Desde a década de 1970, docentes do Programa publicaram centenas de livros tratando dos mais variados temas pertinentes à filologia e à língua portuguesa.

Nestas páginas destacamos alguns desses títulos, escritos entre 1990 e 2020, com ligações para as editoras ou edições eletrônicas, quando possível.

Essa lista está longe de ser representativa de tudo o que poderia ser destacado – ela reflete, apenas, um momento inicial do resgate da memória do Programa. É um trabalho em constante construção!

Se houver algum livro publicado ou organizado por docentes do Programa que você queira destacar e resenhar, fale conosco.

Veja também a lista completa dos 473 títulos.

Década de 1990

PINTO, E. P. O Português popular escrito. 1ª ed. São Paulo Editora Contexto, 1990

Edith Pimentel Pinto. O Português popular escrito (1990)

Publicada em 1990, a obra O português popular escrito, de Edith Pimentel Pinto, integra a coleção Repensando a Língua Portuguesa e traz com ineditismo para os estudos acadêmicos a linguagem das ruas e das cartas.

A autora apresenta análises e reflexões sobre um corpus constituído tanto por anúncios, avisos e panfletos veiculados nas ruas e nas feiras, quanto por cartas familiares.

Com vistas a estabelecer uma comunicação com o público, valorizando o produto ou serviço à venda, os panfletos, letreiros, cartazes e placas apresentam uma linguagem informal carregada de afetividade. Acentuação e ortografia não seguem a norma culta, mas isso não importa se o objetivo é apenas chamar a atenção do passante. A economia linguística se revela nas frases curtas. O texto busca o impacto imediato. O que vale é transmitir a mensagem.

As cartas familiares, escritas em português não padrão, no melhor estilo Central do Brasil, mostram aos leitores da obra características linguísticas que se afastam da gramática normativa, revelando o que há de mais natural nesse português popular escrito funcional. Trata-se de um modelo “adequado à situação em que se produz e à finalidade a que se destina”.

Edith Pimentel conclui que o português popular escrito constitui ele próprio um padrão a ser acatado. Um padrão forjado na competência entre emissor e receptor, importando apenas a plena eficácia da mensagem.

(resenha de Elis de Almeida Cardoso)

KEHDI, V. Morfemas do Português (Série Princípios). São Paulo: Ática, 1990

Valter Kehdi. Morfemas do Português (1990)

Apresentação dos morfemas da língua portuguesa, com as técnicas de depreensão das unidades, com vistas à compreensão dos processos de formação vocabular.

KEHDI, V. Formação de palavras em português (Série Princípios). São Paulo: Ática, 1992

Valter Kehdi. Formação de Palavras em Português (1992)

Complementa o primeiro volume, Morfemas do Português, de 1990. Ambos constituem a base de um curso semestral de morfologia estrutural da língua portuguesa.

Década de 2000

CORRÊA, M. L. G. Linguagem e comunicação social: linguística para comunicadores. 2ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009

Manoel Luiz Gonçalves Corrêa. Linguagem & Comunicação Social: Visões da Linguística Moderna (2003)

Em cursos de Comunicação Social, é imprescindível que se trabalhe com o confronto de várias concepções de linguagem, uma vez que elas estão sempre presentes nos produtos de comunicação dados a público. É preciso, ainda, lidar com as concepções de linguagem que os alunos trazem e pô-las em discussão, confrontando-as com outras. No entanto, em virtude da diversidade de áreas de estudo em Comunicação Social, nem sempre os conteúdos de Linguística são suficientemente aprofundados, o que talvez explique a relativa escassez de material de ensino como o que este livro apresenta. Destaca-se, nele, a urgência de se promover a reflexão sobre a linguagem verbal e de favorecer a prática de leitura e escrita dos alunos, procurando formar um leitor capaz de balizar os ganhos e as perdas quando se assume uma das várias visões da linguagem.

CORRÊA, M. L. G. O modo heterogêneo de constituição da escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2004

Manoel Luiz Gonçalves Corrêa. O Modo Heterogêneo de Constituição da Escrita (2004)

Abordando a relação falado/escrito, este livro reintroduz um discurso sobre a escrita que busca ser uma alternativa tanto à visão normativa – que considera a presença da oralidade na escrita como uma interferência indesejável – quanto à visão descritiva mais atual que, ao propor uma compartimentalização dos gêneros discursivos em um continuum, corre o risco de domesticar a heterogeneidade que ela própria reconhece como marcada em cada um desses gêneros. A perspectiva adotada desentranha de textos escritos o seu processo de produção, consistindo, fundamentalmente, em apreender marcas linguísticas da memória fragmentária das interações de que o texto é o registro, consideradas as representações que atuam no processo de (uma dada) escrita. O objetivo é favorecer intervenções mais eficazes no texto por parte do leitor (seja ele o escrevente ou o professor).

OLIVEIRA, M. Língua portuguesa em São Paulo: 450 anos. São Paulo: Humanitas, 2006

Marilza de Oliveira (Org.). Língua Portuguesa em São Paulo: 450 Anos (2006)

Esse livro é resultado dos trabalhos do Simpósio A Língua Portuguesa em São Paulo, voltado para graduandos e, principalmente, para os professores da rede municipal e estadual. Realizado na Biblioteca Mário de Andrade, o evento levava a academia para fora dos muros da universidade como forma de fazer as pesquisas acadêmicas transitarem com maior fluidez para as salas de aula, servindo de apoio para a reestruturação e melhoria do ensino da língua portuguesa. O livro é constituído de três partes: a primeira trata do povoamento do território paulista, os estudos dialetológicos e o português popular de São Paulo, fazendo a correlação entre ocupação do espaço e dialetação; a segunda tem por foco a alfabetização, o ensino da língua portuguesa e a produção escrita de alunos do Ensino Médio e de formandos em Letras. A esse propósito, discutiu-se o impacto das provas do ENEM no ensino, especialmente a parte da Redação, graças à disseminação de critérios avaliativos e à reaplicação das propostas temáticas em salas de aula. A terceira parte voltava-se para questões textuais e gramaticais, procurando evidenciar mudanças linguísticas impactantes do padrão culto da língua, e apresentava a capacidade preditiva das teorias linguísticas. Em suma, a coletânea de textos faz um panorama das pesquisas acadêmicas realizadas em três décadas pelas universidades paulistas, reforçando o elo e o compromisso com a sociedade paulista.

MEGALE, H. TOLEDO NETO, S. de A. (Orgs.). Por minha letra e sinal: documentos do ouro do século XVII. 1ª ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2006

Sílvio de Almeida Toledo Neto & Heitor Megale (Orgs.). Por Minha Letra e Sinal: Documentos do Ouro do Século XVII (2006)

Por Minha Letra e Sinal é o fruto de sete anos de pesquisas do Projeto Filologia Bandeirante. A partir do exame de manuscritos, os estudiosos obtiveram informações sobre a época das bandeiras e sobre a língua portuguesa do período. Além disso, identificaram, por meio de entrevistas, traços linguísticos que permanecem até hoje nas cidades erguidas sobre os antigos caminhos do ouro. Ao revelar parte fundamental do passado brasileiro, a obra torna-se referência para historiadores e linguistas.

ARAUJO, G. A. de. A Grammar of Sabanê, a Nambikwaran Language. Utrecht: LOT, 2006

Gabriel Antunes de Araujo. A Grammar of Sabanê, a Nambikwaran Language (2006)

O livro sobre a língua Sabanê (atualmente extinta) descreve e analisa um conjunto de características fonéticas e morfossintáticas desse membro da família Nambikwara. A descrição do sistema de tempo, aspecto e modo é constantemente citada por investigadores de todo o mundo, com especial atenção ao seu sistema morfossintático de marcação de evidencialidade.

ARAUJO, G. A. de. O Acento em Português: Abordagens fonológicas. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007

Gabriel Antunes de Araujo (Org.). O Acento em Português: Abordagens Fonológicas (2007)

O livro reúne dez artigos. No primeiro capítulo, Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida (USP) apresenta uma versão modernizada dos capítulos xxviii e xxix da Grammatica da Lingoagem Portuguesa de Fernão de Oliveira. Santiago-Almeida destaca exatamente os capítulos nos quais se apresenta a primeira descrição fonológica do fenômeno do acento em português. Waldemar Ferreira Netto (USP), no segundo capítulo, faz uma breve apresentação das hipóteses sobre o acento primário e defende que a relação entre acento lexical e seus correlatos podem não ser tão evidentes como amplamente defendido na literatura. No capítulo 3, Araújo (USP), Guimarães-Filho (USP), Oliveira (UCONN) & Viaro (USP) tentam desconstruir os argumentos amplamente empregados para desqualificar as proparoxítonas e mostram que as palavras com acento antepenúltimo entraram na língua de forma correlata às palavras oxítonas e paroxítonas. Maria Isabel Pereira (Univ. de Coimbra), no capítulo 4, faz o percurso do acento em latim até o sistema acentual do português. No capítulo 5, Massini-Cagliari (UNESP) discorre sobre o acento no português arcaico, investigando-o na perspectiva da teoria da otimalidade. Seung Hwa Lee (UFMG), no capítulo 6, apresenta uma análise unificada para o acento primário (verbal e nominal) no português também na perspectiva teórica da otimalidade. Sandalo & Abaurre (UNICAMP), no capítulo 7, apresentam uma análise do acento secundário no português brasileiro e no português europeu baseada na otimalidade. Luciani Tenani (UNESP), no capítulo 8, trata do papel do acento em contextos de bloqueio de processos segmentais e tece considerações sobre a organização rítmica e prosódica das variedades do PB e do PE. Gisela Collischonn (UFRGS), no capítulo 9, apresenta uma análise do papel do acento no nível da palavra e da frase no português, relacionando os fenômenos de epêntese, síncope, ditongação, sândi e haplologia com o acento. A aquisição do acento em crianças em fase de aquisição de linguagem é o tema tratado por Raquel Santana Santos (USP) no capítulo final.

Década de 2010

LIMA-HERNANDES, Maria Célia. Indivíduo, Sociedade e Língua – Cara, tipo assim, fala sério! São Paulo: Edusp, 2011

Maria Célia Lima-Hernandes. Indivíduo, Sociedade e Língua – Cara, Tipo Assim, Fala Sério! (2011)

Trata-se de um livro que estuda as conjunções comparativas do Português desde o século XIII ao XX, incluindo um estudo sincrônico com falantes cariocas entrevistados em dois momentos separados por um tempo de 20 anos. Demonstra o quanto a mobilidade e redes de contato pessoais interferem na adesão a novos usos linguísticos. Ao final, apresenta um estudo com adolescentes e pré-adolescentes paulistanos e suas atitudes linguísticas com relação ao uso da expressão “tipo assim”.

EANNINGS-WINTERLE, F.; LIMA-HERNANDES, M. C. P. (Orgs.). Português como Língua de Herança: A filosofia do começo, meio e fim. New York: Brasil em Mente, 2015

Felicia Jeannings-Winterle & Maria Célia Lima-Hernandes (Orgs.). Português como Língua de Herança: A Filosofia do Começo, Meio e Fim (2015)

Trata-se do primeiro livro brasileiro sobre o Português como Língua de Herança. Apresenta um panorama histórico do surgimento dos estudos sobre Língua de Herança no mundo. Trata dos aspectos teóricos e ensina como estudar línguas de herança.

ANDRADE, M. L. C. V. O.; GOMES, V. S. (Orgs.). História do português brasileiro: tradições discursivas do português brasileiro – constituição e mudança dos gêneros discursivos. São Paulo: Editora Contexto, 2018

Maria Lúcia C. V. O. Andrade & Valéria S. Gomes (Orgs.). História do Português Brasileiro. Tradições Discursivas do Português Brasileiro: Constituição e Mudança dos Gêneros Discursivos (2018)

Este volume de número 7 organizado em co-autoria trata das Tradições Discursivas do português brasileiro, focalizando a historicidade dos textos e da língua, a partir da análise de escritos jornalísticos, publicitários, administrativos , pessoais e de cunho religioso. Os autores se debruçam, assim, sobre editoriais, notícias, cartas de leitores, anúncios de jornais, além de documentos burocráticos coloniais, livros de família e manuscritos religiosos, compreendendo do século XVII aos dias atuais, e detectam formas e modelos através dos quais examinaram o que mudou e o que permaneceu nesses gêneros discursivos e na nossa língua. Trazendo reflexões para além do que os textos analisados apresentam em sua materialidade linguística, este volume evidencia ainda como mudanças sociais e da língua devem ser compreendidas em total conexão com fatores culturais, históricos e ideológicos no interior dos discursos.

TOLEDO NETO, S. de A. Foral de Mêda. Mêda (Portugal): Câmara Municipal de Mêda, 2019

Sílvio de Almeida Toledo Neto. Foral de Mêda (2019)

O livro compõe-se de duas partes distintas: um estudo de cunho filológico e histórico; e uma transcrição conservadora, lado a lado da reprodução fac-similar, do foral da vila de Mêda, em Portugal. O foral foi concedido à vila por D. Manuel I em 1519. Na ocasião de seu quinto centenário, publicou-se a presente edição.

Década de 2020

ANTONIO, J. D.; MÓDOLO, M. (Orgs.). Espanhol, línguas indígenas e português: múltiplos enfoques funcionalistas. 1ª ed. São Paulo: FFLCH-USP, 2020

Juliano Desiderato Antonio & Marcelo Módolo (Orgs.). Espanhol, Línguas Indígenas e Português: Múltiplos Enfoques Funcionalistas (2020)

Esta obra sintetiza trabalhos de vinte e um autores, de diferentes universidades brasileiras, sob o prisma do funcionalismo linguístico, enfocando as seguintes abordagens teórico-metodológicas: Gramática de Construções, Rhetorical Structure Theory (Teoria da Estrutura Retórica), Gramática Discursivo-Funcional, Abordagem Multissistêmica da Língua, Funcionalismo e Cognição. Os artigos apresentados trazem reflexões sobre assuntos múltiplos, em voga no quadro atual da Linguística Brasileira. Os organizadores esperam, com essa diversidade na unidade, trazer pesquisas significativas à baila, promovendo e ampliando, assim, o debate na área acadêmica e contribuindo para divulgar as novas tendências teóricas e desenvolvimentos da pesquisa sobre o funcionalismo. A obra é destinada a alunos de graduação, pós-graduação e professores-pesquisadores dos cursos de Letras e também a estudantes e profissionais de outras áreas correlatas que tomam a linguagem como objeto de estudo e reflexão.

RAMOS, J.; OLIVEIRA, M. de (Orgs.). História do português Brasileiro. Dialetação e povoamento da história linguística à história social. 1ª ed. São Paulo Contexto, 2021

Jânia M. Ramos & Marilza De Oliveira (Orgs.). História do Português Brasileiro. Dialetação e Povoamento: Da Históra Linguística à História Social (2021)

O livro desenvolve o tema da formação do português brasileiro (PB), a partir da dimensão dialetológica. Resultante do contato entre diferentes dialetos portugueses, consideramos o português brasileiro um novo dialeto surgido a partir do processo de mistura e nivelamento linguístico. Para mostrar tal concepção buscamos a contribuição de pesquisadores que têm se dedicado a marcas dialetais ou documentado mudanças linguísticas em uma área geográfica específica, em um período de tempo claramente definido, contextualizado política e socialmente. A originalidade da proposta está na percepção da diversidade dialetológica da matriz lusitana. Com efeito, os estudos comparativos entre PB e PE (português europeu) têm partido de uma concepção monolítica, com ênfase no padrão culto da língua constituído no eixo Coimbra-Lisboa. Para compreendermos a formação do PB é necessário olharmos para a diversidade linguística interna de Portugal, dado que o povoamento do Brasil foi realizado por pessoas não-escolarizadas e provenientes das áreas sententrionais, meridionais e insulares. A originalidade também está no fato de que a formação do PB é pensada a partir da rede social e da orientação teórica interdisciplinar, envolvendo a Sociolinguística, História da Língua e História Social do Brasil.