Por Breno Leoni Ebeling, da Agência Universitária de Notícias (AUN / USP)
O Grupo de Automação Elétrica em Sistemas Industriais (Gaesi) da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveu um conversor de protocolo para gestão de semáforos. Esse sistema, que possibilita troca de informações entre semáforos e as centrais de controles semafóricos, já possui resultados importantes tanto para a cidade de São Paulo como para outras grandes cidades brasileiras que possuem problemas de mobilidade.
São Paulo contava, antes da implementação do projeto, com três empresas responsáveis por essa gestão. Isso poderia gerar não apenas problemas operacionais, com preços de manutenção acima da média do mercado, mas também questões de sincronização semafórica, uma vez que em uma mesma rua poderiam ocorrer semáforos controlados por diferentes empresas.
O conversor de protocolos está atualmente implementado em cinco centrais, associadas a cerca de 80 controladores. Através de sensores de fluxo instalados nas vias, a central calcula em que momento ela deve abrir para um e fechar para outro. Isso significa que se há um fluxo grande de veículos de um lado do cruzamento, e poucos de outro, o tempo de verde efetivo será maior para a via do cruzamento com maior fluxo.
De acordo com o coordenador do Gaesi e desenvolvedor do projeto, professor Eduardo Dias, o objetivo do projeto é auxiliar no fomento de uma indústria nacional. “Os Estados Unidos estão investindo em um protocolo chamado NTC, enquanto a Europa possui o padrão inglês TMC e o desenvolvido pela Siemens, presente na área continental. Nós utilizamos uma mescla disso. A grande vantagem, neste caso é não reinventar a roda, pois assim incentivamos a criação de uma indústria nacional em cima de protocolos de alto valor agregado” comenta.
Inicialmente, o projeto sofreu resistência de fabricantes que não queriam mudar seus padrões. Isso foi contornado através de seções públicas feitas dentro da Universidade de São Paulo, momento em que eles foram apresentados juntamente com as vantagens inerentes e advindas deles.
Os potenciais de redução de custo de manutenção são de 75%, com melhoria do trânsito estimada em 20%. “Um controlador padrão aberto hoje custa de quatro a cinco vezes menos que um controlador padrão fechado” diz Vidal Melo, pesquisador do Gaesi. “Fora do eixo Europa-Estados Unidos, São Paulo foi quem tomou a liderança do processo, foi a cidade que deu o primeiro grito de independência nessa área semafórica”.
Este projeto deu origem a um laboratório criado em parceria com a prefeitura. O laboratório tem foco em protocolos abertos para desenvolver novas aplicações, não apenas na área de mobilidade, mas outras áreas que se beneficiariam de controles automatizados. Isto vai ao encontro do disseminado conceito de smart cities. O que se tem em vista agora é fazer uso de protocolos abertos para controle de caminhões.
Publicado originalmente em AUN / USP