Coordenador 1: Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni (UNIFESP)
Coordenador 2: Prof. Dr. Igor Fuser (CECS/UFABC)
Resumo:
O desenvolvimento histórico latino-americano envolve, dentre vários elementos, a partilha de destinos entre muitas de suas sociedades: o colonialismo europeu (na forma da dominação ibérica, desdobrando-se os modelos lusófono e espanhol); os processos emancipacionistas (as lutas independentistas no caso das repúblicas hispano-americanas e das reformas institucionais acordadas no caso primordialmente brasileiro); o caudilhismo e o coronelismo; a penetração do capital estrangeiro e o assédio primeiro europeu, depois norte-americano; os deslocamentos populacionais e o denso fluxo migratório europeu que aportou em várias de suas sociedades; os golpes e os regimes militares; a luta armada na resistência contra as ditaduras de segurança nacional; o subdesenvolvimento e a dependência; a redemocratização e a abertura política; os experimentos neoliberais acordados no Consenso de Washington e o desmonte do Estado de bem-estar social no subcontinente. O desenvolvimento das relações internacionais na América Latina, desde uma perspectiva político-econômica, envolve o deslocamento estrutural de um paradigma desenvolvimentista para um campo de profícua montagem de experimentos neoliberais, desde meados dos anos 1980, consolidando-se nos anos 1990 como corpo doutrinário político e econômico, estendendo-se já sobre praticamente todo o subcontinente. A importância crescente que vem tendo a região entre acadêmicos, políticos e tomadores de decisão, se deve ao peso que tem a América Latina nas políticas de poder elaboradas no ambiente nuclear do sistema-mundial e nos termos da corrida concorrencial capitalista, ainda que protagonizada em parte por atores não-estatais, como empresas transnacionais, envolve em primazia a articulação complexa de potências como Estados Unidos, União Europeia e China, diretamente interessados na região. A inserção latino-americana nas relações internacionais contemporâneas envolve níveis distintos de interação, desde as zonas de contato da diplomacia; dos interesses econômicos, das economias nacionais às megacorporações; das trocas culturais; do intercâmbio acadêmico; da cooperação técnico-científica; das políticas de segurança regional e dos interesses que se movem a partir da sua consecução no combate ao narcotráfico, por exemplo. Seus vetores são elementos constitutivos de sua realidade, desde sua condição geopolítica aos recursos humanos e materiais que concentra, dentre os quais recursos energéticos e hídricos, cidades densamente povoadas e complexamente urbanizadas, além de robustos mercados consumidores. Com este escopo, propomos o estudo da evolução das relações internacionais na região desde a conclusão de seu ciclo de independências, no séc. XIX, até o tempo presente, quando se assiste a uma nova mudança no pêndulo político, apontando para o recrudescimento do autoritarismo político e a ascensão de forças políticas ultraconservadoras, identificadas declaradamente com a agenda neoliberal. Nossa busca é por identificar as origens e a evolução das tendências históricas que marcam o desenvolvimento das relações internacionais latino-americanas, reunindo pesquisadores provenientes de distintas áreas do saber, como: História, Geografia, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Economia, Direito, Relações Internacionais etc., cuja produção trate de temas relacionados às Relações Internacionais na América Latina.
Subtemas do Seminário de Pesquisa
- Ciclo de independências;
- A inserção da América Latina no sistema mundial;
- Deslocamentos populacionais, fluxos migratórios e diáspora;
- Ditaduras militares e resistência;
- Subdesenvolvimento e dependência;
- O Estado nacional-desenvolvimentista;
- Neoliberalismo e desmonte do Estado de bem-estar social;
- Segurança regional;
- Inserção geopolítica;
- Recursos energéticos e hídricos;
- Movimentos sociais;
- A disputa pela hegemonia regional;
- A América Latina dentre as forças que concorrem pela hegemonia mundial.