Forest landscape restoration (FLR) has a central place in current global debates about the sustainability of natural resources, climate change mitigation and adaptation, livelihoods and biodiversity conservation. FLR approaches support the involvement of different social actors in participatory decision-making processes. We conducted a bibliometric analysis research to provide an overview of scientific publications in forest restoration, FLR and local stakeholders (LS) studies, and, specifically, examine if the studies (1) recognised the relevance of the local level actors and (2) collected primary and/or secondary data on LS using different methods from related publications since 2000. We used the Web of Science (WoS) and Scopus as bibliographic sources. We analysed five main research aspects: (1) publication year, (2) most productive countries according to the total number of publications, (3) most influential journals and cited papers, (4) most influential authors ranked by number of publications, their respective organisations and country collaborations, and (5) a co-occurrence analysis of countries’ collaborations and keywords. We found that forest restoration, FLR and LS studies have been growing over the years, especially in the last decade. However, only 50% (99 records) of the studies recognised the relevance of the local level actors and also collected primary and/or secondary data through different methods. Authors from organisations in North and South America, and Oceania were the ones with the most publications, with only 20% (4 authors) of the top 20 authors having degrees in social sciences. Studies about “ecosystem services”, “ecological restoration”, “natural regeneration”, “livelihoods”, “Bonn challenge” and “governance” have become the main subject of research along the years within the scope of FLR at the local level. Finally, the results showed the gaps that should be considered in future research to improve the involvement and more direct participation of LS, as well as the participation of interdisciplinary and social science researchers in FLR research teams.
Mitigating climate change, preventing mass species extinctions, improving rural livelihoods, and disaster risk reduction are among today’s most urgent challenges. To meet these challenges, a large number of social actors need to agree to engage and act collectively on Forest and Landscape Restoration (FLR), ensuring its dual goal of restoring ecological functionality and improving people’s wellbeing. Although FLR has gained momentum globally, the experiences so far continue to face socio‐economic and governance challenges associated with the design and realization of effective efforts. Social Innovation (SI) can be seen contemporarily as the process and the result of interaction between stakeholders in the construction of solutions to social needs and problems, including those tackled by FLR. Here, using a content analysis approach applied to existing literature, we propose five possible conceptual bridges between FLR and SI. The Social Innovative – Forest and Landscape Restoration (SI‐FLR) process advocates that sustainable livelihood needs should be attended first to ensure the Social‐Ecological Systems’ resilience. These bridges are: (1) “Landscape as the main context”; (2) “Nature as social need”; (3) “Landscape stewardship groups”; (4) “Governance capabilities”; (5) “Adapting and transforming to enhance resilience.” Identifying these bridges, will help decision‐makers and project managers to improve the FLR initiatives by supporting the potential of SI and sparking the interest of other researchers to explore the many possibilities of SI‐FLR.
Agricultural diversity is one of the bases of traditional agroecosystems, having great environmental and cultural importance. The current loss of agricultural diversity is causing serious concern, mainly because of its essential role in supporting global and local food security. Stopping this loss requires a better understanding of how diversity is managed locally and what mechanisms sustain agricultural diversity. Here we propose a generalist agent-based model that couples biological, cultural, and social dynamics to obtain varietal diversity as an emergent phenomenon at the community level. With a mechanistic approach, we explore how four of the model dynamics can shape systems diversity. To validate the model, we performed a bibliographic review on Manihot esculenta and Zea mays case studies. The model yielded compatible results for manioc and maize varietal richness at both community and household levels.
O artigo abre o Dossiê Governança das Florestas Nativas discutindo os avanços alcançados pela governança florestal brasileira nos últimos 30 anos a partir de uma análise do Projeto Floram, das palestras apresentadas no “Web-Seminário Internacional Construindo Diálogos sobre Governança Florestal: Conservação, Manejo Sustentável e Restauração de Paisagens” e dos artigos que fazem parte do dossiê. Discute-se a passagem de modelos hierárquicos e centralizados para modelos de cogestão de sistemas socioecológicos florestais multiescalares, envolvendo uma diversidade maior de atores sociais públicos e privados, organizados em redes, que inovam a partir da co-construção de conhecimento, novas instituições e políticas públicas.
Examinamos narrativas sobre os valores de árvores e florestas nas leis brasileiras desde o século XVI. Progressivamente, um conjunto mais abrangente de valores associados a florestas vem sendo traduzido em regulamentações mais rigorosas e inclusivas. Além de proteger árvores e florestas por seus recursos madeireiros e não madeireiros (contribuições materiais), instrumentos legais adotaram definições e regras mais rígidas reconhecendo suas contribuições reguladoras (conservação dos solos, regulação dos regimes hídricos e mitigação das mudanças climáticas) e não materiais (significados espiritual, cultural e simbólico) para a sociedade. Tais avanços coevoluíram com interesses fundiários e narrativas opostas às florestas e aos povos indígenas e tradicionais. Continuamente, grupos de interesse resgatam narrativas ultrapassadas para retratar florestas como terras improdutivas que obstruem atividades setoriais relacionadas à agricultura, mineração e infraestrutura, gerando conflitos socioambientais e a erosão da governança ambiental. A história revela um passado de contrarreações à degradação florestal resultando em avanços e novas possibilidades de desenvolvimento socioambiental das quais o futuro da Amazônia brasileira depende.
A conquista democrática representada pela expansão das áreas protegidas no Brasil, desde meados dos anos 1980, está hoje sob permanente agressão. Este artigo mostra algumas das raízes ideológicas e culturais dos incentivos à destruição florestal representados pela visão de mundo dos militares com protagonismo na formulação de políticas para a Amazônia. O artigo também apresenta, de forma sumária, forças que procuram se contrapor às atuais políticas federais e iniciativas com o potencial de abrir caminho a uma forte economia da sociobiodiversidade florestal na Amazônia. Essa bioeconomia não pode limitar-se às áreas florestais e será cada vez mais importante na agricultura familiar, nas grandes fazendas e é fonte de inspiração para políticas urbanas e metropolitanas apoiadas na ideia de Soluções Baseadas na Natureza.
O Brasil tem uma longa história de políticas, pesquisa e prática de restauração de ecossistemas degradados. A Década da Restauração de Ecossistemas das Nações Unidas (2021-2030) foi lançada com o principal objetivo de prevenir, cessar e reverter a degradação de ecossistemas em todo o mundo. Neste artigo, descrevemos algumas experiências no Brasil e ilustramos como elas podem contribuir para o cumprimento desses objetivos. As ações de restauração florestal no Brasil são fortemente motivadas e lideradas por associações da sociedade civil descentralizadas, e coalizões e plataformas multissetoriais. Destacamos o papel crítico das inovações de governança nos níveis regional, estadual e municipal que fortalecem as ações de restauração, apesar da implementação deficiente das iniciativas do governo federal.
As tendências atuais sobre a relação sociedade e natureza apontam para um cenário desfavorável para qualidade de vida humana. Na disputa política para construir soluções, cada vez mais pessoas se organizam para enfrentar a onda neopopulista e centralizadora que ganha. Desse ambiente de conflito e resistência alguns movimentos sociais, projetos socioambientais e organizações da sociedade civil têm encontrado uma forma de reagir de forma construtiva. Ao promoverem Inovações Socioecológicas, compartilham saberes e práticas, viabilizando novas relações sociais que colocam a comunidade local como protagonista de um desenvolvimento rural onde o capital natural assume o centro das discussões. No presente artigo, exploramos três estudos de caso pela óptica da Restauração Socioinovadora de Paisagens (Resip) buscando compreender os fatores determinantes para a emergência e desenvolvimento desse processo.
Considerando o debate contemporâneo sobre as questões florestais, este artigo faz uma análise dos principais pontos comuns que foram destacados durante o Web-Seminário “Construindo Diálogos sobre Governança Florestal” e através dos artigos reunidos no Dossiê Governança florestal da revista Estudos Avançados do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Destacamos que a governança florestal se apresenta como um processo em constante evolução e deverá seguir promovendo a aproximação dos multiatores nos diversos níveis e escalas de decisão sobre as florestas e paisagens multifuncionais, e assim, fortalecer uma agenda de governança interdisciplinar e promotora de soluções com base nas melhores relações da sociedade com os sistemas socioecológicos.
Este capítulo apresenta uma análise da governança florestal do Brasil e do Chile no período de 1990 a 2015. Nesse período, muitos países da América Latina reformularam suas políticas florestais impulsionados pelos debates internacionais que apontavam para novos paradigmas na gestão dos territórios florestais, destacando preocupações com a conversão da cobertura florestal para outros usos da terra e a degradação de ecossistemas. O estudo buscou compreender se as mudanças institucionais formais que ocorreram nesse período promoveram mudanças na prática. A partir de duas correntes teóricas que contribuem para a análise institucional e da ação coletiva, foram analisados os arranjos institucionais florestais de cada país e as arenas multiatores que se estabeleceram para implementar a gestão das florestas nativas. A partir de métodos de coleta de dados qualitativos, foram entrevistados atores envolvidos na implementação das legislações vigentes, a Lei de Bosques Nativos (no Chile) e a Lei de Gestão de Florestas Públicas (no Brasil). Os resultados deste estudo apontam que mesmo com mudanças nos arranjos institucionais em cada país, a governança florestal ainda enfrenta dificuldades para mudar o modelo convencional das políticas florestais e promover a gestão sustentáveldas florestas. Conclui-se que, para mudanças na prática, a governança florestal necessita fortalecer os espaços de decisão e ação coletiva que priorizem a valorização do conhecimento local e a descentralização das oportunidades de desenvolvimento nos territórios. Este trabalho é resultado do doutorado defendido no ano de 2019 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais do Instituto de Energia e Ambiente da USP.
O Brasil ocupa um papel importante em diversos acordos e compromissos globais das agendas de conservação florestal e climática. A implementação desses acordos e o avanço dos debates em torno deles expõem a necessidade de desenvolvimento de arranjos de governança em diversas áreas, dentre elas a Restauração Florestal da Paisagem. Espera-se que a governança da Restauração Florestal da Paisagem produza resultados positivos no comprometimento de seus atores sociais, no desenvolvimento de instrumentos de gestão e no ganho de escala (upscale) dos projetos e programas nas diferentes paisagens e biomas do país. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo traçar o estado de conhecimento dos modelos conceituais de governança da Restauração Florestal da Paisagem, por meio de uma revisão sistemática da literatura acadêmica mundial, contribuindo para a organização de um arcabouço teórico-conceitual aplicado aos sistemas de governança da Restauração Florestal da Paisagem do Brasil, representados por projetos, programas e redes de trabalho. Os resultados mostram, por um lado, que há uma diversidade de modelos de governança colaborativa em desenvolvimento em algumas iniciativas brasileiras de Restauração Florestal da Paisagem, principalmente na Mata Atlântica e na Amazônia. Por outro lado, há ainda uma grande lacuna na produção de pesquisa com enfoque específico de análise da governança da Restauração Florestal da Paisagem, que contribua para a construção de redes de aprendizados e evolução dos modelos de governança em desenvolvimento no Brasil.
Este volume dá continuidade à apresentação de pesquisas interculturais que, embora não tenham origem no projeto desta obra, foram escritos com exclusividade para este fim. Seu propósito é evidenciar o modo como comunidades tradicionais se relacionam com diversos biomas no Brasil, e chamar a atenção para a riqueza e pluralidade dos conhecimentos por elas detidos e produzidos; as variadas formas de organização social e de uso do ambiente; as práticas e sistemas de produção que resultam em contribuições para a biodiversidade; assim como as políticas públicas e a legislação ambiental que ameaçam a reprodução dessas sociedades e a conservação de seus territórios.
Capítulo publicado em: “Ecological Economic and Socio Ecological Strategies for Forest Conservation A Transdisciplinary Approach Focused on Chile and Brazil” (Felix Fuders; Pablo J. Donoso – Editores). Livro disponível em: https://link.springer.com/book/10.1007%2F978-3-030-35379-7.
Este relatório apresenta dados que apoiam a estruturação e o fortalecimento de espaços participativos e equitativos para avançar a agenda da restauração ao avaliar as estruturas de governança em três territórios brasileiros. Além disso, aponta os principais achados e traz recomendações de como redes sociais bem estabelecidas podem acelerar a implementação da Restauração de Paisagens e Florestas. Pessoas são centrais na implementação da restauração de paisagens e florestas. O sucesso ou fracasso da restauração depende de como as pessoas agem em relação ao território e umas com as outras, ou seja, como elas governam sua paisagem. A governança na restauração de paisagens e florestas tem um papel fundamental para que se obtenha o ganho de escala necessário ao alcance das metas globais de restauração. É estratégica para o fortalecimento de fatores-chave que garantam o sucesso das ações em determinada paisagem. Os resultados apresentados nesta publicação, referentes a três regiões no sudeste do Brasil, buscam contribuir para discussões e ações de restauração no país. Demonstram como a governança está estabelecida nas áreas estudadas, quais lacunas precisam ser vencidas e como os atores sociais, com atuação em diferentes escalas, podem contribuir para que a restauração seja inclusiva, justa e potencialmente escalonável.
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