Pesquisas em andamento

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Doutorado

Felipe Marcondes da Costa

A partir do Atlas do Corpo e da Imaginação, livro publicado em 2013 e derivado da tese de doutoramento de Gonçalo M. Tavares, defendida em 2006, a pesquisa visa investigar o conceito de ligações. Concebido pelo autor português em outros momentos e ao longo do referido livro, trata-se de uma proposição para aproximação de ideias e/ou coisas – em suas palavras, “Uma teoria é um sistema de ligações, uma maneira racional de aproximar uma coisa ou uma ideia de outras” (2013, p. 509). O Atlas do Corpo e da Imaginação é composto de fragmentos, explorando ainda fotografias (a cargo do grupo Os Espacialistas), legendas (em que o autor explora mais o potencial poético que a mera descrição de imagens) e notas de rodapé (recurso típico do discurso acadêmico). Esses elementos formais em conjunto dão ensejo a uma leitura do conceito de ligações em funcionamento no próprio Atlas. No espírito dessa concepção de teoria, esta pesquisa lança mão das ligações como operador para (se) aproximar (d)o pensamento do autor a outras artes, reafirmando o potencial epistemológico destas. As reflexões de Tavares acerca do conhecimento contestam a hegemonia do textocentrismo como único modo válido de produção de conhecimento. Em consonância com esse modo de pensar tavariano e o manifesto interesse do autor por linguagens artísticas diversas, o trabalho que “materializará” o conhecimento gerado ao longo desta pesquisa será uma produção artística correspondente a uma tese: uma teoria que, expressa num trabalho artístico, refletirá as ligações potenciais do Atlas do Corpo e da Imaginação.

Mestrado

Victor Ávila Ferrasso

Título da dissertação: “O arquivo dança: memória e imaginação em Gonçalo M. Tavares”. De forma semelhante a Friedrich Nietzsche e Walter Benjamin, que sinalizaram a importância do estudo histórico não se contentar com a mera acumulação de dados, em uma chave positivista, a obra do escritor português Gonçalo M. Tavares, em diferentes momentos, inquire as relações entre o legado da memória cultural e a crise de memória que constitui o esfacelamento ético da modernidade e da contemporaneidade. Neste sentido, propomos a investigação dos livros Biblioteca, O senhor Brecht e o sucesso, Bucareste-Budapeste : Budapeste-Bucareste, A máquina de Joseph Walser e Diário da Peste – O ano de 2020, obras nas quais o autor demonstra, a partir de diferentes procedimentos formais e focalizações temáticas, uma percepção crítica da relação estabelecida entre as sociedades com suas próprias memórias culturais. A partir disso, será possível observar como a prática imaginativa na obra tavariana constitui um modo de enfrentamento do status atual da relação do sujeito com a história. Assim, Gonçalo M. Tavares será observado como artista capaz de fazer com que as produções culturais sejam mobilizadas para possibilitar uma nova forma de consciência histórica, na qual a memória cultural não se apresenta de forma estanque, mas, pelo contrário, de forma dinâmica, e, por isso, dançarina.