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NOVA CONVOCAÇÃO: O colapso, o cansaço pandêmico e o PAPO

Após um ano do início da pandemia, a jornada da guerra contra o coronavírus em nosso país se encontra no momento mais trágico. O horizonte almejado de um cenário pós-pandêmico é constantemente jogado para o futuro, para uma data desconhecida que parece se postergar sempre que nos deparamos com a realidade dos hospitais e dos noticiários. Frente a incerteza, somos obrigados a lidar com o presente e com a infeliz contagem dos mortos que assombra o cotidiano desde que a pandemia se instaurou. Em março de 2021 vivemos o ápice de nosso drama. Nunca antes neste país morreram tantas pessoas em um único mês, mais de 140 mil vidas, sendo 1/3 destas para COVID-19.

Em meio a isso tudo, muita fadiga e cansaço. Junto com o isolamento, com as restrições, com luto cada vez maior e acumulado, há também um penoso efeito de medo e esperança que bagunça a realidade e as expectativas de cada sujeito implicado ou não com a realidade pandêmica. Por mais negacionista que o atual governo e uma parcela da população possam ser, as consequências reais da má administração e da evolução da pandemia têm insurgido na vida de todos. As novas variantes, as taxas de ocupação nas UTIs, a possibilidade  de mais restrições, a lenta vacinação, as mortes, as perdas, os lutos. A tragédia se atualiza e temos pouco tempo para elaborar o que se passa pois amanhã teremos, infelizmente, mais um dia de pandemia.

Nosso esforço, enquanto profissionais da saúde, nos oferece uma forma de resistir no presente, de atuar dentro do possível para amenizar o sofrimento no interior de nossa comunidade. No entanto, ao mesmo tempo em que nossa ação se insere como uma forma de lutar no combate ao vírus, a guerra nos atravessa também para fora do nosso trabalho. Escutamos a tragédia ao mesmo tempo em que a sentimos na pele. Mais além, o ato de escutar, de oferecer um suporte à saúde mental no contexto pandêmico, constantemente funciona como um lembrete da situação delicada na qual estamos inseridos.

No último mês, muito provavelmente por conta do colapso sanitário presente nos hospitais, tivemos um aumento da procura por atendimento no PAPO. Apesar do número de colaboradores(as) habilitados do nosso projeto continuar a aumentar, houve uma diminuição significativa dos horários oferecidos e da disponibilidade dos nossos profissionais, sendo que alguns, inclusive, pediram afastamento do projeto por tempo indeterminado. Ao considerarmos as circunstâncias de nossa iniciativa, em especial o fato de nosso projeto se estabelecer a partir do voluntariado, é bastante compreensível que estejamos passando por este cenário após um ano de pandemia. O esgotamento não é pequeno frente a um momento que de início se colocava como passageiro, mas que agora já se demonstra como não tão efêmero assim.

Por isso, gostaríamos de estabelecer uma re-convocativa tanto para os que já participam quanto para eventuais novos colaboradores e colaboradoras. Pedimos que comuniquem a secretaria do PAPO todos aqueles que possuírem horários disponíveis para atendimento e que podem receber novos atendimentos. Para o leitor ou leitora que ainda não participa do nosso projeto, convidamos a conhecer nossa iniciativa aqui em nosso site e também a se voluntariar clicando aqui.

Por fim, desejamos a todos e todas muita força neste momento. Esperamos que juntos possamos criar uma rede de atenção e de cuidado que possa oferecer um fôlego extra na situação tão sufocante em que nos encontramos.