Leticia Artiles Visbal
FEMINISTA, MOVIMENTO
As características do movimento feminista na América Latina e no Caribe (ALyC) refletem a complexidade cultural, étnica, linguística, econômica e social da região. O feminismo é uma ideologia política transformadora, além do agrupamento categorial “mulher”, não é uma questão de sexo, mas um compromisso de luta contra o sistema patriarcal prevalente, que viola direitos e reforça múltiplas opressões relacionadas a território, classe, etnia, cor da pele, geração, orientação e identidade sexual.
A primeira onda ligada ao sufrágio foi limitada, devido aos golpes de Estado. As primeiras a votar foram as uruguaias (1927), mas só tiveram representação pública cinco anos depois; nos demais países foi mais tardio. Especialistas situam o surgimento do movimento de mulheres na segunda onda dos anos 70 e 80, com maior consolidação de agendas feministas nos anos 90. Nos anos 70, as ações levaram o privado ao público, influenciando conferências mundiais sobre a situação das mulheres e a Década da Mulher (1975-1985).
Nos anos 80, o movimento se generalizou em três vertentes: feminista, de mulheres urbano-populares e ligada a sindicatos ou partidos. Expandiu-se inicialmente em Brasil, México, Peru, Colômbia, Argentina, Chile, Uruguai, Caribe hispânico e Cuba. Organizações femininas participaram da luta contra ditaduras e por direitos humanos. Exemplos: Madres de Plaza de Mayo (Argentina); Las Dignas (El Salvador); Centro de la Mujer Peruana “Flora Tristán” e Movimiento Amplio de Mujeres (Peru).
No século XXI, ampliaram-se os enfoques para a diversidade e a política do corpo das mulheres. Propôs-se um “feminismo decolonial” desvinculado da matriz colonial de poder. O movimento feminista na ALyC foi liderado por organizações da sociedade civil, promovendo advocacia e incidência política, articulando feminismos comunitários, inclusão LGBTIQ e estratégias em redes sociais, visibilizando abusos, feminicídios e violência de gênero (#MeToo, #NiUnaMenos).
As agendas do movimento incluem: direitos sexuais e reprodutivos, despenalização do aborto, violência contra as mulheres, anticapitalismo, participação política, reconceitualização democrática, questionamento da institucionalização do feminismo e enfrentamento a fundamentalismos religiosos. Estratégias buscam promover justiça de gênero e desmontar o patriarcado, baseadas na lógica comunitária e nas relações feministas.
Referências
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Autor: L. Artiles Visbal