Estimados colegas
É com imenso pesar que informo que hoje faleceu, em São Paulo, Regis Duprat.
Para os que não o conheceram de perto, posso dizer que Regis era generoso, mas enérgico na luta pelos seus princípios. Era um humanista “das antigas” e um professor generoso, afetuoso e compromissado com a excelência na musicologia. Vibrava com o conhecimento e estava sempre disposto a novas aventuras para alcançá-lo. Esteve presente em grandes momentos da música brasileira. Tocou viola regido por grandes nomes como Camargo Guarnieri e Villa Lobos. Foi orientando de Sérgio Buarque de Holanda e Fernand Braudel (sua graduação era de história). Em Paris frequentou aulas com Jacques Chailley. Regressando ao Brasil ingressou no corpo docente da Universidade de Brasília, com grandes nomes, inclusive com Rogério Duprat, seu irmão. Foi deposto do cargo pelo Golpe Militar de 1964, voltou às fileiras universitárias na UNESP e, posteriormente, na USP onde se aposentou. Junto aos músicos da Vanguarda Paulista, confeccionou o Manifesto Música Nova (com certeza grande parte desta redação saiu de seu punho), que foi publicado na Revista Musical Chilena em 1963. Suas pesquisas e publicações sobre o passado musical do Brasil colônia redefiniram paradigmas (aliás, gostava deste conceito… paradigmas). Foi incansável na busca por reposicionar seus pensamentos, sempre atento aos movimentos da intelectualidade num exercício crítico de profunda erudição. Na universidade contribuiu para a formação dos programas de pós-graduação. Mas a grande contribuição foi na formação de novos musicólogos. Era um mestre que agregava, que plantava no aluno o gosto pela pesquisa. Não concebia, jamais, o ensino dissociado da pesquisa. E assim formava grupos de alunos, uma cascata deles, com a mão na massa nas transcrições, catálogos e indagações estéticas. Não há, em quem conviveu com ele, uma linha que não tenha algo que não foi soprado por ele.
Aos que o conheceram, e se o conheceram bem, fica minha solidariedade. O mundo fica mais pobre sem o Regis.
Por fim, estendo minha palavras à Maria Alice. Obrigado por tê-lo feito feliz. Ficaremos aqui levando seu legado.
Obrigado meu querido amigo, e mestre, Regis Duprat. Vai em paz.
Prof. Dr. Diósnio Machado Neto