Lélia Gonzalez foi uma figura fundamental na intelectualidade e no ativismo social brasileiro, sendo uma pioneira na intersecção dos estudos de raça e gênero. Nascida em 1º de fevereiro de 1935, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Lélia cresceu em um contexto social marcado por desafios e oportunidades limitadas para pessoas negras e mulheres. Formou-se em História e Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara, que atualmente é a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde desenvolveu uma base sólida para sua carreira acadêmica e ativista.

Sua contribuição ao campo das Ciências Humanas e Sociais é vastamente reconhecida por seu trabalho inovador nas áreas de estudos de gênero, raça e etnicidade. Lélia Gonzalez foi uma das primeiras a explorar de forma abrangente a noção de “amefricanidade” — um conceito que ela criou para descrever e analisar a condição dos negros na América Latina, destacando as especificidades culturais e sociais da experiência afro-latina. Esse conceito reflete a complexidade da identidade negra na região e propõe uma perspectiva crítica para entender a intersecção entre racismo, colonialismo e cultura.

Além de seu trabalho acadêmico, Lélia Gonzalez teve um papel ativo em movimentos sociais e políticos, sendo uma das vozes mais proeminentes no feminismo afro-latino-americano. Ela abordou questões de desigualdade racial e de gênero com uma abordagem profundamente crítica e inovadora, desafiando normas estabelecidas e promovendo a visibilidade das questões afro-brasileiras e afro-latino-americanas.