Castanha-do-pará diminui risco de Alzheimer

Idosos que comeram uma castanha-do-brasil por dia, apresentaram melhora em bateria de testes realizados pela autora do estudo (AUN/USP)

Pesquisa contou com participação de idosos que comeram uma castanha-do-brasil por dia. Eles apresentaram melhora em bateria de testes realizados pela autora do estudo

Por Rafael Ihara, Agência Universitária de Notícias (AUN/USP)

Existem muitos mitos alimentares sobre o consumo de sementes e os seus benefícios para a saúde. Mas algumas crenças populares podem ser comprovadas em testes realizados por pesquisadores responsáveis, que utilizam métodos científicos para fazer descobertas. Podemos citar como exemplo a pesquisa de doutorado da nutricionista Barbara Rita Cardoso, e que foi realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Ela descobriu que consumir uma castanha-do-brasil por dia pode ser decisivo no tratamento e prevenção da doença de Alzheimer e, por isso, foi vencedora do Prêmio Jovem-Cientista de 2015 (cujo tema foi “Segurança alimentar e nutricional”).

Em 2007, em seu mestrado, Bárbara descobriu que pacientes com Alzheimer tinham uma quantidade muito pequena de Selênio no organismo. No doutorado, ela selecionou então um grupo de pacientes do ambulatório de memória dos idosos do departamento de geriatria do Hospital das Clínicas de São Paulo com declínio cognitivo leve (característica de pessoas mais propensas a desenvolver a doença de Alzheimer). Todos foram submetidos a uma bateria de testes aplicados por um neuropsicólogo.

Depois dessa etapa inicial e do registro dos resultados, Bárbara dividiu esse grupo em duas partes: um deles começou a comer todos os dias durante seis meses, uma unidade da castanha-do-brasil (por possuir a dose de Selênio próxima à ideal recomendada a um adulto). O outro, que serviu de controle, não consumiu as sementes (para verificar se os indivíduos do primeiro grupo apresentariam alguma alteração). Depois desse período de um semestre, Bárbara submeteu os dois grupos à mesma bateria de testes inicial, e percebeu uma melhora muito significativa no teste de fluência verbal (falar maior número de animais de que se lembravam no período de um minuto) e no de praxia construtiva (produção de cópias de desenhos geométricos).

Os pacientes que participaram do doutorado da nutricionista foram selecionados a partir de alguns critérios, como possuir idade igual ou maior a 60 anos, ter diagnóstico de comprometimento cognitivo leve, apresentar fluência na língua portuguesa, não apresentar doença neurológica ou psiquiátrica, nem preencher critério para desenvolvimento de Alzheimer. Também tinham que estar livres do consumo de castanha-do-brasil ou Selênio, e não possuir alergia alimentar à castanha.

 

Publicação original em AUN/USP