Modelagem para sistematização das atividades educativas

25/10/2021

BOLSISTAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Amanda Trindade Lacerda, Jennyfer Lopes de Souza, João Victor Rosário de Abreu, Sandra Márcia Guilherme Gomes e Vitória Gabriela Picolo

ORIENTADORA

Profª Draª Eunice Almeida da Silva

Esta investigação está inserida na Linha de Pesquisa Educação Permanente e Atenção Primária à Saúde do GIEPS.

OBJETIVOS:

A pesquisa tem como finalidade:
1 – Analisar os aspectos sociais, econômicos e epidemiológicos dos profissionais de saúde da região Leste da cidade de São Paulo;
2 – Analisar e avaliar as atividades educativas realizadas pelos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde.

Esse projeto faz parte de um projeto maior intitulado Observatório de atividades educativas para profissionais dos sistemas públicos de saúde.

MÉTODOS E PROCEDIMENTOS:

A amostra foi constituída por 134 profissionais de diferentes categorias, que se voluntariaram para participar da pesquisa. Sendo que destes, 91 (68%), de fato, realizaram entrevistas. Os demais profissionais (32%) não retornaram o contato ou não acessaram as plataformas no dia e horário pré definidos. As entrevistas aconteceram no período de setembro a outubro de 2020 e foram realizadas pelos bolsistas que receberam um treinamento prévio, realizado pela professora responsável pela pesquisa. As entrevistas foram agendadas previamente e realizadas por chamada de vídeo pelas plataformas: Google Meet, Zoom e WhatsApp.
Os participantes da pesquisa foram profissionais de 11 Unidades Básicas de Saúde, localizadas na zona leste da cidade de São Paulo e que são administradas por uma Organização Social de Saúde (OSS).
Após o agendamento e realização das entrevistas os bolsistas realizaram as transcrições das falas dos profissionais entrevistados, sob orientação da docente responsável pela pesquisa. A sistematização, categorização e análise dos
dados foram realizadas em duas etapas: na primeira consolidou-se apenas os dados quantitativos das perguntas fechadas da entrevista; na segunda etapa, consolidou-se os dados qualitativos por meio de categorização e análise de
natureza descritiva. Para referendar as análises sobre os dados quantitativos da pesquisa foram utilizados como base dados do IBGE, as análises qualitativas foram guiadas por ideias de autores que trabalham com a temática.

RESULTADOS:

Os resultados revelaram que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) representam a maior porcentagem dos profissionais entrevistados, cerca de 46,1%, em seguida, os enfermeiro(a)s, equivalente a 9,9%. Além disso, 46,8% dos profissionais têm entre 25 a 34 anos de idade, sendo 8,8% pessoas autodeclaradas negras, 15,4% mulheres, com estado civil casada, exercem  cargo de Agente Comunitário de Saúde (ACS). 96,7% se auto declararam heterossexuais, de nacionalidade brasileira e oriundas do estado de São Paulo, 33,0% dos profissionais possuem um
filho(a), cerca de 62,2% tem moradia própria, predominando a religião evangélica com 39,6% profissionais.
No que diz respeito à escolaridade, 46,2% dos profissionais possuem ensino superior com 5 a 15 anos de formação, também provêm de instituições privadas e falam apenas o idioma português. Quanto ao tempo de trabalho nas UBS,
85,7% dos profissionais estão trabalhando no local há pelo menos 5 anos; 90,1% disseram não possuir outro emprego; 70,3% residem na mesma região onde trabalham; 48,3% deslocam-se a pé até o posto de trabalho, seguido de 38,5% que usam carro próprio/ moto/ bicicleta para dirigir-se ao trabalho. Quanto às características da região da
UBS de atuação citadas pelos profissionais, as mais recorrentes foram: aspectos relacionados à vulnerabilidade, doenças comuns, escolaridade e alimentação. Dentre os entrevistados, 76 pessoas (85,7%) já participaram de atividades educativas, porém a taxa de participação como ouvinte é maior (65,8%) em relação à taxa de quem participou da elaboração dessas atividades (34,2%). Embora a maior parte admita não conhecer a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde – PNEP (75.8%) – (Brasil, 2018), a maioria respondeu que as atividades educativas estavam alinhadas com a PNEPS, como mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 1: Conhecer ou não a PNEPS
Fonte: Entrevistas realizadas com os profissionais da saúde, 2020

As estratégias pedagógicas mais utilizadas nas atividades educativas foram: palestras, rodas de conversa, dinâmicas e exposição de temas. O público alvo das atividades educativas foi, majoritariamente, enfermeiro(a)s, ACS, auxiliares/ técnicos de enfermagem. A modalidade mais usada nas atividades foi presencial, e os materiais mais utilizados foram vídeos, protocolos, folhas/ folhetos, panfletos informativos e outros (lápis, caixa, papel, figuras, laranjas). Nenhum participante relatou ter avaliado as atividades educativas que participou e, também nenhum foi submetido a métodos avaliativos, mas 78,9% constataram ter percebido mudanças no comportamento dos participantes após terem participado das atividades educativas oferecidas. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram os que mais participaram de atividades educativas com temáticas relacionadas à COVID-19.

CONCLUSÃO:

Os achados resultantes do desenvolvimento desta pesquisa mostram a importância de se considerar o perfil profissional na elaboração das atividades educativas oferecidas aos profissionais que atuam na atenção primária à
saúde. Os achados também mostram que pelo perfil profissional essas atividades podem ser modeladas conforme o interesse de cada profissional e sua respectiva categoria profissional. Os resultados deste projeto apontam para os
próximos passos de desenvolvimento para a criação de um modelo de sistematização das atividades educativas, referendadas nas bases da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, oferecidas aos profissionais que atuam na rede de Atenção Primária à Saúde, do município de São Paulo.

REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Panorama – São Paulo, 2020. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/panorama> Acesso em: 05/09/2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde: o que se tem produzido para seu fortalecimento?, 2018. Ed. 1. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_permanente_saude_fortalecimento.pdf> Acesso em: 05/09/2021