Novo método para pesquisa em comportamento de gatos, a Ciência cidadã síncrona

Fazer estudos durante a pandemia foi um desafio para pesquisadores de comportamento animal. Inúmeros trabalhos incorporaram elementos da ciência cidadã, que envolve o público geral noprocesso da pesquisa científica. Na ciência cidadã são as pessoas de fora da Universidade quecoletam os dados de um estudo.

Uma pesquisa sobre comportamento de gatos domésticos, inicialmente prevista para ser feita de forma presencial, precisou se adaptar à quarentena e usou uma abordagem criativa e inovadora para a coleta de dados, com resultados bastante interessantes. As pesquisadoras denominaram o método de “ciência cidadã síncrona”.

Em fevereiro de 2023, as pesquisadoras Naila Fukimoto e Natalia Albuquerque, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e a professora Carine Savalli Redigolo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicaram um artigo na revista Journal of Veterinary Behavior sobre a aplicação desse novo método em pesquisas com gatos.

O artigo apresenta o resultado da aplicação do novo método em uma amostra piloto com cinco gatos. O experimento foi conduzido durante uma videochamada e duas interações humano-gato foram gravadas, uma com o alimento predileto do gato e outra com um brinquedo novo, que foi enviado pelas pesquisadoras para ser o mesmo objeto para todos os gatos participantes.

O objetivo era comparar como o gato se comportaria nessas duas interações altamente motivadoras. O diferencial desse método é contar com a presença virtual da pesquisadora durante todo o experimento, dessa forma garantindo que todas as instruções sejam seguidas. A orientação e o monitoramento foram fundamentais para a padronização do procedimento e precisão dos dados obtidos.

Na ciência cidadã, o participante é o responsável por seguir um roteiro, filmar e enviar os dados ao pesquisador, já neste novo método (ciência cidadã síncrona), quem coleta o dado é o próprio pesquisador, que está presente virtualmente durante todo o procedimento, em conjunto com o(a) tutor(a) do gato. A pesquisadora orienta o experimento e grava a vídeo chamada, enquanto o participante realiza a tarefa proposta com seu gato.

“O criativo método deu tão certo, que foi adotado para conduzir a pesquisa na amostra total, que incluiu 48 duplas de tutores e gatos, com grande sucesso e confiabilidade dos dados”, comenta Carine. De acordo com Natalia, gatos são animais que geralmente ficam estressados ao sair de casa e podem mudar seu comportamento em um ambiente desconhecido. “Com a ciência cidadã síncrona, o bem-estar dos participantes, das pesquisadoras, e principalmente dos gatos foi priorizado, uma vez que esses animais puderam participar da pesquisa em seu ambiente familiar com o mínimo de perturbação, o que também garantiu que os comportamentos exibidos por eles durante o experimento fossem espontâneos e naturais”, complementa Naila.

Segundo as autoras, o diferencial do método é contar com a presença virtual da pesquisadora durante todo o experimento, garantindo, dessa forma, que todas as instruções sejam seguidas. A orientação e o monitoramento foram fundamentais para a padronização do procedimento e precisão dos dados obtidos.

“O criativo método deu tão certo, que foi adotado para conduzir a pesquisa na amostra total, que incluiu 48 duplas de tutores e gatos, com grande sucesso e confiabilidade dos dados”, comenta Carine Redigolo.

De acordo com Natalia, gatos são animais que geralmente ficam estressados ao sair de casa e podem mudar seu comportamento em um ambiente desconhecido. “Com a ciência cidadã síncrona, o bem-estar dos participantes, das pesquisadoras e, principalmente, dos gatos, foi priorizado, uma vez que esses animais puderam participar da pesquisa em seu ambiente familiar com o mínimo de perturbação, o que também garantiu que os comportamentos exibidos por eles durante o experimento fossem espontâneos e naturais”, complementa Naila Fukimoto.

O artigo pode ser encontrado neste link.

Mais informações: e-mail nailafukimoto@usp.br, com Naila Fukimoto; carine.savalli@unifesp.br, com Carine Savalli Redigolo, e nsalbuquerque@gmail.com, com Natalia Albuquerque

Jornal da USP, 30/3/2023.

Texto: Redação
Arte: Gabriela Varão