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Matéria publicada no Jornal da USP no dia 25 de junho de 2024 traz uma entrevista da Dra Camila Huanca, pesquisadora do NuTes.

Texto: José Adryan Galindo (Jornal da USP)

O Núcleo de Telessaúde e Teleodontologia (NuTes) da Faculdade de Odontologia (FO) da USP está colaborando com a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde para levar serviços de saúde bucal a distritos sanitários em áreas indígenas. No dia 10 de junho, Camila Huanca, representante do NuTes, viajou para São Félix do Araguaia, cidade próxima ao Parque do Araguaia, entre Tocantins e Mato Grosso. Durante sua visita, ela participou da capacitação das equipes de profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) que atuam nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).

Este projeto é parte da implementação da Estratégia de Telessaúde do Programa SUS Digital do Ministério da Saúde, que visa fortalecer a saúde digital para atender povos originários e populações negligenciadas, vulneráveis e geograficamente isoladas em todo o Brasil. A SEIDIGI, através do Departamento de Saúde Digital e Inovação, está promovendo a telessaúde nos DSEI. O NuTes, com o suporte da Coordenação-Geral de Saúde Bucal da Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde está envolvido na qualificação dos profissionais de saúde bucal. A iniciativa busca facilitar a utilização da teleodontologia, especialmente para os profissionais que trabalham em áreas remotas.

Nos DSEI, a telessaúde permite que as unidades de saúde locais realizem exames e os enviem para unidades especializadas para análise, evitando o deslocamento dos pacientes. Além disso, profissionais locais podem receber instruções pela internet, o que acelera diagnósticos e tratamentos. A implementação da telessaúde e teleodontologia está em andamento nos DSEI Araguaia, Xingu e Xavante. Camila Huanca, que é descendente de povos originários, participou das reuniões com lideranças indígenas e da capacitação dos profissionais de saúde nos territórios.

Em entrevista ao Jornal da USP, ela comentou sobre a experiência: “Esta ação nos DSEI tem sido extremamente valiosa e gratificante, especialmente por minha ascendência Aymara. Vejo um grande potencial na telessaúde para beneficiar populações vulneráveis e isoladas geograficamente”, afirmou a pesquisadora. Além disso, o projeto permitiu ao Núcleo de Teleodontologia da FO coletar dados essenciais para avaliar a situação local, incluindo as necessidades de formação dos dentistas dos DSEI.

A comunidade indígena local tem mostrado grande entusiasmo com a introdução das novas tecnologias. Nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) visitados pelo projeto este mês, para receber atendimento médico era necessário deslocar o indígena até a capital, uma jornada de mais de 10 horas de carro, o que desmotivava muitos a completar os tratamentos. Além disso, os altos custos com combustíveis também eram um obstáculo significativo.

A pesquisadora relatou que a implementação das tecnologias pela SEIDIGI tem sido discutida e apresentada às lideranças indígenas. “Durante essas visitas, ficou claro como é crucial o engajamento das lideranças, como os presidentes do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) e o coordenador do DSEI de cada distrito visitado. Este é um passo inicial fundamental, pois essas lideranças serão responsáveis por envolver as comunidades, explicando em suas línguas como a telessaúde funciona e mostrando que o atendimento especializado pode ser realizado na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI)”, destacou a pesquisadora.

Edmundo Tapirapé, presidente do Condisi do Araguaia, expressou as expectativas da comunidade local: “Para nossos parentes e companheiros indígenas, isso é algo novo. É um mecanismo realmente inovador. Eles acreditam que a telessaúde trará melhorias, pois houve capacitação dos profissionais. Doutores, enfermeiros e odontólogos que atuarão nas áreas (DSEI) estão começando a perceber os benefícios da telessaúde e dessa colaboração. Além disso, ao invés de precisar viajar para a capital, o tratamento poderá ser feito aqui mesmo na região, o que representa um avanço significativo para diagnosticar e tratar doenças na nossa comunidade”, afirmou ao Jornal da USP.

Edmundo também mencionou que outro aspecto positivo do programa é a possibilidade de os pacientes permanecerem próximos de suas famílias durante as consultas e tratamentos. “Os pacientes veem que estarão perto da família e não precisarão se deslocar constantemente. Isso aumenta a disposição para seguir com o tratamento”, acrescentou o líder indígena.

A iniciativa, parte do Programa SUS Digital, é coordenada pelo Departamento de Saúde Digital e Inovação da Secretaria de Informação e Saúde Digital, dirigido pela professora da FO Ana Estela Haddad. O programa tem como meta estabelecer 17 centros de telessaúde em DSEI até o final do ano e adicionar mais 17 centros em 2025.

Fonte: Jornal da USP. Ministério da Saúde e USP levam telessaúde a distritos sanitários indígenas.

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