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Do futuro do pretérito

  É uma daquelas coisas da vida que correm o risco de ganhar ares melancólicos se você parar para pensar demais sobre elas (como a própria Vida, por exemplo). Mas que coisa curiosa que acrescentar três ou quatro letrinhas ao final das palavras (para refrescar a memória, os clássicos exemplos dos livros de gramática: amaria, beberia, partiria) seja capaz de exprimir sentimento que às vezes escapa até da mais fina poesia. Contar de algo que não é o nosso presente mas seria, tivesse o passado sido outro. Qual outro? Também não sei, mas me parece incrível que aprendamos, via linguagem, a abstrair isso.

É um tempo que foge da gramática para mostrar que o presente é mais que o passado acrescido de algumas voltas no relógio. E, nessa fuga poética, torna-se tempo das noites insones e dos cartões postais que nunca chegaram a ser enviados.

Texto Por Mariana R. Stefani

 

Não foi uma história triste

Nem foi tão feliz assim

Não foi sequer história

Se acabou sem ter um fim

Tó Brandileone

 

Se… se… . Sim, mas se é sempre uma coisa que não aconteceu: e se não aconteceu, para que supor o que seria se ela fosse?

Fernando Pessoa