Estudo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas é premiada

Com novas tecnologias de conservação e amadurecimento de frutas, o estudo poderá diminuir perdas pós-colheita e obter um fruto mais nutritivo, doce e firme (Sala de Imprensa da USP)

Da Sala de Imprensa da USP

Intitulada “Bases moleculares das transformações pós-colheita e qualidade de frutas”, a pesquisa liderada pelo professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e vice-reitor da USP no período de 2006-2010, Franco Maria Lajolo, em conjunto com os professores da FCF, Beatriz Rosana Cordenunsi e João Roberto Oliveira do Nascimento, venceu o Prêmio Péter Murányi 2016 – Alimentação, no valor de R$ 200 mil.

O trabalho, focado em produtos de alto valor comercial no Brasil – banana, mamão e manga – abre caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias de conservação de frutas a partir do entendimento dos seus mecanismos de amadurecimento. O avanço nesta área do conhecimento possibilitará diminuir as perdas pós-colheita e oferecer ao consumidor um produto melhor, mais nutritivo, doce e firme.

“O trabalho saiu vencedor entre mais de 90 inscritos; e passou pelo crivo de uma Comissão Técnica Científica altamente competente”, afirmou a presidente da Fundação que organiza o prêmio, Zilda Vera Murányi Kiss.

A pesquisa dos docentes da USP foi escolhida entre três finalistas por um júri composto por 27 integrantes, que se reuniu na tarde da última quarta-feira, dia 17 de fevereiro, na Sala do Conselho do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo. “O trabalho tem um impacto social grande, pois possibilita diminuir os índices de perdas de frutas pós-colheita, mantendo um padrão de alta qualidade”, destacou. Os outros dois finalistas foram a Embrapa Instrumentação Agropecuária e a Universidade Federal de Goiás.

Avanço científico

O mérito da pesquisa foi mostrar quais são as vias metabólicas para a transformação do amido em açúcar (as enzimas envolvidas e o seu controle) e identificar as enzimas que atuam na degradação da parede celular, ou seja, na textura da fruta. No final, chegou-se à conclusão de que as mudanças dependem da síntese de enzimas, da expressão de genes específicos em determinados períodos do pós-colheita e de hormônios, como o etileno e auxinas. E mais: descobriu-se que a velocidade da transformação varia conforme o cultivar.

“Identificamos uma variedade com mais resistência ao frio – fator importante para garantir a qualidade do produto no transporte de longa distância”, conta o coordenador da pesquisa, Franco Maria Lajolo, que também é membro do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center) – um dos centros de excelência da USP apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Na avaliação do reitor da USP, Marco Antonio Zago, que também fez parte do júri, a Comissão Técnica e Científica fez um trabalho excelente, selecionando três projetos que são igualmente importantes, tanto do ponto de vista do conhecimento científico quanto de aplicações práticas – imediatas ou derivadas. “O trabalho premiado pertence a um grupo que há muito tempo se dedica à pesquisa nessa área, e que foi contemplado merecidamente pela contribuição que vem dando à ciência”, afirmou.

Zago também elogiou o trabalho desenvolvido pela Fundação Péter Murányi. “Trata-se de uma iniciativa rara no Brasil, de uma pessoa deixar recursos para premiar pesquisadores que contribuem para melhorar a qualidade de vida da sociedade.”

Valorizando a ciência

Esta é quarta vez que a USP sai vencedora do Prêmio Péter Murányi, desde que o prêmio foi lançado em 2002. De lá para cá, mais de R$ 2 milhões foram concedidos em prêmios para pesquisadores e instituições cujos trabalhos se destacaram como inovações que podem melhorar a qualidade de vida nos países em desenvolvimento. “Este o foi o desejo do meu pai, materializado com a criação da Fundação Péter Murányi após sua morte”, conta a presidente da Fundação.

Única iniciativa privada do gênero no País, o Prêmio Péter Murányi é concedido anualmente, de forma alternada, em quatro áreas: saúde, educação, alimentação e desenvolvimento científico & tecnológico. A próxima edição será focada na área da educação. As inscrições terão início em maio próximo pelo site da Fundação.

(Com informações da Fundação Péter Murányi)

Publicação em Sala de Imprensa USP