentos enquadrados, preferencialmente, na atividade docência/pesquisa, subatividades “Executar projeto de pesquisa” e “Propor e ministrar disciplinas”.

De outra parte, cumpre frisar que no caso dos acervos que já dispunham de algum instrumento de pesquisa, o trabalho foi realizado tomando por base as informações registradas nestes materiais e, eventualmente, com consulta aos responsáveis por sua custódia com vistas a sanar alguma dúvida ou pendência.

De modo a sistematizar as informações coletadas e torná-las públicas, concebemos o Banco de Dados DOCERE, que em seu módulo de consulta permite ao usuário pesquisar as fichas de descrição dos arquivos por meio de diferentes pontos de acesso (instruções podem ser encontradas na seção “materiais de apoio”). Entretanto, vale ressaltar que: 1. os acervos foram inseridos no banco em função do local em que se encontravam, deste modo, poderá haver desconexão entre a unidade/órgão de atuação do docente e o lugar em que sua documentação está alocada; 2.  nem todos os acervos estão abertos para consulta presencial, dado que muitos deles se encontram sem qualquer nível de organização ou processamento técnico. Recomendamos, assim, atentar para as condições de acesso em cada caso.

O trabalho de alimentação do banco de dados, realizado pelos estagiários, passou por revisão, ocasião em que procedemos ao controle e à padronização do vocabulário empregado para designar os formatos, espécies, tipos documentais e objetos. A lista dos termos adotados e de seus correspondentes também se encontra disponível na seção “materiais de apoio”.

Notas:

1 – Ainda que esteja localizada na Cidade Universitária, a FOFITO (Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional) não foi incluída nesse projeto por integrar a estrutura da Faculdade de Medicina. As demais unidades da USP sediadas na cidade de São Paulo, bem como aquelas instaladas no interior do estado, são objeto da pesquisa de mestrado “Preservando a memória da ciência brasileira: os arquivos pessoais de professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo”, conduzida por José Francisco Guelfi Campos, sob orientação da Profa. Dra. Ana Maria de Almeida Camargo e financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. As informações sobre essas unidades serão, oportunamente, incorporados ao banco de dados do Arquivo Geral.

2 – Entre os meses de março e setembro de 2013 foram realizadas 220 visitas.

3 – O treinamento foi ministrado por: Ana Maria de Almeida Camargo, Edison de Carvalho Macedo, Elisabete Marin Ribas, Johanna Wilhelmina Smit, José Francisco Guelfi Campos, Lílian Miranda Bezerra e Silvana Karpinscki, entre os dias 30/1 e 5/2/2013.

4 – Optou-se por mensurar a extensão dos acervos, preferencialmente, em metros lineares adotando arredondamento das casas decimais sempre para cima. Para o estabelecimento das datas-limite consideramos, sempre que possível, datas exatas, no entanto, em acervos muito volumosos e sem tratamento técnico, adotamos registro em décadas. Em alguns outros casos não foi possível apurar as datas.