Poda

Recomendações para o processo de poda

Tendo em mente que florestas urbanas adicionam grande valor à qualidade de vida dos moradores de uma cidade, e que, mesmo ao removê-las, elas ainda podem beneficiar a comunidade de outras maneiras, é importante realizar previamente, como parte do manejo da arborização, o inventário arbóreo. A descrição da árvore deve incluir: 

  • espécie, estágio do ciclo de vida;
  • dimensões: diâmetro na altura do peito (DAP), altura do chão até as primeiras ramificações, número de troncos;
  • saúde e condição geral da árvore, contaminantes, riscos;
  • acessibilidade e fatores físicos que possam complicar a remoção;
  • significância histórica, significância sentimental e característica única ou inovadora,
  • e proprietário.

Após reunir os dados de inventário, é possível determinar a adequação da árvore para transporte e processamento.  Geralmente, árvores em boa condição e com DAP > 30 cm podem ser usadas para produtos de madeira com valor agregado, como piso. Árvores menores e de menor qualidade podem ser usadas para usos industriais de menor valor, como para lenha. 

A distinção dos produtos vai depender também da sua própria capacidade para coletar, transportar e processar a madeira. Por exemplo, você pode ter uma árvore larga e de alta qualidade mas, sem habilidade de transportá-la, talvez seja a única ou mais econômica opção disponível seja transformá-la em “bolachas” ou toras de até 50 cm de altura. 

 

Aspectos técnicos da poda

Diversas prefeituras e institutos especializados fornecem diretrizes e recomendações para realização de podas, algumas das quais encontram-se na aba “biblioteca”. É fundamental que tais diretrizes sejam seguidas para minimizar os efeitos negativos do serviço sobre a saúde da árvore, já que sempre ela é um tipo de agressão à planta. 

No caso dos galhos maiores (de maior interesse para a proposta deste site, pelo potencial de uso da madeira), a literatura técnica recomenda a poda em 3 cortes, como na ilustração a seguir. O primeiro e o segundo corte, com o auxílio de cordas, possibilitam o direcionamento da queda do ramo, desviando de obstáculos como fios e edificações. O terceiro corte (aquele que secciona o galho) deve preservar o colar e a crista da casca intactos.

Tendo em vista que, quanto mais compridos forem os galhos de maior diâmetro, maiores as possibilidades de aproveitamento, torna-se ainda mais importante esta recomendação, para se evitar acidentes. Os equipamentos mais recomendados para as operações de poda e supressão são:

  • motoserra
  • motopoda com braço telescópico 
  • caminhão munck com garra para madeira ou 
  • trator com garra para madeira e carreta
  • mini serraria móvel
  • soprador aspirador folhas
  • serrote de poda com serra curva
  • kit A02 – arboricultura poda em árvores completo
  • escada extensível
  • carretilhas,  corda de sisal e vara de manobra
  • caçambas
  • picador

E para garantir o melhor aproveitamento posterior da madeira

Alguns procedimentos logo após a realização da poda são fundamentais:

  • identificar a espécie da árvore no local;
  • separar os resíduos por diâmetro, também no local;
  • definir um sistema de codificação das espécies e marcar cada galho potencialmente aproveitável como madeira, com o código correspondente;
  • proteger as 2 pontas das seções de galhos com polietilenoglicol (PEG), para preservar a madeira, impedindo e retardando sua degradação, e o encolhimento.
  • destinar os galhos passíveis de aproveitamento em pátio de triagem e pré-tratamento, separados por espécie.

O fluxograma a seguir aponta 3 opções de preparação inicial do material, logo após a poda, atividade a ser realizada no pátio de triagem e pré-tratamento.

Identificação da espécie pelo parênquima axial

Caso os galhos de diferentes espécies tenham se misturado, recomenda-se ao menos que os lotes de cada jornada sejam separados, e que as espécies contidas em cada um sejam identificadas. Para auxiliar nessa identificação posterior, bem mais difícil, a depender da capacitação da equipe técnica responsável, recomenda-se utilizar fichas de identificação de espécies. Quando as características visíveis a olho nu não forem suficientes para identificar as espécies do lote, deve-se agrupar os conjuntos das mesmas espécies e usar uma pequena lupa 10x para analisar o parênquima axial (tecido formado por células geralmente cilíndricas ou prismáticas orientadas paralelamente ao maior eixo da árvore, que funciona como uma “impressão digital” da espécie) de um exemplar de cada conjunto.

Parênquima axial da tipuana