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SEGHID – Proposta de diretrizes e planos para a governança e segurança hídrica adaptativa: dimensões técnica, participativa e sustentabilidade, num contexto de mudanças climáticas, nas bacias hidrográficas do Alto Tietê e do Paraíba (2023-)

PROJETO FAPESP – FAPESQ – A presente proposta tem por base a contextualização das realidades hídricas de duas regiões, Médio Paraíba e Alto Tietê, situadas nos estados, respectivamente, da Paraíba e de São Paulo, cada vez mais afetadas pela escassez hídrica, com suas especificidades associadas à segurança hídrica. O projeto parte do pressuposto de uma governança adaptativa e da sustentabilidade para priorizar o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias sociais. Estas tecnologias promovem empoderamento e diálogo com diferentes segmentos da sociedade face às mudanças climáticas em contextos urbanos e periurbanos. Portanto, o projeto tem como objetivo central, de um lado, investigar e analisar práticas e planos, e, de outro, desenvolver e propor diretrizes e planos de ação de Segurança Hídrica adaptativa, que inclua as dimensões técnica, participativa e de sustentabilidade como pilares na formulação de uma dinâmica de governança hídrica, em contexto de mudanças climáticas, discutindo diretrizes para a atuação dos múltiplos atores nas bacias hidrográficas escolhidas nos estados envolvidos. A pesquisa será baseada em metodologias participativas centradas em pesquisa documental e bibliométrica, entrevistas semiestruturadas e abordagem de aprendizagem social, visando constituir uma rede de pesquisa em torno dessas duas regiões envolvidas, bem como um diálogo entre equipes e parceiros em torno das bacias hidrográficas que são vitais para o abastecimento público.

 

Abrigos climáticos no litoral de São Paulo

Tanto no Sul quanto no Norte globais, os impactos das mudanças climáticas podem ser sentidos com frequência e intensidade cada vez maiores. Em muitos lugares, o risco de desastres tornou-se uma condição crônica e contínua. Mais pesquisas são necessárias para tornar as cidades costeiras de crescimento particularmente rápido no Sul global mais resilientes às mudanças climáticas para reduzir o risco de deslocamento e migração. No Brasil, mais de um quarto da população vive em áreas litorâneas muitas em regiões vulneráveis e com moradias precárias, inclusive em locais com risco de deslizamentos e inundações. Para se adaptar melhor e resistir às emergências climáticas, esta proposta de pesquisa visa explorar, testar e moldar políticas locais participativas para a resiliência climática e o bem-estar da comunidade. Abordagens de pesquisa participativa permitem a cocriação de soluções adaptadas localmente com, para e pelas comunidades para melhorar sua resiliência de longo prazo. Nosso objetivo é explorar particularmente o conceito de ‘abrigos climáticos’ – como infraestrutura física e centros de bem-estar social – para aumentar a resiliência e o bem-estar de grupos vulneráveis, principalmente crianças, jovens e suas famílias em comunidades urbanas marginalizadas. O conceito de abrigos climáticos ainda não foi explorado no contexto brasileiro – lacuna que esta proposta busca preencher. O foco é a cidade litorânea de Santos, no estado de São Paulo, Brasil, que sofre de alta vulnerabilidade socioambiental como resultado do aumento do nível do mar, inundações e níveis de desigualdade e exclusão social. Ao mesmo tempo, o município de Santos demonstrou liderança no planejamento de adaptação climática local para desenvolver soluções inclusivas e de longo prazo, tornando-se um parceiro fundamental para este estudo piloto. A equipe de pesquisa no campo das ciências ambientais busca um diálogo interdisciplinar e internacional combinando abordagem intergeracional e experiências da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), junto a Universitat Autonoma de Barcelona (UAB), em colaboração com ONGs e formuladores de políticas locais. Reúne os principais conhecimentos das ciências ambientais, em diálogo com a sociologia e a gestão ambiental e costeira, políticas públicas, planejamento urbano e justiça climática. A proposta, portanto, estabelece a base para uma troca de conhecimento interdisciplinar inovadora e novas parcerias de pesquisa sobre adaptações justas a eventos climáticos extremos, pensamento de resiliência e práticas comunitárias transformadoras, vitais para o desenvolvimento de soluções de longo prazo por meio de um diálogo colaborativo Sul-Norte e com potencial de replicabilidade em outras regiões do país..