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Che Guevara, Ernesto

Rosario (Argentina), 1928 – Oruro (Bolívia), 1967

Por Fernando Martínez Heredia

Ernesto Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de 1928 em Rosario, Argentina, em uma família de maior nível social do que econômico. Seus pais foram transigentes com ele porque desde pequeno padecia de forte asma, que lhe exigia conter as energias, o que acentuou seu gosto pela leitura. Quando concluiu o colégio, em 1946, mudou-se para Buenos Aires, onde trabalhou como laboratorista de solo e começou a cursar engenharia, mas, em 1947, mudou para medicina. Jogava rugby e xadrez e viajou de moto 4.500 km para conhecer seu país. Em 1951, trabalhou como enfermeiro em navios mercantes, sempre sem deixar de estudar. No fim desse ano, partiu de moto com seu amigo Alberto Granado, em uma viagem de oito meses pela América do Sul, o que o ajudou a encontrar sua vocação. Formou-se em medicina e partiu novamente, em julho de 1953. Desejava lutar contra a injustiça social e ser um médico benfeitor. Percorreu a Bolívia, o Peru, o Equador, o Panamá, a Costa Rica, e chegou à Guatemala cada vez mais interessado na política popular. Vivia pobremente, como sempre, e começou a participar de um movimento que foi destruído pela CIA. Com a queda do governo de Jacobo Guzmán Arbenz, Ernesto foi para o México em setembro de 1954, onde arrumou alguns trabalhos esporádicos até julho de 1955, quando conheceu Fidel Castro. Ficaram amigos e logo ele começou a participar do Movimento Revolucionário 26 de julho (MR-26 de julho), compartilhando treinamentos, penalidades e perseguições, até que se realizou a expedição do Granma.

O médico a quem chamavam Che foi ferido no primeiro combate, em 5 de dezembro. Sua destacada atuação o converteu no primeiro revolucionário promovido a comandante, em 12 de julho de 1957. Atuou, desde essa época, como chefe de coluna, mas foi um dos dirigentes de maior prestígio do Exército Rebelde (ER). Fundou a Rádio Rebelde em 24 de fevereiro de 1958 e dirigiu a escola de recrutas do ER. Foi um dos chefes da contraofensiva que derrotou o grande Exército da tirania na Sierra Maestra, no verão daquele ano. No final de agosto, Fidel encarregou-o de comandar a Coluna 8, “Ciro Redondo”, com a missão de invadir Las Villas, unificar os rebeldes, dirigir a província e cortar as comunicações da ilha. A Coluna 2, “Antonio Maceo”, deveria fazer uma rota invasora paralela e seguir até Pinar del Rio. Seu chefe era Camilo Cienfuegos Gorriarán, havanês, expedicionário do Granma, tenente e depois capitão na coluna de Che Guevara, de quem tornou-se amigo. Camilo foi chefe nas planícies do Oriente nos meses de março a maio; promovido a comandante, foi um dos heróis dos combates do verão. Camilo e Che Guevara ficaram juntos em Las Villas desde outubro até a campanha final. Che Guevara unificou e organizou os rebeldes e o MR-26 de julho juntou-se ao DR-13 de março, cumpriu suas missões e desencadeou uma ofensiva que tomou os povos da província e culminou na Batalha de Santa Clara. A cidade se rendeu em 1º de janeiro, e com isso caiu a ditadura. Che Guevara e Camilo foram os primeiros chefes rebeldes a entrar em Havana.

Che Guevara foi um dos principais líderes da Revolução Cubana. Dirigente militar, presidente do Banco Nacional, ministro da Indústria, membro da cúpula da direção política, representante de Cuba no exterior, organizador do internacionalismo militante, orador profundo e indivíduo carismático, brilhou em todos os terrenos da atividade revolucionária. Sempre unido a Fidel, impulsionou as posições e ideias mais avançadas dentro do processo. Foi o principal teórico da Revolução; seu pensamento é um dos pontos de referência do marxismo do século XX, e textos como O socialismo e o homem em Cuba evidenciam a existência de uma teoria e de um projeto libertador latino-americano.

Em abril de 1965, Che Guevara renunciou a seus cargos e saiu em uma missão clandestina: dirigir um contingente cubano que estava ajudando os revolucionários do Congo. Combateram, mas não lograram êxito. Os cubanos se retiraram em 21 de novembro. Che Guevara foi para a Tanzânia e ficou esperando sua próxima missão, que seria na Bolívia. Partiu com um grupo de cubanos em novembro de 1966, deixando sua Mensagem aos povos da tricontinental. No Exército de Libertação Nacional militavam bolivianos, cubanos e peruanos, que aspiravam espalhar a Revolução pela região. Iniciaram o combate em março de 1967, em condições cada vez mais adversas. Em 8 de outubro, na Quebrada del Churo, Che Guevara foi ferido e caiu prisioneiro. No dia seguinte, foi assassinado.

Ernesto Che Guevara é uma das personalidades mais transcendentes do século XX.