Ação & Interação – Aula do Fim do Mundo

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Aula do Fim do Mundo

Provavelmente vocês devem estar saturados de notícias sobre as dificuldades e desafios que alunos e professores enfrentam no meio dessa pandemia que estamos vivendo, talvez, para alguns de vocês seja até óbvio tais informações sabendo como a Educação é tratada no Brasil, afinal entra governo, sai governo, e as coisas mudam muito pouco ou não muda nada, seja Federal, Estadual ou Municipal.

Porém, acreditamos que a história da Flávia dê vazão a algo que pouco é falado nas mídias, afinal, dados e números costumam chamar mais atenção do que a rotina de uma pessoa comum.

Flávia começou a lecionar Biologia no Ensino Médio no ano 2000, aos 24 anos de idade, recém formada e recém contratada por uma ótima rede particular de ensino, que após ela engravidar neste ano e ter tido o filho no início do ano seguinte, não pensou muito e a demitiu no ano de 2002.

Apesar disso, ela conseguiu estudar com foco e passar no concurso para trabalhar como professora de Biologia do Ensino Médio público.

Ela levou algum tempo para se adaptar em como transmitir a prática do que viam em livros e apostilas para a vivência do dia a dia. A missão que ela tinha se auto imposto como professora era mostrar como a Bio é divertida, e assim, dar o seu melhor para seus alunos, mesmo que quem estivesse acima dela pouco ligasse.

Com esse pensamento, ela usou de bandas famosas, super heróis, criatividade e muito bom humor para cativar seus alunos, e conseguiu não só a atenção e o respeito deles, mas o carinho também.

Ela não só enfrentou a falta de espaço, material e tempo, como novamente, após ser mãe pela segunda vez, teve de se readaptar ao ambiente escolar, e novamente ela mostrou aos seus alunos o quanto a Bio era legal.

Chegou 2020, e longe de um cenário comum e rotineiro, Flávia teve que se readaptar. Os problemas que ela enfrentou todas as outras vezes voltavam de um jeito que apenas uma parte competia à ela resolver, outra parte cabia ao Estado, e por fim, outra que cabia aos alunos.

Além disso, precisou arranjar com o marido que também era professor, um meio que eles conseguissem dar aula sem um atrapalhar o outro e ainda descobrir como o filho de 19 anos e o mais novo, de 10 anos, poderiam assistir suas aulas de forma que a não se atrapalharem. Foi uma colisão massiva da vida profissional e pessoal, da necessidade de dar o melhor como mãe e como professora.

Se na escola o material já era escasso, em casa a situação era pior ainda, de forma que a demanda por um preparo mais minucioso se tornou primordial, de forma que ela e o marido passaram noites em claro se ajudando para que conseguissem sanar seus problemas profissionais.

Além disso, ela teve que ver alunos, alguns já conhecidos, outros que tinham acabado de chegar, perdendo suas oportunidades de entender ou absorver o conteúdo, fosse por falta de internet, fosse porque na casa havia apenas um aparelho que servisse para assistir aulas, logo era repartido por diversos membros naquela casa.

Por fim, cabe dizer que Flávia não esmoreceu, mas chorou, se estressou, ficou enraivecida, se sentiu mal, mas ainda sim, não deixou que isso tirasse o sorriso que seus alunos precisavam ver no dia a dia, ou que os filhos pudessem necessitar. Ela lembrou de todos os problemas que lutou, lembrou da importância de se permitir sentir tudo e depois seguir mais forte.

Nesses momentos uma frase de um de seus livros preferidos da adolescência vinha à mente: “O medo é o assassino da mente”, e ela sempre o adaptava para seu momento: “A falta de esperança é o assassino da mente”.

 

Link para melhor compreensão da realidade dos professores em sala de aula: https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/educacao-diarios-de-classe/index.htm#page2

Livro citado: Duna – Frank Herbert

 

Veja o próximo texto: http://sites.usp.br/tecnologiaseducom/acao-interacao-valorize/

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