Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, na cidade de Sacramento, no estado de Minas Gerais, Brasil. Sua infância foi marcada por extrema pobreza e dificuldades, exacerbadas pelo racismo e pela desigualdade social que permeavam a sociedade brasileira da época. Como mulher negra, Carolina enfrentou barreiras adicionais em um contexto de profunda discriminação racial e socioeconômica.

Mudou-se para São Paulo na década de 1930, onde passou a viver na favela do Canindé. Lá, trabalhou como catadora de papéis, uma ocupação que, embora árdua, permitia-lhe sustentar seus três filhos. A vida na favela, marcada pela precariedade e pelas constantes lutas para obter o básico para sobreviver, tornou-se a fonte principal de sua escrita.

A principal obra de Carolina, “Quarto de Despejo”, é um diário íntimo e detalhado que expõe as dificuldades e as injustiças que enfrentava diariamente. Publicado em 1960, o livro não apenas proporcionou um retrato cru e realista das condições de vida na favela, mas também ofereceu uma poderosa crítica social, abordando temas como pobreza, racismo e desigualdade. O impacto de “Quarto de Despejo” foi profundo, levando Carolina a alcançar reconhecimento internacional. O livro foi traduzido para 14 idiomas e publicado em mais de 40 países, trazendo à luz a voz de uma autora até então desconhecida e sub-representada.