Pesquisa

PADRÃO DE MOBILIDADE DOS GRUPOS HUMANOS ENCONTRADOS NO BRASIL CENTRAL DURANTE O HOLOCENO INICIAL: UM ESTUDO ISOTÓPICO SOBRE A DINÂMICA OCUPACIONAL DAS PAISAGENS REGIONAIS.

Pesquisadora responsável: Me. Lisiane Müller [info] (l.muller@ib.usp.br)
Tipo de pesquisa: Mestrado (Programa da Genética do Instituto de Biociências da USP)
Orientação: Prof. André Strauss (MAE-USP) e Prof. Rui Sérgio Sereni Murrieta (IB-USP)
Orientação externa: Prof. Domingo Carlos Salazar-Garcia (Universidade de Cape Town)

Possui graduação (Bacharelado) em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Lagoa Santa – localizada no centro sul do Estado de Minas Gerais a cerca de 30 km ao norte de Belo Horizonte – é uma região com ricos depósitos paleontológicos e arqueológicos conhecida internacionalmente desde 1840, com os primeiros estudos sendo realizados pelo naturalista dinamarquês Peter Lund. Dentre os aspectos investigados nessas pesquisas, a mobilidade humana costuma ser explorada, majoritariamente, de forma coadjuvante e/ou sob um viés extremamente prático-funcional, limitando a ampliação das dimensões intelectuais que explorem evidências sobre a dinâmica ocupacional das paisagens. Este trabalho utilizou a mobilidade como um elemento central de pesquisa e teve como objetivo investigar o padrão de mobilidade de caçadores-coletores que ocuparam o planalto central brasileiro durante o Holoceno Inicial (11 mil a 8mil anos AP) através das assinaturas isotópicas de estrôncio (87Sr/86Sr). Em específico, os grupos analisados foram encontrados nos sítios da Lapa do Santo e do Grande abrigo de Santana do Riacho, ambos no contexto arqueológico da região de Lagoa Santa – Minas Gerais. Os resultados demonstraram uma grande especificidade nas faixas de valores isotópicos (87Sr/86Sr) nas duas populações, corroborando para grupos humanos que compartilhavam, em maioria, origem geográfica local, com sistemas de assentamento-subsistência focados, principalmente, em recursos locais. A integração dos resultados isotópicos com dados bioarqueológicos e arqueológicos locais disponíveis se mostraram fundamentais para ampliar e permitir análises integrativas sobre padrões comportamentais e de mobilidade intersítios, revelando singularidades e populações com padrões de mobilidade local diferenciadas, demonstrando complexidade social e alguma especificidade para os territórios ocupados.

Lisiane Müller