Secagem e Tratamento

O tratamento preservativo é essencial para garantir que a madeira tenha uma vida útil prolongada mantendo suas propriedades físicas. Para evitar que sejam atacadas por organismos destruidores de madeira, como cupins, fungos ou crustáceos, cada peça de madeira deve passar por processos que envolvem desde o pré-tratamento até a aplicação de compostos preservantes em sua superfície e/ou por todo o seu volume.

Alguns cuidados básicos são recomendados para evitar o ataque de organismos xilófagos e aumentar a durabilidade da madeira:

  • Evitar utilização da madeira diretamente em contato com o solo;
  • Evitar utilização em ambientes úmidos;
  • Secagem até ponto crítico* (por volta de 20% de umidade);
  • Empregar algum tipo de tratamento preservativo da madeira.

Organismos Xilófagos

Organismos xilófagos

São agentes destruidores de madeira, e são classificados da seguinte forma:

Cupins, mais sérios agentes destruidores de madeira; cerca de 2000 espécies no Brasil; vivem em colônias. Podem ser divididos entre subterrâneos e não-subterrâneos:

  • Subterrâneos: vivem no solo, atacam madeira com maior teor de umidade;
  • Não-subterrâneos: se estabelecem na própria madeira, geralmente (relativamente) seca e são mais comuns em ambientes urbanos.

Macrofungos, estabelecidos na madeira através de esporos levados pelo vento e produzindo hifas, que penetram pela superfície até o cerne. O apodrecimento ocorre devido a atuacao de enzimas, compostos químicos produzidos pelo fungo;

Crustáceos e moluscos, agentes destruidores marítimos que escavam ou furam a madeira utilizada em contato com água do mar;

Fungos manchadores/mofos, não apodrecem a madeira mas a mancham, provocando descoloração profunda ou superficial, sendo manchas azuladas mais frequentes; desvalorizam a peça. 

Processos prévios ao tratamento

  • Via de regra, o primeiro passo para a utilização de produtos em madeira deverá ser a observação do ambiente em que será o produto será empregado (umidade, presença de agentes xilófagos, contato com o solo/com a água etc);
  • Salvo exceções pontuais, a madeira deve sempre ser descascada, cortada e seca antes de ser tratada com compostos preservativos;
  • Esses processos devem ser efetuados para maximizar a absorção das soluções utilizadas pela superfície e interior de cada peça;
  • Caso o corte ocorra após o tratamento (e a depender do tratamento utilizado), partes internas da madeira com menor penetração de preservantes podem ficar expostas a ataques.

Secagem da madeira

É um dos processos mais importantes para o tratamento preservativo da madeira. Através dela a madeira, com muito menor umidade, fica menos suscetível ao ataque de insetos e fungos xilófagos, e torna-se mais resistente ao apodrecimento. A madeira deve ser seca até por volta de 20%, chegando no seu ponto de umidade mínima para uso. Os processos de secagem envolvem fase manual e industrial. Inicialmente os troncos são empilhados em área seca, sem luz solar direta, acima do solo (com base de madeira tratada ou outro material) e em forma de grade, permitindo a ação do vento. A madeira deve ficar empilhada por de 3 a 6 meses, a depender da espécie e da época do ano, para chegar na sua umidade ideal para uso.

Em processos industriais, as madeiras são colocadas para secagem em um compartimento de forno, com temperatura pouco acima de 100ºC (para evaporação da água interna) mas controlada para evitar incendiar a matéria sólida. 

Esquema de entabicamento da madeira para secagem ao tempo.

Preservantes da madeira

Os preservantes ou preservativos de madeira são empregados para prolongar a vida útil de produtos em madeira. São produtos químicos tóxicos que buscam envenenar a madeira para impedir que sirva de alimento para agentes xilófagos. Seu uso se faz necessário porque há uma umidade mínima que cada peça de madeira deve reter, além de que, muitas vezes, as peças serão utilizadas em contato com solo e água, sendo expostas a fungos e insetos. Para serem considerados preservantes eficazes, os compostos devem apresentar as seguintes características (LEPAGE, 1986):

  • Penetração profunda na madeira;
  • Toxicidade para organismos xilófagos;
  • Baixa evaporação;
  • Baixa lixiviação;
  • Baixa toxicidade ao homem e animais domésticos em sua concentração usual;
  • Não inflamável;
  • Não danoso ao meio ambiente;
  • Baixo custo. 

Tipos de preservantes

Podem ser divididos em duas categorias gerais:

  • Preservativos oleosos ou oleossolúveis: Para o tratamento de madeira usado em contato direto com o solo; mais importantes: creosoto e pentaclorofenol. Ambos bastante tóxicos ao ser humano, de alto custo, e alteram a cor da madeira (para esverdeado). Ambos são obtidos e utilizados em processos industriais.
  • Preservativos hidrossolúveis: Mais modernos, preservantes hidrossolúveis são constituídos pela associação de vários sais. Têm facilidade de transporte, elevada segurança no manuseio, e representam elevada parcela dos produtos consumidos no tratamento de madeiras. 

Métodos de aplicação dos preservantes

O tratamento preservativo da madeira pode ser feito em:

  • Processos com pressão ou industriais, que utilizam grandes recipientes cilíndricos de aço onde, com o uso adequado de vácuo e pressão, produtos químicos com propriedades preservativas são injetados no interior da madeira;

○Ex: secagem à forno industrial; autoclave (injeção à vácuo)

  • Processos sem pressão ou caseiros, processos simples que dispensam o uso de equipamentos sofisticados e podem ser efetuados pelos próprios interessados em utilizar ou vender a madeira.

Ex: difusão; substituição de seiva; pincelagem; pulverização