Movimento Internacional dos Ouvidores de Vozes

Uma mudança importante sobre a maneira como entendemos a audição de vozes partiu do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes.

O Movimento Internacional dos Ouvidores de Vozes (Hearing Voices Movement – HVM) nasceu na Holanda nos anos 1980 a partir da colaboração entre o psiquiatra Marius Romme e a ouvidora de vozes, Patsy Hage.

Mesmo fazendo uso de diferentes terapêuticas, Patsy continuava ouvindo vozes. Ela estava em busca de novas maneiras de conviver com a sua experiência.  

(Marius Romme e Patsy Hage em entrevista com Sonja Barend - 1987)

Em parceria e em colaboração com outras pessoas que tinham a mesma experiência, deram início ao Movimento de Ouvidores de Vozes. 

O Movimento valoriza a experiência de audição das vozes como um fenômeno significativo dentro do contexto de vida das pessoas e incentiva que cada um tenha caminhos alternativos para lidar. 

Ao compreender que diferentes pessoas atribuem diferentes significados para as suas experiências com as vozes, o Movimento trouxe uma mudança na forma como se entendia as vozes até então e propôs alguns princípios ou valores fundamentais.

Dentre os princípios/valores que constroem o movimento estão: 

  • reconhecer que a experiência de ouvir vozes não é um sinal de doença; 
  • trata a experiência de ouvir vozes como algo natural na experiência humana, considerando que todos nós temos o potencial para ouví-las;
  • a audição de vozes está frequentemente relacionada a questões socioemocionais presentes na história de vida do indivíduo, por isso é importante compreender a experiência dentro dos contextos de vida de cada pessoa;
  • as pessoas podem aprender a lidar com as suas vozes e mudar seu relacionamento com elas; 
  • aceitar a audição de vozes como realidade subjetiva a cada pessoa, aumenta a possibilidade de manejo da experiência;
  • aceitar que pessoas diferentes dão sentidos diferentes para suas vozes; 
  • grupos de pares são espaços seguros onde as pessoas podem falar abertamente sobre suas experiências, as pessoas podem construir novos sentidos sobre as vozes além de possibilitar a troca de estratégias em situações mais desafiadoras.