Enquanto instituição social e educativa [1], a Universidade produz sentidos que se sustentam no exercício permanente da crítica, na produção do conhecimento, com vistas ao processo de humanização, apesar das crises [2] a que está submetida. Na sociedade contemporânea evidencia-se cada vez mais o valor do conhecimento e, consequentemente, movimentos que têm valorizado a formação e o desenvolvimento profissional dos docentes do Ensino Superior.
O desafio de uma política acadêmica se expressa em ações que articulem a competência científica, ou seja, os conhecimentos/saberes técnico-científicos às demandas da sociedade atual. Neste contexto, é importante ressaltar que a USP, para além das proposições no âmbito do ensino e pesquisa, se constitui em espaço qualificado de formação de sujeitos históricos em que sua missão não se restringe à formação profissional, mas potencializa relações democráticas que incluam estudantes, servidores docentes e não-docentes e comunidade externa em perspectiva de ampliação da condição humana. Universidade que almeja estar na fronteira do conhecimento, a USP deve também ser a instituição na qual possam surgir demandas novas, importantes socialmente, mas ainda não percebidas pela sociedade.
Outra questão apontada refere-se ao significado dos termos adotados neste documento – “Formação e Desenvolvimento Profissional de Docentes”. O conceito de formação está associado a uma função social e, portanto, é susceptível a várias interpretações. No entanto, vários autores, dentre os quais Zabalza (2007)[3] , Marcelo Garcia (2009)[4], António Nóvoa (2002)[5] associam o conceito de formação ao de desenvolvimento profissional, que se liga a um discurso axiológico referente a finalidades, metas e valores e não ao meramente técnico ou instrumental.
Zabalza (2007 pontua que o desenvolvimento profissional de docentes envolve três dimensões (profissional, pessoal e institucional), que se inter-relacionam. Para Marcelo Garcia (2009, p.9) “[…] o desenvolvimento profissional se adequa melhor à concepção do professor enquanto profissional do ensino, […] tem uma conotação de evolução e continuidade que, em nosso entender, supera a tradicional justaposição entre formação inicial e continuada de professores”. Nóvoa (2002), ao analisar o debate sobre a formação de professores, desloca-o de uma perspectiva excessivamente voltada para as dimensões acadêmicas (áreas, currículos, disciplinas etc.) para uma perspectiva centrada no terreno profissional. Qualifica as práticas formativas, de cunho inicial e continuadas, em cinco dimensões: disposição pessoal (espaços de formação docente); composição pedagógica (autonomia e conhecimento profissional); interposição profissional (comunidades práticas de aprendizagem); proposição institucional (posição profissional/projeto educativo) e exposição pública (vários lócus formativos).
Nesse sentido, esta proposta parte de um quadro de referências sobre a formação e o desenvolvimento profissional, indicando princípios, métodos, abordagens e proposições.
[1] CHAUÍ, Marilena. A universidade pública sob nova perspectiva. Revista Brasileira de Educação, Set /Out /Nov /Dez 2003 Nº 24. [2] SANTOS, Boaventura de Sousa. ALMEIDA FILHO, Naomar de. A Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova. Coimbra, Portugal, 2008. http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/A%20Universidade%20no%20Seculo%20XXI.pdf [3] ZABALZA, Miguel A. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre, Artmed, 2007. [4] MARCELO Garcia, Carlos. Desenvolvimento Profissional Docente: passado e futuro. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, nº 8, p.7´22. jan/abr, 2009. [5] NÓVOA, António. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa, Educa, 2002.
Endereço