Atlas discute a Amazônia a partir de epistemes locais

Destacar a perspectiva de intelectuais orgânicos do território amazônico, de modo a contrapor a visão estereotipada sobre a região que ainda predomina na sociedade. Esse é um dos objetivos do Atlas da Amazônia Brasileira, publicação com 32 artigos acadêmicos, a grande maioria deles elaborada por autores originários de diferentes partes da Amazônia. São indígenas, quilombolas e ribeirinhos a apresentar uma concepção de relação com a natureza que tensiona o status quo neoliberal. Organizado pela Fundação Heinrich Böll, o material foi lançado nesta quarta-feira (23).

Floresta Nacional do Tapajós. Foto: Pedro Martins

É a primeira edição totalmente pensada e produzida no Sul Global, o que representa uma mudança significativa tanto para a fundação, baseada na Alemanha, quanto para os leitores, que podem ter acesso a formas diferenciadas de pensar o mundo amazônico. Temáticas como direitos humanos, direitos dos povos indígenas, biodiversidade, agroecologia e justiça climática são algumas das que compõe os debates ao longo das 96 páginas do Atlas.

Uma das críticas que permeia toda a obra é relacionada ao atual modelo de desenvolvimento a nível nacional e regional. Sendo a Amazônia um território de grandes riquezas naturais, governos e empresas de diferentes segmentos atuam para explorar ao máximo esses recursos, com o suporte da retórica de um suposto “desenvolvimento sustentável”. Na prática, projetos de mineração e infraestrutura, além das monoculturas do agronegócio, causam, paulatinamente, o esgotamento das capacidades de resiliência dos ecossistemas locais.

No que se refere à governança climática, um dos artigos apresenta uma crítica frontal a “soluções que envolvem a financeirização da natureza” e alerta para a importância de que a COP30, a primeira a ser realizada na Amazônia, seja palco para a expressão de vozes e saberes amazônidas.

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