Pesquisa

DIETA DE POPULAÇÕES PRÉ-COLONIAIS NO LITORAL DO BRASIL

Pesquisadora responsável: Msc.  Jéssica Cardoso [info] (jessicacardoso@usp.br)
Tipo de pesquisa: Doutorado

Co-tutela: Universidade de São Paulo e Université Toulouse III Paul Sabatier.

Orientadores: André Strauss (strauss@usp.br) e Klervia Jaouen (klervia.jaouen@get.omp.eu)

A costa brasileira abrange um amplo conjunto de ecossistemas tropicais e subtropicais ocupados por populações humanas desde o Holoceno Médio até os dias atuais. Evidências complexas de interação entre grupos humanos pré-coloniais e ambientes costeiros estão materializadas em sítios arqueológicos caracterizados por grandes acúmulos de vestígios de fauna, principalmente moluscos e peixes, conhecidos como sambaquis. A ocupação dessas populações teve início há pelo menos 8 mil anos atrás, no qual se expandiu até a chegada de grupos ceramistas.

Com o intuito de colaborar com a geração de dados arqueológicos e biológicos, esse projeto tem como objetivo o desenvolvimento de uma série de análises de assinaturas isotópicas de Zinco para obtenção de novos dados a respeito da dieta de populações costeiras do Brasil pré-colonial. Os sítios arqueológicos selecionados para pesquisa estão localizados nas regiões sul e sudeste, mais especificamente nos estados de Santa Catarina e São Paulo. Além de estabelecer novas informações científicas a respeito da dieta e estilo de vida de populações que ocuparam o território brasileiro em períodos pré-coloniais, essa pesquisa também irá colaborar para discussões e hipóteses levantadas pela arqueologia brasileira a respeito da descontinuidade da construção de concheiros e do desaparecimento de grupos sambaquieiros.

 

Identificar a proporção do consumo de moluscos é um fator-chave para entender a exploração de recursos aquáticos e sua relação com o desenvolvimento biológico e cultural de grupos costeiros pré-coloniais. Porém, nem sempre os métodos tradicionais da arqueologia são eficazes para distinguir esse consumo e a sua importância nutricional. Por isso, em uma parceria com o Projeto ARCHEIS (financiado pela European Research Counsil, ERC e Centre National de la Recherche Scientifique, CNRS), iremos inaugurar as análises de assinaturas isotópicas de Zn em coleções arqueológicas de contextos brasileiros, permitindo um novo olhar para sítios e coleções amplamente conhecidas.