O foco do programa de pesquisa do programa Advocacy é analisar os aspectos econômicos, jurídicos e sociais das demais pesquisas e promover a comunicação das iniciativas à sociedade e às autoridades.
O Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), financiado pela Shell e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), abriga cinco programas de pesquisa. Quatro estão focados em desenvolver ou aprimorar tecnologias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil, auxiliando o país a retomar os compromissos assumidos no Acordo de Paris. O quinto programa, Advocacy, será responsável por avaliar a viabilidade desses projetos em termos econômicos, jurídicos e sociais e desenvolver estratégias para apresentá-los aos grupos de interesse.
Segundo o coordenador do programa Edmilson Moutinho dos Santos, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, é essencial que a inteligência criada a partir dos demais programas seja transmitida para a sociedade e as autoridades, que serão responsáveis por criar políticas públicas a partir desse conhecimento. Para alcançar seus objetivos, o Advocacy se divide em duas linhas de pesquisa, formadas por equipes interdisciplinares de áreas como psicologia, comunicação, direito, economia e gestão de políticas públicas.
Na primeira linha de pesquisa, o foco será a normatização, a regulamentação e a legislação. “Algumas dessas tecnologias não encontram apoio jurídico no sistema brasileiro. Nós precisamos criar um ambiente jurídico para que elas sejam aplicadas”, diz Santos. Segundo ele, as tecnologias, sejam elas produtos ou processos, apenas atingem o estágio da comercialização quando são devidamente regulamentadas e normatizadas. Os pesquisadores do Advocacy precisarão transitar em esfera Federal, na ABNT, por exemplo, ou mesmo internacional, incluindo a ISO (International Standardization Organization).
O segundo tema de pesquisa envolve o entendimento da percepção pública dos conhecimentos e tecnologias gerados pelos pesquisadores do RCGI. “Há de se compreender as reações sociais e psicológicas das pessoas quando desafiadas por uma nova solução tecnológica”, afirma Santos. O programa busca identificar previamente eventuais percepções negativas e investigar estratégias de comunicação para definir como as informações devem ser tratadas com cada tipo de público.
Para o professor, este é o maior desafio do Advocacy: a comunicação com o público externo para que o tema seja valorizado e para que o conhecimento obtido nas pesquisas seja aplicado. “Apesar de ocupar cada vez mais as páginas dos jornais e o imaginário das pessoas, o efeito estufa e as mudanças climáticas são temas de longo prazo e ainda fundamentalmente desconhecidos do público em geral e mesmo de vários agentes formadores de opinião”.