
“Recomendo aos futuros e futuras profissionais que invistam em uma formação multidisciplinar, aprendendo a programar e usar ferramentas de inteligência artificial.”
(Michael Robinson Martins dos Santos, oceanógrafo Turma I IOUSP)
Michael Robinson Martins dos Santos, oceanógrafo formado em 2006 na primeira turma do curso de graduação em Oceanografia, atua na área de meio ambiente da Petrobras desde então, tendo ingressado via processo seletivo público CLT. Sua jornada começou com o desafio de se mudar de São Paulo para Macaé, no norte fluminense, além de aprender o funcionamento do “mundo corporativo”, sobre a produção offshore de óleo e gás e, crucialmente, dialogar com profissionais da área de engenharia.
Atualmente, ele acompanha projetos de caracterização e monitoramento ambiental da Petrobras em diversas bacias sedimentares. Seus projetos focam na avaliação de parâmetros físico-químicos, ecotoxicológicos e ecológicos (água e sedimento) em monitoramentos regionais; em monitoramentos ambientais em áreas sensíveis como regiões de corais de águas profundas e rodolitos; e em projetos relacionados ao controle de espécies exóticas invasoras. Michael também faz parte da Equipe de Resposta a Emergências, dando suporte a ações de monitoramento em caso de vazamento de óleo em toda a costa brasileira. Embora sua rotina seja majoritariamente preenchida por atividades administrativas, são relativamente frequentes as atividades de campo, que incluem embarques em plataformas, visitas a portos e acompanhamento de auditorias e vistorias ambientais, além de participações em congressos, reuniões com órgãos ambientais e grupos de trabalho setoriais.

Visita à plataforma P-33, docada no Porto do Açu (São João da Barra, RJ) para realização de atividades de descomissionamento.
Michael credita à sua formação generalista em oceanografia uma visão multidisciplinar e por processos, o que facilitou seu início de carreira. Contudo, sentiu falta de maior contato com temas como petróleo, contaminação ambiental, gestão (especialmente qualidade) e legislação ambiental na graduação.
A média salarial para oceanógrafos varia conforme área, local e experiência. No Rio de Janeiro, em licenciamento ambiental, os iniciantes ganham cerca de R$ 6.000,00. Em regime offshore, salários podem variar de R$ 8.000,00 a R$ 10.000,00. Ele observa que, embora haja mais oportunidades hoje, as vagas exigem maior experiência, e posições de entrada tendem a ter salários mais baixos.
Como conselho, Michael recomenda investir em uma formação multidisciplinar, aprender programação e usar ferramentas de inteligência artificial. Conhecimentos em energia, sustentabilidade e gerenciamento de projetos são bem-vindos. A comunicação em inglês é um requisito básico, e, fundamentalmente, é preciso saber trabalhar em equipe, pois “ninguém faz nada sozinho”.
texto produzido pela bolsista USP-PUB Ensino (Edital 2024-2025) Irys Martins Rodrigues Ventura (graduanda IOUSP).