Identificando a produção intencional de lascas de pedras: um comparativo entre artefatos humanos e de macacos-prego

A colaboração do Laboratório de Evolução Cultural (PSE-IPUSP) e da ONG NeoPrego (Neotropical Primates Research Group) com colegas de diversas instituições européias (incluindo a Universidade de Oxford e o Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, de Leipzig) no projeto “Arqueologia Primata” envolveu a utilização de técnicas da arqueologia humana no exame de evidências arcaicas do uso de ferramentas líticas por primatas não-humanos – chimpanzés, cinomolgos e, no nosso caso, macacos-prego (Sapajus libidinosus).

As escavações realizadas no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) resgataram, até o momento, ferramentas datadas de até 3 mil anos (Haslam et al 2016, Haslam et al 2017, Falótico et al 2019).

Um desdobramento curioso destas pesquisas foi a descoberta de que as atividades percussivas de “pedras contra pedras” dos macacos-prego resultam, ocasionalmente, na produção (não-intencional, até onde sabemos) de lascas – o que implicou, na perspectiva da arqueologia  (Proffitt et al 2016) em um problema peculiar, já que lascas produzidas  por outros primatas  poderiam colocar em questão as origens de artefatos tradicionalmente atribuídos à atividade intencional de humanos.

O presente artigo, publicado no Journal of Archaeological Science apresenta estudos comparativos entre as lascas produzidas pelos macacos-prego, lascas e núcleos experimentalmente produzidos e amostras líticas do Plio-Pleistoceno (Desfiladeiro de Olduvai, Tanzânia), buscando identificar evidências distinguindo lascas acidental ou intencionalmente produzidas, como seria o caso – baseado nestas comparações – das lascas de cerca de 1,7 milhões de anos de Olduvai.

O artigo pode ser acessado através do seguinte link

 

Por: Henrique Rufo, para PPGPSE, 16/05/2023