As origens do Artigo Científico

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É difícil precisar exatamente como surgiu o artigo científico na forma que o conhecemos hoje. Há várias pistas que de alguma forma mostram como pode ter evoluído até a sua presente forma. Desde a filosofia grega, documentos expondo teses eram apresentados na forma de discursos ou diálogos, onde geralmente o autor apresentava sua tese e a debatia com um ou vários interlocutores, numa abordagem dialética. Estes estão entre os mais antigos textos a expor idéias e principalmente o raciocínio de seus idealizadores. Estima-se que a Grande Biblioteca de Alexandria continha por volta de 1.000.000 de obras em papiro, destruídas em 391*, que continha todo o conhecimento escrito do mundo antigo. Lá eram criadas as doxografias (δόξα = opinião + γραϕή = escrito) que eram compilações dos grandes filósofos. Equivalentes a reviews de filosofia.

Da idade média ao renascimento, os responsáveis pela transmissão do conhecimento no mundo ocidental eram basicamente os membros do clero, em especial nas Universidades e por meio do trabalho dos monges copistas, que ao contrário do que se acredita, não produziam só bíblias, mas traduziam e copiavam textos antigos  do latim, grego e árabe também.

As idéias iluministas, que começaram a ganhar força desde o século XVII, remodelaram o pensamento ocidental, já que valorizava o conhecimento crítico para a melhoria do Estado e da Sociedade, retornando ao conceito aristotélico do triunfo da Razão sobre a Fé. Houve uma grande busca por todo o tipo de conhecimento humano, resgatando o que se conhecia até então com um intuito de se educar a mente, que foi a bandeira dos enciclopedistas (educação circular, para benefício da Sociedade). Essa maneira de pensar, gerou uma série de agremiações, grupos de discussão, e sociedades, que reuniam periodicamente os mais abastados para debater determinados assuntos, entre os quais estavam incluídas as ciências naturais. Não eram raros nessas reuniões (que ocorriam em palácios, mansões ou até mesmo em casa de chá ou tabernas), que se relatassem observações, viagens e ponderações em monólogo ou não. Como os debates se alongavam demais, muitas vezes, e quem nem todos os membros podiam comparecer às “seções de discussão”, eram transcritas atas dessas reuniões que lhes eram enviadas e/ou guardadas nos locais onde ocorriam.

Em 1665 surgiram dois periódicos, um na França (Journal des Scavants, literalmente Jornal dos sábios) e o Philosophical Transactions na Inglaterra. Estes podiam ser adquiridos por quem assim o desejasse, e contribuíram muito para a popularização do pensamento científico.

fonte: wikipedia

Mote: “Fazer conhecer o que acontece de novo na República das Letras“

Mote: “Giving some accompt of the present undertakings, studies, and labours of the ingenious in many considerable parts of the world.”

Com o passar do tempo, já no século XVIII, o conhecimento era tão vasto e variado que começou a se fragmentar e as sociedades científicas começaram a pulular abordando temas cada vez mais específicos, foi quando começaram a germinar as áreas distintas do conhecimento científico como as conhecemos hoje.  Todas elas transcreviam seus discursos e memórias, sendo que entre os séculos XVIII e XIX já havia algo em torno de 1000 jornais.. Hoje em dia esse número passa dos 100 000!

Um outro marco na história do artigo científico foi inaugurado por Pasteur e Koch em meados de 1900. Seus experimentos e observações eram tão elaborados e inovadores para a época, que necessitavam de uma seção em suas descrições somente para explicar como seus experimentos eram feitos. Eles criaram (ou pelo menos a eles isso é atribuído) a estrutura de texto conhecida como I.M.R.D. (Introdução, Método, Resultados, Discussão) que permanece até os dias de hoje. Atualmente a complexidade dos experimentos é tão grande que a maioria dos jornais destina-lhes uma área exclusiva em formato digital, conhecida por E.S.I. (Electronic Supplementary Informations).

O que vem por aí? O abandono do papel como veículo e o uso da internet e formatos digitais, já é uma realidade que estamos vivendo neste exato momento!

 

 

*Há controvérsias sobra essa data e sobre as razões do incêndio.