Por Leandro Bernardo, da Agência Universitária de Notícias (AUN/USP)
Explicar as estratégias das empresas ao escolherem diferentes formas de comprar insumos ou de venderem seus produtos é o tema do livro Economia das Organizações, lançado a partir de uma pesquisa feita pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa Center for Organization Studies (NAP-CORS), da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP. Contando com o apoio teórico dos renomados pesquisadores franceses Claude Ménard e Emmanuel Raynaud e de outros 39 apoiadores, foi realizado um estudo com 27 empresas representativas do setor de agribusiness de 12 diferentes setores (que vão desde alface até cachaça) explorando as estratégias das organizações para diminuir riscos em mercados com altos índices de incerteza.
O livro, ao tratar de diferentes maneiras de se proteger de riscos, explora o conceito de “formas plurais”, ou seja, ao contrário de uma forma única de se realizar uma transação, a empresa se utiliza de diversos meios, seja na compra ou na produção de insumos até na venda do produto em questão para realizar suas trocas comerciais. A vulnerabilidade das empresas que atuam em ambientes com alta concorrência, além de questões como perecibilidade dos produtos (especialmente no setor agrário), volatilidade do preço e localidade motivam essas práticas plurais. “O pior do mundo para uma indústria é perder um cliente”, ressalta a professora Maria Sylvia Macchione Saes, da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade (FEA) da USP, coordenadora do CORS e uma das organizadoras do projeto, acerca dessas causas do uso das formas plurais.
A pesquisadora destaca a relação entre a ineficiência das empresas e as incertezas do mercado: “Você acaba sendo menos eficiente porque não sabe o que vai acontecer no mercado”. No entanto, a pesquisa e o livro não tratam das performances das organizações nem das políticas da empresa, atendo-se a uma análise das causas de determinadas atitudes gerenciais e as relações de mercado entre as indústrias.
Com uma relação indireta com a atual conjuntura econômica brasileira e internacional, a professora relata que a questão da incerteza como agente chave para a tomada de decisões envolvendo as “formas plurais” acaba se relacionando com todos os setores da economia pela eventual complexidade do mercado. Mesmo com as especificidades do setor agropecuário, foco da pesquisa pela relação já existente dos pesquisadores com esse setor, que acaba sendo até mais complexo por questões como perecibilidade e baixo valor agregado, a pesquisa consegue ir além e chegar até outros setores, como, tal qual cita Maria Sylvia, o automobilístico.
O livro, por ter um embasamento mais teórico que gerencial, de acordo com Maria Sylvia, acaba sendo muito utilizado por professores e outros pesquisadores pela diversidade de casos presentes, nos setores de verduras, de grãos, da borracha, de gado (leiteiro, de corte e da produção de couro) e até o vinícolo e de cachaça. No entanto, ela ressalva: “É uma primeira proposição, não é uma forma fechada”, indicando que a pesquisa ainda está sendo aprimorada e esse é um primeiro passo para o Núcleo e para a compreensão de um fenômeno ainda pouco entendido na economia das organizações.
Mais informações: (11) 3091-5872, e-mails ssaes@usp.br, cors@usp.br, e site cors.usp.br