Ação & Interação – Inovação

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A inovação para mudar a escola: A exceção para se fazer virar regra

Pensar ações inovadoras na escola pública parece uma tarefa difícil. Em meio às tecnologias atuais, o ensino básico, sem qualquer tipo de insumo incremental nas salas de aula, fica cada vez mais obsoleto frente às circunstâncias de ensino e aprendizado na sociedade. A realidade da escola ainda fica em voga com a lousa e o giz e mais nada. Mas como pensar em inovações acerca das limitações? Essa tarefa se mostra como exceção em alguns locais, mas a regra infelizmente é uma escola sem qualquer tipo de inovação em seu escopo.

Mesmo com a realidade escassa, ainda tem muitos educadores que experimentam novas formas de aprender e ensinar seja mapeando novos territórios para o aprendizado, compreendendo as mudanças no seu papel como professor, dando espaço para a criatividade e para o senso crítico ou adaptando-se às tendências e demandas do nosso tempo. Existem também ações dos próprios estudantes, que em suas organizações estudantis, como o grêmio escolar, também propõem e colocam na agenda da educação projetos que visam uma inovação, na maioria das vezes tecnológica.

No entanto, essas ações ficam centradas em propostas ou situações de indivíduos ou instituições, com o isolamento que os torna pouco sustentáveis. Muitas práticas inovadoras ficam restritas à figura de ação de um professor. Isso porque retomamos a questão da escassez de recursos, o que gera a ausência de uma plataforma ou programa para garantir essas tecnologias nas escolas.

Dentre este cenário os atores políticos possuem um papel decisivo na formulação de políticas públicas para inovar a educação brasileira. Além disso, a gestão possui meios para apoiar o processo de inovação de forma perene, com as secretarias de educação e suas equipes para se pensar em respectivas mudanças acerca das redes de ensino, podendo assim, agir como propulsores da transformação na educação.

Uma das coisas que está na mão dos gestores é avaliar boas políticas da área de educação, locais e focalizadas e assim implementá-las de acordo com os contextos das suas redes. E quando se fala de políticas inovadoras, não são somente práticas previstas, mas algo disruptivo e claro, pois só assim temos uma garantia maior de que elas podem se sustentar e permear para além de gestores ou governos como um todo. Uma prática de continuidade na escola pública.

Exemplos de bons projetos na área da inovação, com ascensão da tecnologia são por exemplo o EJA do CEU EMEF Manoel Vieira de Queiroz Filho, realizado em Parelheiros, na periferia de São Paulo, trabalhando cultura maker e robótica com sucata. Esse projeto consiste em trabalhar a produção e consumo sustentáveis associando ao tema a linguagem de programação, o pensamento computacional, o trabalho em equipe e o protagonismo estudantil, uma vez que permitiu ao educando pesquisar, planejar, executar e apresentar um projeto com o qual ele se identificava. Ou seja, uma forma diferente e nova de se ensinar e aprender conhecimentos.

Dessa mesma forma, o projeto de Compartilhamento de práticas inovadoras para acesso a serviços públicos de mobilidade ativa, da EMEF Prof. Rosangela Rodrigues Vieira, no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, visa compartilhar conhecimentos entre crianças e profissionais da área de mobilidade ativa e coletiva, assim gerando um material considerável e viável nas ações de tecnologia e informação da comunidade.

Outro projeto também que visa incluir inovação e aprendizado para estudantes de escolas públicas veio da EMEF Brigadeiro Haroldo Veloso, no bairro de Itaquera, onde garantiu o ensino e aprendizado das linguagens de programação e ações tecnológicas, com salas de aulas, com a promoção de equipamentos tecnológicos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para alunos com deficiência, transtornos do desenvolvimento ou superdotação a exemplo.

E mesmo sendo uma parceria com a iniciativa privada, o chamado projeto RoboLab – Conectando a Educação ao Futuro, leva até as escolas públicas de São Paulo, desde 2018, aulas na área de inovação e robótica. Algumas escolas desenvolveram bons projetos, foram premiados na educação paulista e geraram um bom engajamento da comunidade escolar.

Ainda, infelizmente, vivemos com indicadores sociais e educacionais nos quais são realidades quando se fala em escola pública. Faltam equipamentos públicos, faltam insumos escolares, faltam aparatos que possam condizer e levar a formação do senso crítico e orgânico das crianças e jovens das escolas públicas.

Porém, como bem foi mencionado, as condicionalidades de uma escola pública não quer dizer bem que não tenha insumos e equipamentos para a realização de projetos em suas localidades. Entendo assim as exceções, é possível encontrar bons projetos e boas atividades que consigam atingir bons frutos e gerar não só o senso crítico e orgânico, como também o ensino e aprendizado destes locais com inovação.

É possível pensar, interagir e disseminar esse conteúdo para a rede como um todo. É possível pensar numa escola pública acolhedora, prestativa e necessária nos tempos atuais, transformar a educação é garantir que nossas crianças e jovens, tenham um bom futuro, que transforme não só a comunidade em que vivem, mas o mundo.

 

Veja o próximo texto: http://sites.usp.br/tecnologiaseducom/acao-interacao-dias-melhores/

 

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