O que é afinal um serviço? – indaga o organizador deste livro, Mario Sergio Salerno. Para logo observar que “a classificação da atividade econômica em setores industrial e de serviços tem pouco poder explicativo sobre a dinâmica do trabalho e da produção nas empresas contemporâneas”. Bom exemplo dessa situação na atualidade, dado por ele, é o da compra de um bem como um automóvel. O que neste caso e na realidade se compra? Um produto físico, sim, mas igualmente um conjunto ou “pacote” de serviços: garantia, assistência técnica, financiamento. Pensando genericamente, compra-se um serviço de mobilidade, um status, para além do automóvel, que em princípio é o bem único a adquirir.
É difícil também caracterizar o serviço, e para dar exemplo da dificuldade, Salerno refere-se ao que ocorre na telefonia, um serviço de caráter público: “Para a produção desse serviço […] é necessária a mobilização de um contingente enorme de pessoas, em atividades tipicamente industriais como: instalação de redes, de fiação e de dispositivos vários na ruas; manutenção da rede; solda de cabos […]”. O senso comum relaciona a produção de serviço e a interação com o cliente – no entanto, nenhuma das atividades aí se dá nessa situação.
Questões como essas, que põem em foco o significado atual e potencial dos serviços e da relação de serviço, assim como outras referentes ao emprego, à produtividade e à avaliação do desempenho dos serviços, à “produção industrial” que eles obtêm e às relações de gênero que suscitam (“o trabalho feminino continua apresentando um status inferior ao masculino”, nota Salerno), encontram-se nestes estudos de cientistas sociais de destaque nacional e internacional.
Relação de serviço – produção e avaliação / Mario Sergio Salerno (organizador) – São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001. – (Série trabalho e sociedade)