OFICINA DE DIREITO AMBIENTAL Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
Facebook
09/11/2016

A COP 22 em xeque com a vitória de Donald Trump

*André de Castro dos Santos

 

Ao contrário da COP 21, que ocorreu em Paris, em 2015, a COP 22, iniciada na última segunda-feira (07), em Marraquexe está longe dos holofotes da mídia.

Com o principal objetivo de regulamentar e reforçar as decisões estabelecidas pelo Acordo de Paris, a COP 22 sofre um grande revés logo no terceiro dia de negociações. A vitória de Donald Trump no pleito estadunidense pode minar os esforços diplomáticos multilaterais e representar muitos passos atrás no combate às mudanças climáticas.

Durante sua campanha, Trump afirmou que “cancelaria” o Acordo de Paris, e que cortaria todos os esforços norte-americanos à mitigação das mudanças climáticas. Além disso, propôs o aumento das explorações de petróleo e de gás de xisto e questionou o consenso científico que baseia as negociações internacionais sobre o aquecimento global.

Embora as ideias de Trump não sejam unânimes no Partido Republicano, vale lembrar que o último presidente eleito por este partido nos Estados Unidos, George Walker Bush, foi um dos principais responsáveis pela pouca efetividade do Protocolo de Quioto, no início da década de 2000, utilizando-se do mesmo padrão argumentativo utilizado, agora, por Trump.

A COP 21 e o Acordo de Paris tiveram fundamental importância histórica por projetar as discussões sobre o clima. A conferência do clima de 2015 reuniu um número recorde de chefes de Estado sob um mesmo teto e teve intensa cobertura midiática. A eleição de Trump faz esconder ainda mais a COP 22 da atenção internacional e pode significar grandes retrocessos aos avanços de Paris.

O que poderá frear essa onda conservadora e antiambientalista que parece estar se formando com a eleição de Trump? Como as empresas estadunidenses responderão às novas diretrizes de seu governo? Estariam os empresários norte-americanos convencidos de que a transição para a economia de baixo carbono é o caminho a ser seguido? Ou os encantos do baixo custo dos combustíveis fósseis em relação às fontes renováveis mudarão a tendência observada em Paris?

A COP 22 ocorre em uma semana na qual o mundo tem muito mais perguntas que respostas.