Neurogastroenterologia

Sigla: MGT5772 – 1

 

Nome: Neurogastroenterologia e Motilidade Digestiva

Área: Ciências em Gastroenterologia (5168)

Datas de aprovação:
CCP: 10/10/2013 CPG: 13/02/2014 CoPGr:
Data de ativação: 13/02/2014 Data de desativação:

Carga horária:
Total: 60 h Teórica: 5 h Prática: 16 h Estudo: 9 h
Créditos: 4 Duração: 2 Semanas

Responsáveis:
1772567 – Tomás Navarro Rodriguez – 13/02/2014 até data atual

Objetivos:
A Neurogastroenterologia engloba o estudo das interações entre o cérebro e trato digestivo. A avaliação das suas interações se torna importante para o entendimento dos Distúrbios de Motilidade e Funcionais do Trato Gastrointestinal, consequentemente melhor direcionamento em relação ao diagnóstico e tratamento dessas enfermidades.

Justificativa:
A Neurogastroenterologia e a Motilidade do Trato Digestivo compreendem distúrbios gastrointestinais muito frequentes na área da Gastroenterologia.
A Neurogastroenterologia engloba o estudo das interações entre o cérebro e o trato digestivo. Suas interações apresentam relevância para o entendimento e direcionamento dos Distúrbios da Motilidade e Funcionais do Trato Gastrointestinal.
Na ausência de biomarcadores específicos da doença, cada uma das síndromes é classificada pelos sintomas e pela ausência de outras condições que podem ser responsáveis pelos sintomas. Apesar do prognóstico benigno, as doenças
gastrointestinais funcionais podem afetar a qualidade de vida, no que diz respeito à saúde, tanto quanto as doenças orgânicas. A fisiopatologia das doenças gastrointestinais funcionais ainda não é totalmente compreendida, mas essas doenças são
caracterizadas por alterações nas interações bidirecionais entre o cérebro e o trato digestivo, com contribuições variáveis da percepção elevada de sinais vitais pelo sistema nervoso central (hipersensibilidade visceral) e sinalização alterada do sistema nervoso para o trato gastrointestinal, através da atividade do sistema nervoso autônomo. Cada
categoria diagnóstica da doença gastrointestinal funcional é definida por critérios sintomáticos que incluem diferentes subconjuntos de pacientes que exibem diferentes padrões de alterações do eixo cérebro-intestinal e que resultam em
várias anomalias da secreção, função imunológica, sensibilidade visceral e motilidade gastrointestinal. Dentre os Distúrbios de Motilidade e Funcionais do Trato Gastrointestinal podemos citar, entre os mais frequentes a
Doença do Refluxo Gastroesofágico, a Dispepsia Funcional, a Síndrome do Intestino Irritável e a Constipação Intestinal. A Doença do Refluxo Gastroesofágico apresenta grande prevalência, acometendo 12,5% da população brasileira. Além
dos sintomas altamente incomodativos, das complicações (dentre as quais se destaca o esôfago de Barrett que é considerada lesão pré-cancerosa) e do comprometimento da qualidade de vida dos pacientes é importante considerar o seguinte: 1) as manifestações típicas e atípicas da enfermidade requerem conhecimento detalhado de sua fisiopatologia
a qual, infelizmente, apresenta numerosos aspectos a esclarecer e; 2) os métodos diagnósticos, embora com elevada especificidade, não têm sensibilidade igualmente elevada como, por exemplo, 50% relativos ao exame endoscópico.
Tendo em vista as considerações acima, programou-se o presente curso que visa discutir criticamente a fisiopatologia e diagnóstico da DRGE e apresentar propostas de investigação. É importante destacar que a DRGE não apresenta um marcador diagnóstico. Recentemente o estudo do espaço intercelular da mucosa esofágica tem se mostrado um passo interessante nesse sentido. Com efeito, este parece ser um
fator importante no desencadeamento de sintomas quando o exame de endoscopia digestiva alta é normal e o paciente apresenta sintomas. O mecanismo, no entanto, que faz com que esse espaço esteja dilatado ainda é controverso, pois
pode ocorrer a dilatação do espaço consequente à destruição das tights junctions ou, a desidratação celular levando ao aumento desse espaço. Estudos têm sido realizados com gradiente de osmolaridade da célula e alterações do
mecanismo de transporte iônico no epitélio celular. Estes aspectos constituem, na verdade um campo aberto para discussões e novas investigações, podendo futuramente fazer parte dos recursos diagnósticos da DRGE de forma mais efetiva e com maior acurácia. Não menos importante para análise e discussão é a controversa associação da DRGE com Helicobacter pylori (Hp). A resposta do hospedeiro é essencial na patogênese da infecção pelo Hp. Esta reação imune Th1 tende a ser mais agressiva e relacionada com o aparecimento de lesão gástrica. Uma hipótese para a falta de doenças associadas a esta
bactéria na África, apesar de alta prevalência bacteriana, seria o predomínio de resposta imune Th2 em negros africanos, provavelmente, facilitada por infestações helmínticas ou predisposição genética induzida pela malária. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o padrão da resposta do hospedeiro tenderia a ser parecido com a do
africano, já que são comuns infestações helmínticas em nosso meio, além da presença de número elevado de pacientes com ascendência africana. Tais fatos poderiam levar a menor inflamação fúndica, mesmo com cepas mais agressivas
(cag A+), diminuindo pouco sua capacidade secretora. Existem ainda outras variáveis que controlam a resposta imune. Um exemplo importante com relação à capacidade genética de promover maior ou menor inflamação é o gene IL-1beta.
Tão importante quanto às doenças funcionais do trato digestivo alto estão as do trato digestivo baixo como a Síndrome do Intestino Irritável (SII) e a Constipação Intestinal. Na SII estudos de imagens cerebrais em sugerem respostas
melhoradas tanto para a dor visceral esperada quanto para o real, incluindo as regiões do cérebro relacionadas ao processamento sensorial, interesse emocional e modulação cognitiva. Assim como, as alterações nas respostas neuroendócrinas em pacientes com SII podem ser refletidas por níveis plasmáticos alterados de hormônio
adrenocorticotrófico e cortisol.

Conteúdo:
O curso é dividido em dois módulos:
Módulo 1. Neurogastroenterologia e Motilidade Esofágica e Gástrica
Neste módulo serão enfocadas as alterações da motilidade esofágica, suas inter-relações com o cérebro como, por exemplo: alterações do sono em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), entre outras. Serão abordados os mecanismos que fazem com que os pacientes tenham vômitos frequentemente. Dor torácica de origem
não cardíaca, DRGE não-erosiva, Pirose funcional, Disfagia e o papel das alterações auto-imunes como mecanismo do sistema nervoso central na aclasia idiopática. Também, serão enfocadas as alterações da motilidade gástrica e suas inter-relações com o trato digestivo e sintomatologia do paciente como na gastroparesias diabéticas ou não e dispepsia
funcional.
Avaliação e indicações e contra-indicações dos efeitos dos probióticos em doenças do trato disgestivo e sistêmicas.
Módulo 2. Neurogastroenterologia e Motilidade Intestinal e Anal
Entendimento da serotonina na motilidade intestinal em especial na síndrome do intestino irritável. Avaliação das
alterações no Sistema Nervoso Central em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável.
Avaliação e indicações e contraindicações dos efeitos dos probióticos em doenças do trato digestivo e sistêmicas.
Avaliação da constipação intestinal crônica refratária e interpretação de seus padrões alterados quanto ao tempo de
trânsito: inércia colônica ou obstrução funcional distal (ou “de saída”). No padrão funcional distal serão enfocadas
causas como a síndrome da contração paradoxal do puborretal ou anismo, a síndrome da descida excessiva do períneo,
retocele, enterocele e prolapso interno (ou intussuscepção) do reto.

 

Bibliografia:
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Forma de avaliação:
Os alunos serão avaliados segundo sua frequência nas aulas teóricas e práticas e nos seminários. Será considerada
também a participação ativa dos alunos nas aul
Observacão:
não consta.