Evento discute desenvolvimento de fármacos na USP

Realizado pela PRP-USP em parceria com a ACIESP e o IEA, workshop sobre o desenvolvimento de fármacos e medicamentos na universidade uniu especialistas da área

Realizado pela PRP-USP em parceria com a ACIESP e o IEA, workshop sobre o desenvolvimento de fármacos e medicamentos na universidade uniu especialistas da área

Transmitido ao vivo através do site do Instituto de Estudos Avançados (IEA), o mais recente evento da série Strategic Workshops, organizada pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da USP, abordou o desenvolvimento de fármacos e medicamentos na Universidade.

Os convidados debateram sobre diversos temas, como a inovação no cenário farmacêutico nacional, a triagem, planejamento e descoberta de candidatos a fármacos e a pesquisa translacional. Participaram, entre outros, os professores Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan, Luiz Catalani, diretor do Instituto de Química da USP, Adriano Andricopulo, coordenador do Laboratório de Química Medicinal e Computacional do Instituto de Física de São Carlos da USP, e Glaucius Oliva, coordenador do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CEPID-CIBFar).

O Pró-Reitor de Pesquisa, professor José Eduardo Krieger, enfatizou na abertura a importância dos workshops: “São um esforço para identificar oportunidades e tecer relações com agentes públicos e privados de dentro e fora da universidade”. Comentou que os eventos, mais do que transmitir conhecimento, devem servir para discutir e debater profundamente o papel da USP na inovação científica e tecnológica. O formato, com exposições individuais breves e espaço para diálogo, colaborou.

“Nossas empresas farmacêuticas não reinvestem em pesquisa e desenvolvimento”, afirmou o pesquisador, que demonstrou-se preocupado com a origem acadêmica de grande parte das patentes brasileiras: “A universidade não inova nem aqui nem no exterior. Não é papel dela. A universidade deve permitir o envolvimento dos seus pesquisadores com a inovação do lado de fora”.

O professor Andricopulo destacou a oportunidade de compreender o panorama global da área farmacêutica. Também falou dos objetivos do evento: “Precisamos saber quais são os interesses que podem aproximar a academia da indústria e do governo, quais atores podem ser unidos para gerar inovação”. Catalani falou sobre o caráter transversal da iniciativa da PRP: “A ideia é unir todos que trabalham em uma área, para ver como que a USP pode contribuir com determinado tema”.

O professor Kalil, do Instituto Butantan, apresentou dados abrangentes sobre o tema. “O Brasil aumentou muito sua participação científica mundial e sua publicação de artigos, fomos de 0,5% para 3% do total. Mas quanto dessa produção é inovadora e quanto é só rever o que foi feito lá fora?”

Comentou que as grandes empresas investem muito em genéricos, mas quase nada em inovação. “É o setor empresarial que faz inovação. Muito da nossa produção científica não vai virar patente, não irá gerar produtos inovadores”. Mostrou o envelhecimento da população brasileira e afirmou que, embora o novo perfil demográfico peça novos medicamentos, o país ainda prefere buscar soluções no exterior.

O diretor atualizou os presentes em relação à vacina contra a dengue, que está em desenvolvimento no Butantan. “Tivemos resultados fantásticos na fase II. Estamos sete anos à frente de todo o resto”. A fase III, que começara agora, consistirá na aplicação de uma dose única em 17.000 participantes, que serão acompanhados por cinco anos. O produto já foi aprovado por órgãos como a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), e está prestes a conseguir aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“No Brasil, as pessoas não querem assumir riscos. Se não acreditarmos em nós mesmos, não vamos para frente”, finalizou Kalil.