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De poderes e responsabilidades

  Não nos deixemos levar pela referência deste título: antes fosse uma nota sobre o filme do Homem Aranha de 2002. É mais sobre aquelas descobertas lexicais que nos acontecem na vida. Para mim, uma das mais interessantes foi a de que responsabilidade tem, pelo menos na etimologia da coisa, mais a ver com resposta do que com culpa. Isso nos traz uma perspectiva interessante, que é a importância de firmarmos o solo em que pisamos e agirmos de acordo com aquilo que acreditamos, pensamos, desejamos, somos, sonhamos – o verbo bonito que for, algo que nos permita responder por nossas ações na eventualidade de algum questionamento ser feito. E que tudo nos levaria a crer que aquelas pessoas que atraem para si mais olhares, que exercem mais influência, ocupam os mais relevantes cargos, contam suas horas nos mais incrementados relógios e, consequentemente, fazem a mais vasta gama de escolhas – que seriam elas as mais empenhadas em ter o que dizer frente a tão simples e grande pergunta: “mas, então, foi por quê?” Curioso poder de um olhar para fora da janela ou para um noticiário na TV em abalar quase que irremediavelmente essas crenças.

Texto por Mariana R. Stefani

 

Fim

E chegará um tempo em que os militares inventarão um projétil tão perfeito, mas tão perfeito mesmo, que dará volta ao mundo e os pegará por trás.

Mário Quintana, Caderno H

 

(…) Percebam que hoje, para contra-atacar uma acusação não é necessário provar o contrário, basta deslegitimar o acusador.

Umberto Eco, Número Zero 

 

Os fatos são sonoros mas entre os fatos há um sussurro. É o sussurro o que me impressiona.

Clarice Lispector, A Hora da Estrela