Por Rafael Affonso de Miranda Alonso
Por Rafael Affonso de Miranda Alonso
Nome oficial | Commonwealth of the Bahamas |
Localização | Grupo de ilhas do Mar do Caribe e oceano Atlântico norte a sudeste da Flórida e nordeste de Cuba |
Estado¹ | Monarquia constitucional, tendo como chefe de Estado a rainha da Inglaterra, e governo parlamentar |
Idiomas | Inglês (oficial) e crioulo |
Moeda | Dólar das Bahamas |
Capital¹ | Nassau (267 mil hab. em 2014) |
Superfície¹ | 13.880 km² |
População² | 360, 4 mil (2010) |
Densidade demográfica² | 26 hab./km² (2010) |
Distribuição da população³ | Urbana (82,55%), rural (17,45%) (2010) |
Analfabetismo⁴ | 4,2% (2005) |
Composição étnica¹ | Negros (90,6%), brancos (4,7%),mestiços (2,1%), outros (1,9%) não especificado (0,7%) (2010) |
Religiões¹ | Protestantes (69,9%), católica romana (12%), outras cristãs (13%), outras (0,6%) nenhuma (1,9%), nao especificada (2,6%) (2010) |
IDH⁵ | 0,789 (2013) |
IDH⁵ no mundo e na AL | 51° e 5° |
Eleições¹ | Governador-geral indicado pela rainha da Inglaterra. O primeiro-ministro é eleito pelo Legislativo bicameral, composto pela Assembleia de 38 membros e o Senado de 16 membros, com eleições a cada 5 anos. |
Fontes:
¹ CIA. Worl Factbook
² ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
³ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
⁴ CEPALSTAT
⁵ ONU/PNUD. Human Development Report, 2014
Situado no Atlântico norte, o arquipélago das Bahamas é composto por cerca de setecentas ilhas, das quais somente trinta são habitadas. Com área total de 13.949 km², tem como principais vizinhos os Estados Unidos e Cuba. São também seus vizinhos o Haiti e Turkis e Caicós, ambos a sudeste. Da sua população total, cerca de 323 mil habitantes (2005), 86% são afrodescendentes. As ilhas mais importantes são Nova Providência (onde fica a capital Nassau), Grande Bahama, Andros, Ábaco, Eleuthera, Grande Exuma, Biminis e Long Island. Nas duas primeiras, concentra-se em torno de 80% da população do país. O idioma oficial é o inglês.
A erradicação de um ramo aruaque
Foi neste arquipélago, habitado pelos lucaienses (subgrupo dos aruaques), que o navegador genovês Cristóvão Colombo travou o primeiro contato com os nativos. Foi no dia 12 de outubro de 1492, na ilha conhecida pelos indígenas como Guanahani, depois batizada como Watling (nome de um pirata que se instalaria nela) ou ainda São Salvador, como passou a chamá-la Colombo. O nome do arquipélago, Bahamas, é uma corruptela da expressão “ baja mar ”, que teria sido dita por Colombo após observar a pouca profundidade das águas no entorno das ilhas.
A população nativa – cerca de 40 mil pessoas – recebeu amistosamente os europeus, mas foi dizimada pelos colonizadores no quarto de século seguinte, devido a doenças, guerras e trabalhos forçados nas minas da vizinha Ilha de Hispaniola, onde atualmente ficam o Haiti e a República Dominicana.
Como as ilhas não dispunham das riquezas minerais que os espanhóis buscavam, foram abandonadas nas décadas seguintes e se tornaram objeto de disputa entre outras potências coloniais europeias. Somente em meados do século XVII, os ingleses começaram a se instalar na região, que também servia como refúgio para os piratas que atacavam as embarcações carregadas de ouro e prata.
Em 1648, um grupo de colonos puritanos oriundos das Bermudas fundou Eleuthera (em grego, liberdade), um povoado para a prática livre de sua fé religiosa. Anos mais tarde, outros britânicos fundaram Charlestown (atual Nassau) na ilha de Nova Providência. Em 1718, o primeiro governo real, sob o comando do antigo pirata Woodes Rogers, conseguiu impor ordem nas ilhas, expulsando os corsários.
Mais tarde teve início o cultivo de produtos para exportação nas ilhas, destacando-se o algodão. Com as guerras de independência na América do Norte, um grande número de britânicos leais à Coroa partiu com seus escravos para as Bahamas.
A proximidade dos Estados Unidos fazia com que fatos acontecidos neste país tivessem grande influência nos negócios internos das Bahamas, como ocorreu durante a Guerra Civil, com os portos das Bahamas servindo como rota para o escoamento do algodão produzido pelos confederados para a Inglaterra, neutralizando o bloqueio naval do Norte; ou durante a vigência da Lei Seca (Prohibition Act) nos Estados Unidos (1919-1933), quando o porto de Nassau experimentou uma fase de intensa atividade, como uma das bases do comércio clandestino de bebidas alcoólicas.
Na década de 1930, começaram as atividades do turismo nas Bahamas, que dez anos depois já representariam a principal fonte de negócios do país. Nessa época, foram realizados os primeiros voos comerciais para a colônia caribenha. Com a Segunda Guerra Mundial, os britânicos instalaram duas bases aéreas na região.
Independência e política interna
Na década de 1950, surgiram os primeiros sindicatos e partidos políticos das Bahamas. Em 1953, foi fundado o Partido Liberal Progressista (PLP) e, em 1958, o Partido Unido das Bahamas (PUB). O PLP defendia ideias nacionalistas e libertárias e a população negra que, apesar de largamente majoritária, sofria discriminação racial e impedimentos legais de direitos. O PUB representava a parcela mais rica e branca da população.
Em 1956, foram aprovadas resoluções antidiscriminatórias que reforçaram a imagem do PLP perante os afrodescendentes. As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas por um agudo clima de polarização racial.
Em 1964, importantes mudanças constitucionais foram introduzidas visando uma maior autonomia para a colônia. O governo passou às mãos de um premiê (cargo equivalente ao de primeiro-ministro). Três anos mais tarde, foi estabelecido o Legislativo, dividido em Senado e Câmara dos Deputados.
Apesar da sua popularidade, o PLP só conseguiu chegar ao governo em 1967– quando Lynden Oscar Pindling, há muitos anos líder da oposição, tornou-se premiê das Bahamas. A autonomia completa nos negócios internos foi alcançada em 1969, quando o país passou a se chamar Commonwealth of the Bahamas.
Em 1971, a oposição conservadora reagrupou-se em uma nova sigla, o MNL (Movimento Nacional Livre) – o novo partido reunia antigos membros do PUB e de outras agremiações. Mas as eleições gerais de 1972 indicaram nova vitória do PLP, que conduziria o processo de independência. Em 10 de julho de 1973, foi proclamada oficialmente a independência das Bahamas.
Até meados da década de 1980, o PLP desfrutou de uma popularidade incontestável. Pindling – um líder extremamente popular e carismático – soube capitalizar o seu comprometimento com a causa da independência do país para garantir uma transferência pacífica de poder da pequena elite branca para um governo representativo da maioria negra. Os investimentos públicos realizados na área da habitação, educação e assistência social consolidaram a imagem de comprometimento de Pindling com a melhoria das condições de vida da maioria da população.
Em meados da década de 1980, a longa permanência no poder do PLP sob o governo de Pindling começou a mostrar os primeiros sinais de desgaste. Em 1983, uma denúncia feita por uma rede de televisão norte-americana envolveu o primeiro-ministro e outros membros do governo com o tráfico de drogas. Apesar de a investigação oficial não ter encontrado provas concretas, o episódio desgastou muito o partido e o governo enfrentou diversas baixas e defecções.
A questão do tráfico de drogas e a entrada maciça de imigrantes ilegais haitianos exerceram forte influência sobre a política das Bahamas ao longo das décadas de 1980 e 1990. Mesmo em meio à crise, o PLP saiu vitorioso nas eleições de 1987, e Pindling obteve mais um mandato, o sexto consecutivo, apesar dos protestos e denúncias de fraudes feitos pela oposição. Nessa época, já não havia a polarização racial: os dois principais partidos políticos nacionais eram compostos majoritariamente por negros.
Apenas em 1992, o MNL conseguiu ganhar as eleições e indicou Hubert Ingraham como primeiro-ministro. O novo governo pôs em prática uma política de liberalização financeira mais agressiva e também a recuperação da indústria do turismo, afetada pela imagem que se cristalizou nas relações do governo do país com o tráfico de drogas. O desemprego nas Bahamas agravou-se pela incessante entrada de haitianos e cubanos ilegais para trabalhar ou tentar alcançar os Estados Unidos. O problema levou o governo a negociar uma série de acordos com os países vizinhos, para repatriar parte dos refugiados.
Em 2002, o PLP voltou ao poder com um novo primeiro-ministro, Perry G. Christie, que governou até 2007. Christie foi reconduzido ao cargo em maio de 2012.
Economia, acordos e paraíso fiscal
O turismo consolidou-se como a maior fonte de renda do país (40% do PIB em 2004). Em 1974, o governo passou a investir diretamente no setor, com a montagem de uma empresa estatal, o Hotel Corporation of the Bahamas, proprietária de sete grandes hotéis, além de marinas e cassinos. Em 1995, o governo do MNL começou a se desfazer desse patrimônio, após denúncias envolvendo o Hotel Corporation e o governo anterior. O setor empregava cerca de metade da força de trabalho do país, que, em 2004, recebeu mais de 5 milhões de turistas (87% vindos dos EUA).
Com a intenção de diminuir a dependência da economia nacional em relação ao turismo, durante a década de 1960 as Bahamas começaram a se consolidar como paraíso fiscal. Na década de 1980, o setor financeiro tornou-se sua segunda atividade econômica mais importante, respondendo, na entrada do século XXI, por cerca de 15% do seu PIB.
Um dos seus principais problemas econômicos, atualmente, é o desenvolvimento desigual verificado entre as ilhas, com extrema concentração das atividades em Nova Providência e Grande Bahama, o que gera forte declínio populacional em algumas ilhas e pressão sobre as duas maiores. O desemprego crônico tem sido motivo de diversas crises no país, que tem uma produção agrícola bastante inexpressiva (3% do PIB) e importa 80% dos alimentos que consome. Do total das importações realizadas, 83,3% vêm dos EUA e, do total exportado, 77,5% vão para o mesmo país (2004).
Suas relações externas são influenciadas profundamente pela proximidade geográfica com os EUA, Cuba e o Haiti. Além de uma relação de dependência econômica absoluta, a questão do tráfico de drogas tem dominado a agenda externa entre os EUA e as Bahamas. Cuba e principalmente o Haiti são a maior fonte de imigrantes ilegais das Bahamas.
Com a vigência de tratados sobre a questão, muitas extradições já ocorreram. Em 1987, estimava-se que havia cerca de 25 mil haitianos no país para uma população de aproximadamente 210 mil pessoas. A estimativa de 2005 é que viviam entre 30 mil e 50 mil haitianos nas Bahamas entre residentes legais e clandestinos.
Bibliografia
MEDITZ, Sandra W. e HANRATTY, Dennis M. (Ed.). Islands of the Commonwealth Caribbean: a regional study. Washington, DC: Federal Research Division, Library of Congress, 1989 (Disponível em http://lcweb2.loc.gov/frd/cs/cxtoc.html)
Sites
- http://www.bahamas.com/bahamas/index.aspx
- http://www.freenationalmovement.org/
- http://www.geographia.com/bahamas/
- http://www.georgetown.edu/pdba/Parties/Resumen/Bahamas/desc.html
- http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/country_profiles/1154642.stm
- http://www.progressiveliberalparty.com
- http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/1857.htm
Indicadores demográficos e socioeconômicos das Bahamas
1950 | 1960 | 1970 | 1980 | 1990 | 2000 | 2010 | 2020* | |
População (em mil habitantes) |
79 | 110 | 169 | 211 | 256 | 298 | 360 | 410 |
• Sexo masculino (%) | 46,424 | 47,83 | 49,53 | 49,64 | 49,61 | 48,71 | 48,88 | … |
• Sexo feminino (%) | 53,58 | 52,17 | 50,47 | 50,36 | 50,39 | 51,29 | 51,12 | … |
Densidade demográfica (hab./km²) |
6 | 8 | 12 | 15 | 18 | 21 | 26 | … |
Taxa bruta de natalidade (por mil habitantes)** |
33,68 | 33,59 | 27,15 | 27,14 | 23,49 | 15,65 | 15,3* | 14,0 |
Taxa de crescimento populacional** |
2,28 | 4,92 | 2,18 | 2,16 | 1,77 | 2,00 | 1,45* | 0,96 |
Expectativa de vida ao nascer(anos)** |
60,03 | 63,71 | 66,61 | 69,08 | 71,12 | 73,17 | 75,1* | 76,8 |
População entre 0 e 14 anos (%) |
39,25 | 42,39 | 42,16 | 36,96 | 32,44 | 29,28 | 22,49 | 20,9 |
População com mais de 65 anos (%) |
4,45 | 3,78 | 3,39 | 4,15 | 4,32 | 5,35 | 6,96 | 10,1 |
População urbana (%)¹ | 52,09 | 59,71 | 66,76 | 73,10 | 79,84 | 82,01 | 82,55 | 83,29 |
População rural (%)¹ | 47,91 | 40,29 | 33,24 | 26,90 | 20,16 | 17,99 | 17,45 | 16,71 |
Participação na população latino-americana (%)*** |
0,05 | 0,05 | 0,06 | 0,06 | 0,06 | 0,06 | 0,06 | 0,06 |
Participação na população mundial (%) |
0,003 | 0,004 | 0,005 | 0,005 | 0,005 | 0,005 | 0,005 | 0,005 |
Exportações anuais (em milhões de US$) |
… | … | … | 5.006,2 | 283,5 | 464,8 | 702,4 | … |
Importações anuais (em milhões de US$) |
… | … | … | 5.467,4 | 1.080,0 | 1.913,1 | 2.590,6 | … |
Exportações-importações (em milhões de US$) |
… | … | … | -461,2 | -796,5 | -1.518,3 | -1.888,2 | … |
Analfabetismo na população com mais de 15 anos (%)c |
… | … | 9,00 | 6,90 | 5,60 | 4,60 | 3,80 | … |
Matrículas no ciclo primário² |
… | … | … | 31.842 | 32.899 | … | 33.977 | … |
Matrículas no ciclo secundário² |
… | … | … | 30.224 | 26.835 | … | 34.406 | … |
Matrículas no ciclo terciário² |
… | … | … | 4.396 | … | … | … | … |
Professores | … | … | … | … | … | … | 5.239 | … |
Médicos | … | … | … | 197 | 370 | 495 | … | … |
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)³ |
… | … | … | … | … | 0,766 | 0,788 | … |
Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
² UNESCO Institute for Statistics. Não há dados para o número de professores no ciclo terciário
³ Fonte: UNDP. Countries Profiles.
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Conteúdo atualizado em 03/06/2017 17:27