Projeto Memória Docente Arquivo Geral da USP
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Projeto

“Por uma política de preservação da memória
da docência e da pesquisa na USP”

José Francisco Guelfi Campos
Lílian Miranda Bezerra

As celebrações costumam trazer à tona o tema da memória. Com a aproximação do 80oaniversário da USP não foi diferente, tanto que sua Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) vem lançando, desde 2012, editais voltados para o financiamento de iniciativas destinadas ao estudo e à difusão da memória da instituição. Tendo em vista que a preservação de arquivos pessoais de professores (os quais mais proximamente representam o cotidiano da docência e da pesquisa) configura um problema real e pouco explorado na universidade, o Arquivo Geral reuniu um grupo composto por docentes e funcionários de diferentes unidades e de um aluno de pós-graduação1 para elaborar o projeto do qual, por meio desse site, apresentamos os resultados.

Sobre o projeto: objetivos e justificativa

Quando um professor se aposenta ou falece, para onde vai o material por ele acumulado em sua sala ou em seu laboratório? Para alguns a pergunta pode parecer ingênua ou até mesmo descabida. Mesmo sabendo que muitos docentes recolhem seus documentos quando deixam o quadro funcional da universidade, trabalhávamos com a hipótese de que parte desses arquivos permanecia na USP. O contato com funcionários e professores de diversas unidades deu lastro à nossa suposição e, assim, comprovamos sua pertinência.

Cientes da zona de penumbra em que se encontram esses arquivos, propusemos à PRCEU uma pesquisa de caráter exploratório, com os seguintes objetivos:

  • detectar acervos de docentes/pesquisadores aposentados e/ou falecidos, preservados em espaços da USP mas (ainda) não reconhecidos institucionalmente enquanto traços remanescentes da atividade docente;
  • identificar e diagnosticar, ainda que de forma genérica, os tipos documentais que, ao longo do tempo e sem orientação institucional, foram sendo preservados pelos docentes/pesquisadores;
  • divulgar a existência desses acervos em um guia virtual, acessível à comunidade uspiana e ao público em geral;
  • reunir elementos para a discussão sobre a necessidade de institucionalização de uma política de memória da atividade docente na USP.

Criada em 1934, a USP se consolidou no Brasil e no exterior como polo de excelência em ensino e pesquisa, figurando entre as mais reconhecidas universidades do mundo, como demonstra sua avaliação em rankings internacionais. Desde seu ato fundacional, a Universidade de São Paulo se preocupa com a qualidade de seu corpo docente, pressupondo a criação de regime de trabalho voltado à dedicação integral às atividades de docência e pesquisa. Contudo, o destaque conferido a tais atividades não encontra respaldo na atual política de preservação da memória institucional, hoje mais representada por suas ações administrativas (através dos documentos delas decorrentes, gerenciados por sistemas eletrônicos e preservados para a posteridade em cumprimento às determinações legais) que por suas ações finalísticas: ensino, pesquisa e extensão.

O que está em jogo neste caso, e é foco deste projeto, é a preservação de parte significativa da história e da memória universitárias. A inexistência de política específica voltada para os arquivos de professores, certamente, já ocasionou perdas irreparáveis, redobrando a necessidade de salvaguardar o que está em vias de se perder e assinalar medidas visando a iniciativas em curto e médio prazo.

Notas:

1 – A equipe responsável pela elaboração do projeto foi composta por: Ana Maria de Almeida Camargo (docente, FFLCH), Dina Elisabete Uliana (bibliotecária, FAU), Elisabete Marin Ribas (especialista em laboratório, IEB), Johanna Wilhelmina Smit (docente, ECA/AG), José Francisco Guelfi Campos (mestrando, FFLCH), Lílian Miranda Bezerra (especialista em laboratório, AG) e Silvana Karpinscki (especialista em pesquisa e apoio de museu, MAC).