O Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na escrita, também conhecido por disortografia, é caracterizado por comprometimentos relacionados a ortografia, gramática e redação, mesmo que o indivíduo possua capacidade intelectual. Dessa forma, indivíduos, com dificuldades para aprendizagem neste campo, provavelmente são alunos que terão limitações ou comprometimentos na aprendizagem no ensino fundamental.
Segundo Hudson, 2019 , podem ser encontrados os seguintes erros:
“Erros de caráter linguístico-perceptivo – omissões, adições e inversões de letras, de sílabas ou de palavras; – troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoramente (“faca”/“vaca”).
Erros de caráter visoespacial – substitui letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (“b”/“d”); – confunde-se com fonemas que apresentam dupla grafia (“ch”/“x”); – omite a letra “h”, por não ter correspondência fonêmica. ¨
Erros de caráter visoanalítico – não faz sínteses e/ou associações entre fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer sentido.
Erros relativos ao conteúdo – não separa sequências gráficas pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta sílabas pertencentes a duas palavras (“nodiaseguinte”) ou separa palavras incorretamente.
Erros referentes às regras de ortografia – não coloca “m” antes de “b” ou “p”; – ignora as regras de pontuação; esquece-se de iniciar as frases com letra maiúscula; – desconhece a forma correta de separação das palavras, a mudança de linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen.”
Existe associação entre a dificuldade de leitura e de escrita?
Geralmente, encontram-se maiores dificuldades na escrita do que na leitura, uma vez que esta já proporciona o modelo gráfico pronto, exigindo apenas a decodificação.
Já a escrita, exige que o modelo gráfico seja construído internamente no processador ortográfico, de forma que possa ser resgatado pela memória e reproduzido. Esta é uma das possibilidades que associam aquelas crianças com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita inicialmente, tornam-se alunos com maiores dificuldades na escrita posteriormente.
A intervenção junto de alunos com disortografia deve utilizar amplas técnicas, que não sejam relacionadas apenas a correções ortográficas, mas sim uma percepção auditiva, visuo-espacial e memória auditiva e visual.
Ou seja, as intervenções além de multiprofissionais, associando o trabalho do Fonoaudiólogo e professores, devem intervir em duas vertentes: as ocorrências associadas a disortografia e os erros ortográficos propriamente ditos.
Referência
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM–5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Fernández, Amparo Ygual et al. Avaliação e intervenção da disortografia baseada na semiologia dos erros: revisão da literatura. Revista CEFAC [online]. 2010, v. 12, n. 3 [Acessado 28 Novembro 2021] , pp. 499-504. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-18462010005000056>. Epub 11 Jun 2010. ISSN 1982-0216. https://doi.org/10.1590/S1516-18462010005000056.
Hudson, Diana. Dificuldades específicas de aprendizagem: Ideias práticas para trabalhar com: dislexia, discalculia, disgrafia, dispraxia, Tdah, TEA, Sindrome de Asperger e TOC. 1º edição. Editora Vozes. 2019.